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Com carreira autoral, Céu estreia álbum de intérprete

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Fotos de Cassia Tabatini

A cantora e compositora Céu acaba de disponibilizar “Um Gosto de Sol”, primeiro álbum em que ela se coloca apenas como intérprete, dando voz a uma dúzia de canções escritas por outros autores — após cinco trabalhos autorais. Produzido por Pupillo, o álbum é resultado do impacto da pandemia na vida da artista.

“Em julho do ano passado, Céu me procurou para ajudar na escolha deste repertório. Mas muito do que acabou sendo gravado e está na versão final de ‘Um Gosto de Sol’ já constava da primeira lista que ela me apresentou, feita com a ajuda de Pupillo, seu marido e produtor, e de Edgard Poças, seu pai. É um projeto particularmente pessoal. E a semente que motivou sua concepção foi justamente a falta de motivos para compor um álbum autoral naquele momento de isolamento e de paralisia do mercado”, afirma o jornalista e produtor Marcus Preto, que assina o release de lançamento do projeto.

“O samba está representado no álbum em cinco períodos bem distintos, temporal e esteticamente. Dessa linhagem, a seleção de canções parte da basilar tríade de compositores Ismael Silva, Lamartine Babo e Francisco Alves, parceiros em ‘Ao Romper da Aurora’, samba gravado por Ismael em 1957. Visita a obra autoral de João Gilberto em ‘Bim Bom’, pequena joia lançada pelo genial cantor como lado B do compacto simples de 1958 que tinha como lado A a faixa ‘Chega de Saudade’ e inaugurava a Bossa Nova. Passa pela fase mais envenenada da dupla Antonio Carlos e Jocafi em “Teimosa”, de 1973, que na nova versão ganhou backing vocais de Russo Passapusso, do BaianaSystem. Segue com uma Alcione de 1979, ‘Pode Esperar’, composição de Roberto Corrêa e Sylvio Son, que já imprimia ares feministas ao discurso da diva maranhense. E deságua no pagode 2000 com “Deixa Acontecer”, canção de Carlos Caetano e Alex Freitas estourada pelo grupo Revelação, de Xande de Pilares, que Céu leva aqui em sensacional dueto com Emicida”, escreve Preto.

O pop nacional está representado no álbum por “Chega Mais”, parceria de Rita Lee e Roberto de Carvalho lançada originalmente em 1979. Aliás, este é o primeiro single a ser liberado. Faixa que batiza o álbum, “Um Gosto de Sol” é uma parceria de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos pinçada do clássico álbum “Clube da Esquina”, de 1972. Outro destaque é “Feelings”, composta em inglês pelo brasileiro Morris Albert em 1974 — canção que ganhou o mundo de maneira avassaladora e foi gravada por estrelas do jazz e do pop mundial, de Nina Simone a Caetano Veloso, de Offspring a Joe Pass.

Da mesma maneira que o samba, o pop internacional também é abordado por Céu em suas mais diferentes facetas em “Um Gosto de Sol”. O álbum traz uma versão quase bossa nova para a psicodélica “May This Be Love”, do clássico álbum gravado por Jimi Hendrix em 1967, “Are You Experienced”. Passa pelos anos 1980 em “Paradise”, composição de Andrew Hale, Stuart Matthewman, Paul S. Denman e Sade Adu que puxou o álbum “Stronger Than Pride”, sucesso mundial de Sade em 1988. E chega à década de 1990 com dois nomes fundamentais: Fiona Apple, autora de “Criminal”, de 1997; e os Beastie Boys, donos de “I Don’t Know”, do ano seguinte.

“Também foram criadas para o álbum duas vinhetas instrumentais: “Sons de Carrilhões”, de João Pernambuco, e “Salobra”, de Andreas Kisser, Pupillo, DJ Nyack e Céu — só para desmentir quem disser que não há nada autoral no setlist. Ambas ganharam a adesão e os beats do DJ Nyack”, relata Marcus Preto.

Assista ao clipe da versão de Céu para “Chega Mais”, hit de Rita Lee:

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