O “Rei” Roberto Carlos já foi criticado algumas vezes pela falta de engajamento político e de se abster de externar posições mais firmes com relação a temas sociais. Diferentemente de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Fagner, por exemplo, Roberto prefere nem sempre tomar partido, sobretudo em tempos de polarização e ódio, como vivemos atualmente.
No entanto, o cantor e compositor mais popular do país lançou alguns grandes sucessos entre os anos 1970 e 1980 que, se não falavam diretamente sobre os feitos (ou defeitos) do governo militar e da elite da época, criticavam a ganância, a falta de preocupação com o próximo, o descuido com o meio ambiente, os animais e as tribos indígenas. Em alguns casos, com versos claros, como em “O Progresso” (de 1976), dele e Erasmo Carlos: “Eu queria gritar que esse tal de ouro negro não passa de um negro veneno / E sabemos que por tudo isso vivemos bem menos / Eu não posso aceitar certas coisas que eu não entendo / O comércio das armas de guerra, da morte vivendo…”
Em “O Ano Passado” (1979), outro clássico da dupla, os versos são igualmente contundentes: “O mar quase morre de sede no ano passado / Os rios ficaram doentes com tanto veneno / Diante da economia / Quem pensa em ecologia / Se o dólar é verde é mais forte que o verde que havia…”. Também fazem parte do grupo de canções “reflexivas” compostas pela dupla e lançadas por Roberto “As Baleias” (de 1981, com versos como “Seus netos vão te perguntar em poucos anos / Pelas baleias que cruzavam oceanos…”), “Águia Dourada” (1987) e “Amazônia” (1989).
Portanto, Roberto Carlos pode até ser considerado low profile, pouco se manifestar politicamente, mas é inegável que, ao lado de seu parceiro mais recorrente, fez críticas duras e importantes ao abordar temas e questões em suas letras que hoje, 40 anos depois (em alguns casos), continuam super atuais, impactando a sociedade nos mesmos moldes ou de forma pior que naquela época.
Relembre “O Progresso”, uma das músicas de “protesto’ do “Rei” Roberto Carlos: