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Thiago Arancam em turnê com “Bela Primavera”


O primeiro encontro de Thiago Arancam com a música se deu no coral Canarinhos, do Colégio Liceu Coração de Jesus, em São Paulo. Ali, entre um clássico e outro da música popular, o menino também foi apresentado a trechos de ópera. Foi quando percebeu a facilidade para empostar sua voz, ainda sopranina – como a de qualquer criança. Com o passar dos anos, o futuro tenor vivenciou a primeira transição daquilo que seria uma brilhante carreira: a mudança da voz. “Antes deste amadurecimento, eu já havia descoberto que ‘cantar’ seria minha profissão. Que era minha paixão. Só não sabia ainda se seria barítono, baixo ou tenor”, lembra o artista.

A segunda transição veio muito tempo depois, já com o tenor consagrado internacionalmente. Depois de ganhar diversos prêmios e brilhar durante 15 anos nos principais palcos europeus, interpretando 17 papéis principais em grandes óperas, Thiago lançou seu primeiro álbum pop, Il Mondo. Com ele, a inevitável pergunta: por que alguém com uma carreira consolidada na música erudita internacional se aventuraria em outro universo musical? “Porque a música não tem limite”, responde. “Na ópera, canto músicas de compositores consagrados e dou vida a grandes histórias. Porém, sentia falta de ser reconhecido como o dono de uma canção ou de um repertório. É na carreira popular que o artista descobre seu estilo, seu ‘RG artístico'”, explica.

Lançado em 2015, o primeiro projeto popular de Thiago teve produção de Dudu Borges. Abriu as portas do mercado brasileiro para o cantor e foi grande sucesso de crítica no Canadá, França e em outros países. A gravação do disco foi considerada um grande desafio para o tenor. “Sair do conceito totalmente erudito e mergulhar no universo popular não é fácil. Conseguimos realizar um projeto com boa aceitação, o que me deixou muito contente. Por outro lado, como não foi um trabalho autoral e não teve músicas inéditas, continuei um pouco incomodado por novamente ter sido apenas um intérprete”, diz.

Bela primavera, álbum que o cantor lançou oficialmente no último dia 15 de setembro, no Teatro Castro Alves, em Salvador, solucionou a questão. “A experiência vivida com Il Mondo foi uma sementinha para o novo disco. Entendi que a passagem de um estilo para outro não pode ser brutal. Bela primavera é um crossover entre o lírico e o pop. É um projeto mais sólido e com o qual me identifiquei bem mais”, conta. Gravado entre Praga (orquestra) e São Paulo (vozes), o disco tem produção assinada por Maycon Ananias, profissional que já trabalhou com Maria Gadu e Tiago Iorc. E traz seis faixas inéditas, incluindo uma composição de Thiago (em parceria com Ananias e Jorge Zarath) e a canção que dá nome ao álbum, composta pela cantora Paula Fernandes especialmente para o tenor. Paula ainda faz dueto em Céu de Santo Amaro, clássico de Flávio Venturini e uma das três regravações do repertório. Para Thiago, a releitura foi uma escolha mais do que acertada. “A canção une o barroco com uma letra espetacular. Ainda tive a sorte de ter a Paula comigo no estúdio”, comemora. O single ganhou um videoclipe, gravado pelo casal na Itália, com direito a paisagens exuberantes do Mar Mediterrâneo. As outras regravações são Hallelujah e Strani amori. Duas obras-primas, segundo Thiago, que “ilustram muito bem a transição de universos presentes no álbum”.

SHOWS NO EXTERIOR

O show baseado em Bela primavera percorrerá grandes cidades do país. No repertório, as novas canções e sucessos de Eros Ramazotti, Queen, Coldplay e U2. Além de uma surpresa para os fãs de cada capital visitada. “Farei sempre um bloco com músicas típicas do local ou de artistas célebres de lá. Mas o repertório não fugirá de minha essência. Teremos arranjos bem arrojados, tudo muito pensado e seguindo esse processo de crossover”, adianta.

O espetáculo também deve ganhar palcos internacionais. Segundo Anselmo Costa, responsável pelo marketing artístico do cantor, é natural que esta novidade na carreira de Thiago atravesse fronteiras. “Ele já é referência no mundo da ópera há 15 anos. E agora investe num crossover deste gênero com sucessos do pop nacional e internacional, fórmula que deu muito certo com o grupo Il Volo e até mesmo com Andrea Bocelli. Como a Novo Palco (produtora de Thiago) já conta com uma grande estrutura na Europa, não será difícil realizar uma bela turnê por lá”, projeta.

Quanto à carreira lírica do tenor, os fãs de ópera podem ficar sossegados. Thiago assegura que um projeto não exclui o outro. “Tenho alguns compromissos já firmados no exterior, mesmo em meio aos shows que devem acontecer no Brasil. Então, a carreira não para em lugar nenhum”, afirma, complementando: “comparo essa situação a um pai com dois ou mais filhos. O carinho é o mesmo para todos. Só que às vezes ele precisa dedicar mais atenção a um do que a outro. Mas se puder andar de mãos dadas com os dois, andará”.

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