Escrita pela jornalista e cronista norte-americana Holly George-Warren, chega ao Brasil o livro “Janis Joplin: Sua Vida, Sua Música”, no ano em que se completa o cinquentenário da morte de uma das mais icônicas figuras do rock de todos os tempos. O peso na letra unida à rouquidão e a emoção na voz de Janis Joplin dão o tom da carreira da emblemática artista. Mas por trás da figura mítica, há uma vida carregada de transgressões, quebras de paradigmas, frustrações amorosas e dissabores familiares, como pode-se constatar na obra, que por aqui sai pela editora Seoman.
Para relatar a vida da cantora, a autora, que co-escreveu o best-seller “A Estrada Para Woodstock”, e que também é especialista em biografias de rock, recorreu a familiares da cantora, amigos, colegas de banda, pesquisou arquivos, diários, cartas e entrevistas há muito perdidas. Ela faz, sobretudo, um perfil minucioso detalhando os passos de Janis até a overdose acidental de heroína, em 4 de outubro de 1970, que a levaria à morte, quando Janis tinha apenas 27 anos de idade.
De acordo com a autora, a biografia consolida Janis como vanguardista musical. Uma mulher rebelde, dona de grande astúcia e personalidade complexa, que rompeu regras e desafiou todas as convenções de gênero em sua época, abrindo caminho para as mulheres poderem extravasar suas dores e revolta no cenário artístico sem serem tão oprimidas pelo universo machista existente no meio musical.
Janis se notabilizou com o rock, mas transitava com facilidade por outros ritmos, como blues, o soul e o folk-rock. Sua carreira solo teve poucos anos de existência, mas foi capaz de notabilizar canções como “Mercedes Benz”, “Get It While You Can” e “Me and Bobby McGee”. Entretanto, sua erudição, empenho e talento combinados não transformaram a cantora no símbolo que representa. “Por sua influência e por seu próprio trabalho perene, Janis Joplin permanece no coração de nossa música e de nossa cultura”, afirma a autora.
Responsável por dar fim à tônica de opressão e machismo que pairavam no mundo àquela época, Janis Joplin expunha sem medo suas convicções sobre temas como sexualidade e a psicodelia. E sua música, atitude e coragem influenciaram artistas contemporâneos a ela e gerações futuras. “Antes da passagem um tanto breve de Janis Joplin pelo sucesso, teria sido difícil para várias artistas encontrarem um modelo feminino comparável à beatnik de Port Arthur, Texas. A mistura de musicalidade confiante, sexualidade impetuosa e exuberância natural, que produziu a primeira mulher estrela do rock dos Estados Unidos, mudou tudo”, conta Holly George-Warren na introdução da obra.
A forma como Janis transmitia emoção, em um canto que ia da melancolia à rebeldia, era e sempre será único. Sua voz rouca, que todos conhecem, revela uma alma que sofria e buscava refúgio na heroína. Outro fator que marcou sua vida, também retratado no livro, foi a busca incessante pelo amor. Ela que nunca foi capaz de ter um relacionamento sólido e duradouro, e dessa forma buscou uma maneira de aliar a sua carreira com o sonho de constituir uma família, levando-a ao seu triste fim.
Conheça um pouco de Janis Joplin — cantando “Piece of My Heart”: