A década passada foi um período importante para a indústria da música, com grandes transformações, investimentos em tecnologia e mudanças na forma de consumo. “No Brasil, a gestão coletiva da música — composta pelas associações Abramus, Amar, Assim, Sbacem, Sicam, Socinpro e UBC e o Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) — participa ativamente de todos os rumos que essa indústria vem tomando ao longo dos anos”, informa o press release distribuído aos jornalistas pelo Ecad, órgão que está lançando nesta segunda-feira mais uma edição do relatório “O que o Brasil ouve”.
Desta vez, o relatório aponta conquistas importantes e históricas para a classe artística nos últimos dez anos e as preferências musicais dos brasileiros neste período, com destaque para a ascensão ainda maior do sertanejo, gênero musical que desde os anos 1990 vem ocupando o espaço principal na grade de shows, rádios e, mais recentemente, também no ambiente online. O gênero ganharia novas vertentes na última década, com a solidificação do sertanejo universitário e do forronejo. Foram produzidos rankings musicais com as músicas mais tocadas nos segmentos de Rádio e Show em 2011 e 2020, que mostram a mudança no gosto musical no país. Em 2011, das 20 músicas mais tocadas em rádios, 13 foram canções internacionais, mas o sertanejo já aparecia. Em 2020, no ranking deste segmento, a grande maioria das 14 canções brasileiras estava relacionada ao gênero.
O estudo apresenta o crescimento de mais de 130% dos valores distribuídos em direitos autorais na última década. Foram distribuídos mais de R$ 8,2 bilhões para 470 mil compositores, artistas e demais titulares de música nos últimos 10 anos. O aumento da quantidade total de titulares contemplados em 2020 foi expressivo, representando um crescimento de 183,9% na última década. Os valores anuais também aumentaram significativamente, muito por conta do esforço do órgão e das associações na fiscalização e cobrança junto a setores que usam a música, mas que por vezes não pagam os direitos sobre esta utilização. Em 2011, por exemplo, foram arrecadados 540 milhões aos autores; em 2019, esse valor foi superior a 1,1 bilhão e no ano passado, mesmo com a pandemia da Covid-19, o montante foi de 905 milhões.
Também estão no relatório informações sobre a consolidação das novas formas de utilização musical, com o avanço do digital, e um balanço da atuação das associações de música e do Ecad. Fazem parte ainda do relatório as ações emergenciais e de auxílio adotadas durante a pandemia do coronavírus que ajudaram milhares de compositores e artistas. “Esse relatório mostra a trajetória da música no Brasil e os caminhos que a gestão coletiva da música percorreu para fortalecer esse mercado na última década, comprovando a importância do trabalho que vem sendo realizado. Todos esses dados apontam que devemos seguir firmes na direção da luta pela valorização dos direitos autorais da classe artística. Já tivemos muitas conquistas ao longo dos anos, principalmente pelo apoio dos compositores e artistas, e seguiremos nesse propósito nas próximas décadas”, diz Isabel Amorim, superintendente executiva do Ecad.
Essa é a terceira edição do relatório “O que o Brasil ouve”, produzido pelo Ecad. O primeiro foi lançado em março deste ano, com informações sobre a participação das mulheres na música em todo o Brasil. O segundo foi apresentado no mês de setembro com dados sobre o impacto da pandemia no mercado de shows e eventos. O relatório completo sobre a música na última década com todos os números e os rankings de músicas pode ser consultado neste link