Mais uma vez o uruguaio Jorge Drexler, representante da música latina que prima muito mais pelas letras tocantes do que “onomatopeias líricas” e batidas feitas apenas para dançar — o que, obviamente, também é válido para alguns –, foi o grande vencedor do Latin GRAMMY 2022, cuja cerimônia de premiação foi realizada nesta quinta-feira, em Las Vegas, Estados Unidos.
O uruguaio, que recentemente lotou o Vibra São Paulo, na capital paulista — como aliás ocorre sempre que ele faz tours pelo Brasil — levou nada menos que sete gramofones pra casa. Entre eles, nas categorias Gravação do Ano e Canção do Ano, por “Tocarte”, gravada com o rapper espanhol C. Tangana e presente no recente álbum “Tinta y Tiempo”, e na categoria Canção em Língua Portuguesa, por “Vento Sardo”, gravado com Marisa Monte e presente no álbum “Portas”, da cantora brasileira. Ao receber o Latin GRAMMY nesta categoria, ele falou de sua relação com a música do Brasil — “aprendi a falar português ouvindo discos de MPB quando era pequeno” — e citou com pesar a morte de Gal Costa, ocorrida na semana passada. A Laras, organizadora do prêmio, também prestou uma homenagem póstuma à cantora baiana.
Três brasileiros foram premiados em categorias gerais, aquelas que contam com a participação de profissionais de todos os países latinos: o bandolinista Hamilton de Holanda, com seu álbum “Maxixe, Samba, Groove”, na categoria Álbum de Música Instrumental; o arranjador Sergio
Assad, por “Anido’s Portrait: I.Chacarea”, na categoria Melhor Obra/Composição Clássica Contemporânea e a pianista Eliane Elias, cujo álbum “Mirror Mirror”, gravado com o cubano Chucho Valdés e americano Chick Corea, venceu na categoria Melhor Disco de Jazz Latino.
Antes da cerimônia principal, a Laras, organizadora da premiação, realizou Premiere, quando é feito o anúncio da maior parte das categorias da premiação, incluindo as dedicadas à língua portuguesa. Liniker venceu como Melhor álbum de MPB, com “Indigo Borboleta Anil”. “Hoje algo histórico acontece para a história do meu país. É a primeira vez que uma artista transgênero ganha um GRAMMY”, disse Liniker. Ludmilla, conhecida por seu trabalho no funk, levou o prêmio na categoria “Melhor Álbum de Samba/Pagode” por “Numanice 2”, vencendo concorrentes como Péricles e Martinho da Vila.
Na categoria Música Sertaneja, Chitãozinho e Xororó foram mais uma vez vencedores, agora com o álbum “Legado”. Alceu Valença foi premiado pelo álbum “Senhora Estrada”, na categoria Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa. Erasmo Carlos levou o gramofone por “O Futuro Pertence A… Jovem Guarda”, como Melhor Álbum de Rock ou Música Alternativa, enquanto o jovem grupo carioca Bala Desejo surpreendeu ao vencer como Melhor Disco de Pop Contemporâneo por “Sim Sim Sim”. Já na categoria Melhor Álbum de Música Cristã, o vitorioso foi mineiro Eli Soares, com o projeto “Laboratório do Groove”.
Vale citar ainda entre os principais vencedores desta edição o porto-riquenho Bad Bunny, que levou cinco gramofones das dez indicações que recebeu, incluindo o prêmio de Melhor Fusão/Interpretação Urbana com “Tití Me Preguntó” e a espanhola Rosalía, que conquistou quatro prêmios, entre eles Álbum do Ano, por “Motomami”. A brasileira Anitta, que foi uma das apresentadoras na cerimônia principal — ao lado de Laura Pausini, Luis Fonsi e Thalia –, levou o público ao delírio ao apresentar seu sucesso “Envolver”, música que alcançou o primeiro lugar no Spotify Global (feito até então inédito para um artista brasileiro). A faixa concorria em duas categorias, porém não saiu vencedora.