“Erasmo Carlos era diretor da UBC, uma honra para esta sociedade, especialmente num ciclo em que ambos completaram 80 anos de existência. Foi Prêmio UBC em 2018 (foto acima), homenageado por seus pares compositores e intérpretes. Uma noite memorável, um privilégio para todos os presentes. Sua obra com Roberto Carlos faz parte do DNA da América Latina, rompeu fronteiras, paredes fictícias, gerações sucessivas. Sua obra mais particular, própria, era facilmente reconhecível, contemporânea, inclusiva. Atraiu novos parceiros, cativou e cultivou novas referências, amizades, terrenos, influências.
Erasmo era generoso e corajoso de forma extrema, com senhas e sinais próprios de um gigante. Foi invisibilizado e inviabilizado em alguns momentos de sua carreira, teve superação e inspiração até seus minutos finais. Tinha um olhar atento e paciente para o novo. Cada dia queria falar menos do passado, flertava com o futuro como um menino.
Curioso, serenamente inquieto, Erasmo era uma lição em pessoa. Aprendemos muito com seu jeito, seu silêncio, sua preocupação com o próximo, com o coletivo. Construiu uma obra que permanece, aliada do tempo e de templos que poucos deuses visitam. Tinha a simplicidade e a genialidade de poucos.
Erasmo era um cronista de nosso tempo, que falava coisas do cotidiano e do amor de maneira que todos entendiam e com as quais se identificavam. Era um ser humano amoroso, atento, generoso, amigo de todas as horas, camarada. Era o Lennon de McCartney, o eterno parceiro do Rei Roberto.
No seu trabalho solo, desenhou uma identidade única, mas sempre aglutinadora, principalmente magnética e acolhedora para as novas gerações. Erasmo era uma brasa e uma brisa gentil, um gigante que crescia no coração de todos nós e que nos vai deixar um vazio proporcional”. (Por Marcelo Castello Branco, CEO da União Brasileira de Compositores-UBC).