Destaque

Com Emicida, Aragão recria “Identidade”, hino contra o racismo

“Se preto de alma branca pra você / É o exemplo da dignidade / (Isso) não nos ajuda, só nos faz sofrer / Nem resgata nossa identidade…”. Foi com esses e outros versos que o bamba Jorge Aragão transformou um momento de desabafo num verdadeiro grito contra o racismo, ao compor no início dos anos 1990 a canção “Identidade”.

Lançada originalmente em 1992, como parte do álbum “Chorando Estrelas”, a música acaba de ser relida e recriada, com novo trecho e novos arranjos, além da participação do rapper Emicida. O dueto, que chega nesta sesxta-feira no ambiente digital, ganha também outro título, de “Identidade Preta”, que foca em temas de ancestralidade.

A faixa dá continuidade ao projeto “Identidade”, que faz uma viagem inesquecível por alguns sons de Aragão e reforça o compromisso do sambista em ressignificar o samba ao lado de grandes nomes do rap nacional, consolidando uma ponte entre gerações e estilos musicais. E chega, desta vez, conectando o lirismo afiado de Emicida com a musicalidade singular de Jorge Aragão, dando destaque ao protagonismo da arte negra na valorização de sua história e cultura.

O projeto também reúne outros sucessos já conhecidos de Aragão, como “Malandro”, “Cabelo Pixaim”, “Preto Cor Preta”, “Coisa de Pele”, “Moleque Atrevido”, que ganharam nova roupagem e trechos inéditos compostos por artistas como L7nnon, Xamã, Djonga, entre outros. “Prestigiados são aqueles que usam a arte como luta. E eu fico feliz em saber o que fiz pela música. Temos a cor da noite, somos filhos de todo açoite, mas podemos construir diariamente novos caminhos. Seguimos unidos, mais fortes e mais lindos”, reflete o poeta do samba, ao falar sobre o projeto.

A iniciativa de Aragão se deu 2023, no mês da consciência negra, chamando atenção para o fato de que o 20 de novembro não se trata apenas de um dia no calendário, apesar do importante simbolismo trazido pela morte de Zumbi dos Palmares, no mesmo dia e mês, em 1695. “O projeto ‘Identidade’ revisita o passado, por causa das músicas que carregam história e abordam essa temática, mas, ao mesmo tempo, faz essa conversa com artistas novos, jovens e engajados em nossa luta”, conclui o sambista.

Ouça “Identidade Preta”, com Jorge Aragão e Emicida:

Topo