Com 31 anos de carreira (em 1993, aconteceu o lançamento de seu primeiro álbum), Gabriel O Pensador segue se dividindo entre muitas atividades mas, como desde sempre, a música permanece sendo o carro-chefe de sua carreira. No momento, ele comemora a indicação de sua música “Cachimbo da Paz 2” (feat. Lulu Santos e Xamã) ao Latin GRAMMY 2024, na categoria Melhor Performance Urbana em Língua Portuguesa.
A música faz parte do mais recente álbum do cantor/rapper, “Antídoto Pra Todo Tipo de Veneno”, que também teve outras faixas com boa performance nas plataformas — casos de “Liberdade” e “Nunca Tenha Medo”. O show atual tem o mesmo título do álbum. No repertório, além de faixas do projeto, ele canta grandes sucessos de sua carreira de três décadas, como “Cachimbo da Paz”, “Se Liga Aí”, “Festa da Música Tupiniquim”, “Pátria Que Me Pariu”, “Rap do Feio”, “Astronauta” e “2345meia78”.
Ao contrário de artistas mais jovens, surgidos já na era digital e apresentados à música por meio de downloads e streaming, Gabriel ouvia LPs e fitas cassete na adolescência e viu sua carreira deslanchar no período áureo do CD. Como todos os artistas de sua geração, teve sua formação musical influenciada exatamente pelo produto que hoje considera (mercadologicamente falando) “ultrapassado”: o disco.
Em 2018, num resgate até certo ponto emotivo, o cantor aceitou o pedido do Portal Sucesso e relacionou dez álbuns marcantes em sua história e carreira. Confira!
Nós vamos invadir sua praia (Ultraje a Rigor):
“Tenho por obrigação incluir nessa lista alguns discos do chamado ‘RockBrasil’. Na infância e pré-adolescência, ouvia muito Ultraje, Paralamas, Plebe Rude, Titãs… Prestava muita atenção nas letras. A partir de ‘Nós vamos invadir…‘ e de outros LPs de rock, tive o interesse de descobrir letristas brasileiros de outros gêneros, como a MPB”.
As aventuras da Blitz 1 (Blitz):
“Outro clássico desse movimento roqueiro nacional. Com um estilo bem particular e inovador. Quando eu tinha uns 10, 11 anos, comecei a fazer umas musiquinhas. E elas eram meio faladas, inspiradas exatamente na Blitz e no rock desta época”.
Cabeça dinossauro (Titãs):
“Mais um grande disco desta época, que eu ouvi muito e que também mostra que a minha relação com a música tem a ver, acima de tudo, com as letras. O show do Titãs foi o primeiro que eu vi na vida, na matinê de uma discoteca chamada Mamute, no Rio. Acho que eu tinha uns 12 anos”.
Thriller (Michael Jackson):
“Eu era bem novinho quando essa obra-prima foi lançada. Até hoje, não há um substituto para o Michael. Ele era um showman, um artista diferenciado, que respirava música. Sem falar que, a partir desse disco, os clipes passaram a ter outra importância no mundo da música”.
Legião Urbana (Legião Urbana):
“Poderia ter citado outros discos da Legião, mas fico com esse primeiro da discografia dela. Histórico. Muitos anos depois, fiz uma homenagem ao grupo usando o sample do refrão de Pais e Filhos (“é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”) na canção Palavras Repetidas (do álbum Cavaleiro andante). O título foi retirado de um verso de outra canção da Legião, Quase Sem Querer”.
Trilha sonora do filme “Beat Street”:
“Esse filme foi muito marcante pra mim. A trilha era muito boa e, com ela, fui apresentado ao hip hop e ao breake dance. Graças ao filme, também conheci a cultura do grafite”.
Straight Outta Compton (NWA) e Fear Of A Black Planet (Public Enemy) e “Fear of a Black Planet” (Public Enemy):
“Já na adolescência, ouvi pela primeira vez os discos do Public Enemy e do NWA. Foram minhas principais referências na época. As letras dessas bandas, juntamente com as canções do Bob Marley, fizeram a minha cabeça. Fizeram eu me posicionar, à época, em relação ao mundo. Eu me encontrei por meio da música que ouvia e passei a escrever”.
Raio X do Brasil (Racionais MC’s):
“Também conheci o trabalho do Racionais na adolescência. Ouvir aqueles primeiros discos de rap na nossa língua foi fundamental pra mim. Eu estava escrevendo minhas primeiras letras e vi que era possível fazer aquilo em outro idioma, que não o inglês das bandas que ouvia até então”.
Survival (Bob Marley):
“Deixei esse álbum pro final, porque Bob Marley foi minha grande inspiração numa época em que estava descobrindo a força e a beleza da música. Ele me mostrou que um compositor tem a liberdade de falar de guerra e racismo, mas também sobre coisas simples da vida, como amor e natureza. Poderia ter escolhido não um, mas dez discos de sua obra”.