Destaque

Gabriel O Pensador relaciona 10 álbuns importantes para sua carreira

Aproximando-se dos 25 anos de carreira (contando o lançamento de seu primeiro álbum, em 1993), Gabriel O Pensador segue se dividindo entre muitas atividades mas, como desde sempre, a música permanece sendo o carro-chefe de sua carreira. Não é de se estranhar, portanto, o sucesso alcançado pelo single mais recente do cantor, Tô feliz (Matei o presidente) 2. Homônima ao primeiro grande hit do artista carioca, gravado ainda em 92, antes de seu disco de estreia, a nova versão troca Fernando Collor de Mello por Michel Temer como “vilão” da vez. O video oficial da canção precisou de apenas duas semanas para alcançar a marca de seis milhões de views e superar as visualizações do clipe de Fé na luta, sucesso lançado pelo rapper há mais de um ano.

Gabriel conta que não estava propenso a escrever uma nova “Tô feliz“, embora muitos fãs lhe cobrassem algo do gênero já há um bom tempo. Porém, as medidas recentes tomadas pelo governo em relação à exploração da Amazônia fizeram o artista mudar de ideia. “Foi o estopim pra eu pegar a caneta e fazer a letra. A canção nasceu, como todas as outras, por uma demanda por respeito. O que a gente quer é mais seriedade e menos impunidade”. E antes que alguém pergunte se outros presidentes recentes também não “mereciam” canções, Gabriel lembra que vem escrevendo músicas de protesto contra os problemas do país em todos os governos que vieram depois de Collor. “Após o impeachment dele, lancei Abalando, com um protesto contra a censura e uma intimação pra gente não aceitar as coisas calados. Em 95, no meu segundo disco, tinha FDP. Fiz outras canções marcantes sobre corrupção, como Pega ladrão, no escândalo do painel das votações, e Chega, lançada pouco antes do Temer assumir a presidência”, enumera.

Embora não lance um disco de inéditas há quatro anos – hiato que será explicado logo adiante – Gabriel tem realizado mais shows no Brasil e no exterior do que há alguns anos. “A agenda nunca esteve vazia, mas depois de lançar o álbum Sem Crise, em 2013, caí na estrada direto, com uma turnê bem longa. Depois, impulsionado pelos meus últimos singles, continuei me apresentando bastante por aqui e em Portugal”, conta. Somente em 2017, Gabriel esteve três vezes na Terrinha e também fez shows na Inglaterra, Austrália e Nova Zelândia. Nas apresentações fora do país, o artista diz sentir uma emoção redobrada ao subir ao palco. “Mesmo no exterior, a galera conhece as músicas novas. Além disso, tem a oportunidade de cantar comigo sucessos de outras épocas. Percebo a emoção tomar conta das pessoas e me arrepio com isso”, entusiasma-se.

Entre as faixas novas da atual turnê, aparecem singles inéditos em discos. Fato que ilustra o momento profissional de Gabriel. “Minha maneira de produzir se baseia atualmente em criar e logo depois divulgar. Até pensei em fazer um álbum com calma, ou DVD, pra celebrar 25 anos de carreira. Mas não curtiria fazer um disco com dez músicas e deixá-las na gaveta, esperando pra lançá-las. Isso está ultrapassado. Desde que gravei Chega, me acostumei com esse ‘sistema’. Vieram depois Cacimba de Mágoa (sobre o desastre ambiental em Mariana/MG), com o Falamansa, e Muito Orgulho, Meu Pai, que também lancei num video muito emocionante. Nestes dois últimos casos, não faria nenhum sentido esperar sair um disco pra lançar as músicas. Elas perderiam o momento certo”, analisa.

Ao contrário de artistas mais jovens, surgidos já na era digital e apresentados à música por meio de downloads e streaming, Gabriel ouvia LPs e fitas cassete na adolescência e viu sua carreira deslanchar no período áureo do CD. Como todos os artistas de sua geração, teve sua formação musical influenciada exatamente pelo produto que hoje considera (mercadologicamente falando) “ultrapassado”: o disco.

Num resgate até certo ponto emotivo, o cantor aceitou o pedido de Show Business+SUCESSO! e relacionou dez álbuns marcantes em sua história e carreira. Confira!

Nós vamos invadir sua praia (Ultraje a Rigor)


 
“Tenho por obrigação incluir nessa lista alguns discos do chamado ‘RockBrasil’. Na infância e pré-adolescência, ouvia muito Ultraje, Paralamas, Plebe Rude, Titãs… Prestava muita atenção nas letras. A partir de ‘Nós vamos invadir…‘ e de outros LPs de rock, tive o interesse de descobrir letristas brasileiros de outros gêneros, como a MPB”.

As aventuras da Blitz 1 (Blitz)


 
“Outro clássico desse movimento roqueiro nacional. Com um estilo bem particular e inovador. Quando eu tinha uns 10, 11 anos, comecei a fazer umas musiquinhas. E elas eram meio faladas, inspiradas exatamente na Blitz e no rock desta época”.

Cabeça dinossauro (Titãs)


 
“Mais um grande disco desta época, que eu ouvi muito e que também mostra que a minha relação com a música tem a ver, acima de tudo, com as letras. O show do Titãs foi o primeiro que eu vi na vida, na matinê de uma discoteca chamada Mamute, no Rio. Acho que eu tinha uns 12 anos”.

Thriller (Michael Jackson)


 
“Eu era bem novinho quando essa obra-prima foi lançada. Até hoje, não há um substituto para o Michael. Ele era um showman, um artista diferenciado, que respirava música. Sem falar que, a partir desse disco, os clipes passaram a ter outra importância no mundo da música”.

Legião Urbana (Legião Urbana)


 
“Poderia ter citado outros discos da Legião, mas fico com esse primeiro da discografia dela. Histórico. Muitos anos depois, fiz uma homenagem ao grupo usando o sample do refrão de Pais e Filhos (“é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”) na canção Palavras Repetidas (do álbum Cavaleiro andante). O título foi retirado de um verso de outra canção da Legião, Quase Sem Querer“.

Trilha sonora do filme Beat Street


 
“Esse filme foi muito marcante pra mim. A trilha era muito boa e, com ela, fui apresentado ao hip hop e ao breake dance. Graças ao filme, também conheci a cultura do grafite”.

Straight Outta Compton (NWA) e Fear Of A Black Planet (Public Enemy)


 
“Já na adolescência, ouvi pela primeira vez os discos do Public Enemy e do NWA. Foram minhas principais referências na época. As letras dessas bandas, juntamente com as canções do Bob Marley, fizeram a minha cabeça. Fizeram eu me posicionar, à época, em relação ao mundo. Eu me encontrei por meio da música que ouvia e passei a escrever”.


 
Raio X do Brasil (Racionais MC’s)


 
“Também conheci o trabalho do Racionais na adolescência. Ouvir aqueles primeiros discos de rap na nossa língua foi fundamental pra mim. Eu estava escrevendo minhas primeiras letras e vi que era possível fazer aquilo em outro idioma, que não o inglês das bandas que ouvia até então”.

Survival (Bob Marley)


 
“Deixei esse álbum pro final, porque Bob Marley foi minha grande inspiração numa época em que estava descobrindo a força e a beleza da música. Ele me mostrou que um compositor tem a liberdade de falar de guerra e racismo, mas também sobre coisas simples da vida, como amor e natureza. Poderia ter escolhido não um, mas dez discos de sua obra”.

Clique para comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Topo