Um dos destaques entre os brasileiros premiados na edição do Latin GRAMMY deste ano — cuja cerimônia aconteceu na última quinta-feira, 19 — foi o músico, cantor, compositor e produtor Cláudio Jorge. O artista carioca, que completa em 2020 71 anos de vida e 51 de carreira, levou o troféu na categoria Melhor Álbum de Samba/Pagode (com o disco “Samba Jazz, De Raiz”), categoria em que concorria com Maria Bethânia (álbum “Mangueira, a Menina dos Meus Olhos”), Martinho da Vila (“Martinho 8.0 – Bandeira da Fé: Um Concerto”), Zeca Pagodinho (“Mais Feliz”) e Moacyr Luz com Samba do Trabalhador (“Fazenda Samba”).
Para Cláudio Jorge o samba e o jazz tem a mesma origem, a mesma força universal, capaz de tocar qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo. “Os pretos que fundaram o samba são os pretos que fundaram o jazz, expressões de negros africanos na diáspora. Se o Brasil fosse uma potência, a música americana é que sofreria influências do nosso samba”, afirma ele, sobre o produto lançado pela Mills Records. “O samba vai para onde ele quiser ir, tem vida própria porque está muito além de ser apenas um ritmo. O samba é trilha sonora de um estilo de vida. Por isso é eterno, pois é o dia a dia de muita gente, é um potente lugar de fala”.
Ao todo, o projeto (capa acima) reúne 15 faixas, sendo 13 inéditas. “Trata-se de um disco autoral, de canções, mas inspirado no universo dos conjuntos instrumentais dos anos 60, originários de bailes, estúdios e gafieiras, que misturavam samba e procedimentos do jazz”, como escreveu o jornalista Hugo Sukman no texto de apresentação do disco, lançado no ano passado. Antes de vencer com “Samba Jazz, De Raiz”, que conta com Fatima Guedes, Ivan Lins, Mauro Diniz e Frejat como convidados, Cláudio Jorge já havia sido indicado ao GRAMMY Latino de Melhor Álbum de Samba/Pagode, em 2002, com “Coisa de Chefe”.
Cláudio Jorge iniciou no mundo da música como violonista de ícones como Ismael Silva e Cartola. Logo depois, trabalhou com Nelson Cavaquinho, Clementina de Jesus, Simone, Renato Russo, Ney Matogrosso, Leny Andrade, Alcione, Leila Pinheiro, Fátima Guedes, João Donato, Lecy Brandão, Beth Carvalho, Ivan Lins, Fundo de Quintal, João Nogueira e Martinho da Vila, com quem se apresenta até hoje. Claudio Jorge também fez parte da primeira formação do grupo Batacotô (premiado nos anos 1990) e é um dos fundadores do selo Carioca Discos.
Ouça a faixa-título do álbum de Cláudio Jorge vencedor do Latin GRAMMY 2020: