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A mais que merecida homenagem da UBC a Alaíde Costa

Paula Lima, presidente da UBC, e Simoninha entregam o Troféu Tradições a Alaíde Costa

Uma das mais importantes artistas brasileiras, a cantora e compositora Alaíde Costa foi homenageada na última quinta-feira (20) pela União Brasileira de Compositores (UBC), que entregou a ela Troféu Tradições UBC, em evento realizado na Casa de Francisca, na cidade de São Paulo.

Com apresentação de Paula Lima, diretora-presidenta da associação de autores, a premiação, criada em 2022, que visa consagrar grandes movimentos culturais brasileiros e seus representantes, celebrou em sua terceira edição “a trajetória dessa artista de 88 anos e resgatou a memória de uma história de apagamento”, como diz o press release.

“Não tenho palavras que posam traduzir esse momento, sabe? É muito lindo chegar aqui, depois de tantos anos, e já no final da vida. Estou com 88, sei lá até quando eu vou… mas (é lindo) ter o reconhecimento agora, muito gratificante. Tem uma música do João Bosco, que inclusive eu canto, que diz que eu me virei sozinha, comi o pão todinho que o diabo amassou, mas estou aqui”, declarou Alaíde Costa ao receber o troféu das mãos de Paula Lima e do cantor Simoninha, diretor do evento que, além da entrega de prêmios, teve um show em homenagem à artista.

Um dos destaques da noite foi a canção “Aos Meus Pés” (João Bosco e Francisco Bosco), presente no álbum “O Que Meus Calos Dizem Sobre Mim”, produzido por Marcus Preto e Emicida e lançado em 2022. Assim como tem sido resgatada por jovens produtores, também no palco da Casa de Francisca ela fez questão de receber jovens músicos para participações no show que apresentou após receber o Troféu Tradições. Quando cantou a faixa citada, Emicida se juntou a ela e cantou versos improvisados falando da “mulher preta responsável por impulsionar os grandes nomes da bossa nova que, depois, a esqueceram”.

“Apesar de ser a primeira e principal voz da bossa nova, foi deixada escanteada. Isso é um reflexo do machismo e da questão racial e de gênero. Uma mulher negra não fazia parte daquele movimento naquele momento…”, lembrou Paula Lima em sua apresentação.

Alaíde iniciou sua carreira profissional em 1955, como crooner do dancing Avenida, no Rio de Janeiro. Lá, cantava samba-canção, tango, blues, samba, bolero… de tudo! A partir de 1957, gravou diversos discos de 78 rotações, compactos simples e duplos. Em 1959, levada por João Gilberto, deu as mãos aos jovens compositores da bossa nova. Em seu primeiro LP, intitulado “Gosto de Você”, entre as doze canções, ela gravou composições de Dolores Duran, João Donato e João Gilberto, Ronaldo Bôscoli, Carlos Lyra, Tom Jobim e Vinicius de Moraes, entre outros.

Acompanhados por Gabriel Deodato (violão e direção musical), Emerson Marciano (baixo) e Vitor Cabral (bateria), subiram ao palco para o tributo, além de Emicida, os convidados Marcelo Lima (filho da cantora, que cantou “Meu Sonho”, de Alaíde e Johnny Alf), Simoninha (“Sabe Você”, de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes), Zé Manoel (“Me Deixa em Paz”, de Monsueto e Airton Amorim), Ayrton Montarroyos (“Samba em Prelúdio”, de Baden Powell e Vinicius de Moraes) e a própria Paula Lima (“Dindi”, de Tom Jobim).

Com voz impecável, energia de sobra e muito bom humor, Alaíde Costa cantou ainda “Voz de Mulher” (Sueli Costa / Abel Silva), “Cala, Meu Amor” (Tom / Vinicius), “A Dama de Vermelho” (Pedro Caetano / Alcyr Pires Vermelho), “Amigo Amado” (Alaíde Costa / Vinicius de Moraes), “Retrato em Branco e Preto” (Tom Jobim / Chico Buarque), “Travessia” (Milton Nascimento / Fernando Brant), “Recado à Minha Amada” (Salgadinho (Katinguelê) / Juninho), “Eu te Odeio” (Fátima Guedes) e, no bis, “Onde Está Você”.

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