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Bethânia em álbum-tributo a Clarice Lispector

bethania mangueira

Produzido pelo Selo Sesc em homenagem ao centenário da escritora Clarice Lispector, comemorado em dezembro de 2020, o projeto “Clarice Clarão”, produção que integra uma série de ações e programas do Sesc São Paulo de valorização da cultura brasileira e divulgação de novos artistas nacionais, conta com as vozes de Beatriz Azevedo e Moreno Veloso, que assinam a produção musical com composições próprias e de outros artistas. Em formato digital, a obra traz participação especial de Maria Bethânia no single “Água Viva”, que estreia nesta sexta-feira, dia 6, nas principais plataformas de streaming.

No disco, Beatriz e Moreno reúnem música, teatro e poesia para construir uma narrativa em contato profundo com a obra da escritora, que nasceu na Ucrânia e veio ao Brasil ainda bebê, onde viveu, primeiro em cidades do nordeste e depois no Rio de Janeiro, onde morreu em 1977. Essa mescla de artes é um tipo de inspiração que se fez presente também na obra de Caetano Veloso e Bethânia, quando em contato com Clarice. Em “Água Viva”, Bethânia lê trecho do romance homônimo de autora. Uma obra primorosa que dá conta dessa característica sempre presente na autora homenageada: a fusão entre delicadeza e contundência.

clarice lispector

Por ocasião da participação de Maria Bethânia no projeto de Beatriz Azevedo e Moreno Veloso, Caetano Veloso escreveu: “Chamam Bethânia para dizer um trecho de pausa, de dissipação das trevas, de nascimento, como se sua voz fosse inevitável depois da expressão “grande demais”. Sobre a escritora que marcou a história da literatura brasileira, Bethânia lembra do privilégio de ter Clarice Lispector na plateia de “Rosa dos Ventos”, espetáculo em que atuava em 1971, sob direção de Fauzi Arap. Ao final da peça, a escritora teria dito “Faíscas no palco!”, elogio enormemente bem-vindo a uma admiradora e intérprete dos escritos clariceanos.

Além de Bethânia e Caetano, outros nomes importantes da MPB manifestaram com frequência admiração e respeito ao trabalho de Lispector. Tom Jobim sempre citava sua obra, Cazuza compôs “Que o Deus Venha” para Cássia Eller baseado num texto dela e Chico Buarque por inúmeras vezes afirmou ser seu fã e amigo pessoal. No último livro dele, “Anos de Chumbo”, mistura ficção e depoimento pessoal num conto dedicado à grande escritora.

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