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Box reúne 12 álbuns físicos do início da carreira de Gil

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Para celebrar os 80 anos de Gilberto Gil (completados dia 26 de junho passado), a Universal Music está lançando um box com 12 CDs reunindo a obra gravada pelo artista durante sua primeira década de carreira na gravadora Philips, entre 1967 e 1977. O box “Gilberto Gil 80 Anos” (capa acima) repõe no mercado discos antológicos que estão há muito tempo fora de catálogo, com cuidadosa reprodução da arte original dos álbuns, letras das músicas e um texto sobre cada trabalho assinado pelo jornalista e produtor musical Thiago Marques Luiz.

A fase Philips é considerada a mais emblemática da discografia de Gilberto Gil e reúne álbuns antológicos que marcaram e delinearam a carreira do artista que conseguiu através de cada trabalho imprimir uma identidade única à sua música.  Cada álbum tem uma sonoridade específica e reflete o momento criativo de Gil, como se fosse uma fotografia do momento.

É o caso do álbum de estreia, “Louvação” (1967), que funcionou como um cartão de visitas de um compositor que já estava aparecendo através de algumas gravações com Elis Regina, Maria Bethânia e Elizeth Cardoso, que é o primeiro da caixa.  Foi nele que Gil se firmou como intérprete de personalidade das suas próprias obras.

O disco seguinte, que ficou conhecido como o álbum do fardão (por conta da foto da capa) já traz um Gilberto Gil consagrado pelo “Domingo no Parque”, do Festival da Record, e totalmente imerso no movimento tropicalista que ele criou com Caetano Veloso e as bases musicais do Rogério Duprat e dos Mutantes. Um clima que prosseguiu no trabalho seguinte, gravado pouco antes do artista ser exilado em Londres, em 1969. Nele, Gil aprimorou sua arte, incorporando-a ao experimentalismo que norteou seus próximos trabalhos.

Está no box também o disco em inglês gravado em 1971, em Londres, com forte influência do som que Gil estava absorvendo naquela época, principalmente o rock de Jimi Hendrix. À época, plena ditadura militar no Brasil, Gil estava exilado na capital inglesa, na companhia de Caetano Veloso. Todas as canções são em inglês, sem nenhuma música “comercial” que pudesse ser trabalhada naquele momento pela Philips brasileira nas rádios. A parte instrumental do álbum foi basicamente toda gravada por Gil (violão, guitarra e percussão) e a parceria musical com Jorge Mautner, que também estava em Londres nessa época, nasceu com a explosiva “Crazy Pop Rock”, que encerra o álbum.

Expresso 2222', de Gilberto Gil, completa 40 anos com edição remasterizada  - Rede Brasil Atual

De volta ao Brasil, em 1972, fez “Expresso 2222”, considerado pela crítica uma de suas maiores obras. Gravado em 1972, em São Paulo, no estúdio Eldorado (o primeiro do Brasil a ter 16 canais), com abertura instrumental da Banda de Pífanos de Caruaru em “Pipoca Moderna”, é um trabalho que reconectou Gil às raízes mais brasileiras de sua música. Isso ficou marcado logo de cara com as releituras de dois grandes sucessos de Jackson do Pandeiro (“Chiclete com Banana” e “O Canto da Ema”), grande ídolo da juventude de Gil e uma influência que permeou a parte rítmica de sua música.

De volta também neste box o álbum duplo “Cidade do Salvador” (1974), que permaneceu inédito até o lançamento em 1998, na  caixa “Ensaio Geral”. Marcou um período que Gil estava inspiradíssimo, compondo muito. Originalmente, o álbum que se chamaria “Umeboshi” teve seu lançamento abortado por causa da agenda de Gil, na época. Outros destaques são os álbuns “Refazenda” (1975) e “Refavela” (1977) que foram os dois últimos trabalhos de Gil pela Philips e que depois de alguns anos, na saída de Gil da gravadora, foram incorporados ao catálogo da gravadora Warner Music. Enquanto “Refazenda” é um disco inteiramente voltado para suas raízes nordestinas, “Refavela” se firmou dentro uma estética que misturou o pop e referências afro, que foram assimiladas pela viagem que Gil fez à Nigéria, naquela época. Completam o box, quatro álbuns ao vivo: “Gilberto Gil ao Vivo” (1974), gravado no Tuca, em São Paulo, “Gilberto Gil ao Vivo na USP” (1973), “Doces Bárbaros” (o famoso disco duplo com Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia, de 1976) e “Refestança” (1977), com Rita Lee.

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