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Em single, João Bosco fala da natureza e dos índios

joão bosco e francisco

Uma parceria inusitada entre pai e filho. Assim pode ser definido o novo single do cantor e compositor João Bosco, “O Canto da Terra por um Fio”, escrito com seu filho Francisco Bosco, filósofo e comentarista no programa “Papo de Segunda”, do canal GNT. “Quando me dei por satisfeito ao chegar no fim dessa canção (fonemas, sonoridades, ainda despidos de tradução e sentido) disse pra mim mesmo: é uma canção que vem do chão, da terra, do suor, do barro do chão, da fauna, da flora, do Poço Fundo — onde as pessoas vivem, trabalham, preparam a terra para semear, cantam em louvor ao que virá”, escreveu em texto o consagrado artista sobre a faixa que chega às plataformas nesta sexta-feira, dia 15. Como em um ritual que invoca os espíritos da floresta, o single é cercado pelos sons dos pássaros, faz exaltação à Omama, divindade criadora dos Yanomamis e versos que falam sobre a luta dos povos originários.

O lançamento antecipa o conteúdo do próximo álbum do artista, que chegará em breve ao mercado através de uma parceria entre o selo MP,B e a Som Livre — aliás, seis anos após o premiado disco “Mano Que Zuera”. A faixa ganhou sensibilidade e força com os arranjos do violoncelista Jaques Morelenbaum. Para Morelenbaum, fazer parte desse lançamento é uma grande honra: “João Bosco é um dos grandes criadores da nossa música, tem uma obra vastíssima com parceiros geniais como Aldir Blanc, e agora vem o Chico Bosco com uma enorme força dramática para fechar o ciclo. A parceria entre pai e filho é uma coisa muito bonita. Então, ser parte desse evento na música brasileira é uma honra gigantesca pra mim. Muito obrigado, João Bosco, e que esse single seja o primeiro de muitos.”

Jaques destaca também sobre o significado da canção: A música fala de criação e destruição, sobre a criação do mundo, sobre a mitologia Yanomami, sobre a asfixia dos rios, a relação do homem com a natureza, sobre aqueles que preservam e os que destroem a natureza e os outros seres humanos”, diz ele. “É uma canção que eu diria Afro-Indígena, ou seja, tem a pegada rítmica/harmônica Afro e uma melodia que remete ao canto da floresta, ao campo, aos bichos, ao chão da terra e àqueles que a habitam… Estamos então numa paisagem de florescimento pois é o que tudo indica. Conversando informalmente como sempre faço com os meus parceiros, nesse caso, com Francisco, ficamos horas a fio a falar sobre tudo isso. Talvez o Brasil seja um dos raros países do mundo onde se pode discutir a Nação por meio de sua música popular. Foi exatamente nessa encruzilhada que o meu parceiro pensando alto disse que nesse momento, de passado bem recente, devíamos interpretar essa situação de uma maneira mais contemporânea: Queimadas, em vez de Florescimento. Distopia em vez de utopia e por aí ia….”

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