Entrevistas

Falamansa comenta novo disco “Lá da Alma”

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Há quase duas décadas defendendo com entusiasmo o forró pé-de-serra e o “legado” de ícones nordestinos, como Gonzagão e Dominguinhos, a banda paulista Falamansa se orgulha de jamais ter se distanciado da sanfona e, principalmente, das mensagens positivas de suas letras. Em seu disco mais recente, Lá da alma (Deck), gravado em 2016, o grupo segue falando de amor e esperança. Composições como Um pouco mais de fé e a faixa-título exaltam a vida, ainda que pontuem condições para melhor aproveitá-la. É o que se vê em versos como “você que quer o bem, se manifeste’ ou “meu escudo é o pensamento bom, nada me atinge”.

Para o vocalista e compositor Tato Cruz, as letras do grupo seguem na contramão do que se ouve atualmente no mercado. “Falar de temas positivos é algo natural para nós. Porém, num cenário como o de hoje, no qual as músicas falam muito em inveja, vingança e bebida, intensificamos os esforços para levar ao público canções que falem de coisas boas. Acho que nesse sentido, Lá da alma é o nosso trabalho mais visceral. E com as letras mais contundentes”. Contundência é o que não falta, por exemplo, a Cacimba de mágoa, faixa que relembra o rompimento das barragens da mineradora Samarco, em Mariana, maior desastre ambiental do país. O clipe da canção, que conta com Gabriel o Pensador, teve um milhão de views no YouTube. Todo o dinheiro arrecadado com o vídeo foi revertido às vítimas da tragédia.

Todas as 14 faixas inéditas de Lá da alma foram compostas pelo vocalista. Algumas em parceria com os amigos Ivo Mozart, Zeider Pires, e Marcelo Mira. São faixas que nascem de encontros regulares no estúdio de Tato, num novo processo de composição para o cantor. “Nos reunimos quase todo mês, transformando o estúdio numa espécie de ‘fábrica de canções’. Tem sido um aprendizado. Compor em parceria faz com que a gente absorva o olhar dos outros. E isso é refletido na qualidade das letras”, filosofa. Uma das mais importantes canções “fabricadas” durante essas reuniões foi Romântico anônimo (parceria com Ivo Mozart, Zeider Pires e Bruno Caliman), sucesso com a dupla Marcos & Bellutti.

Voltando ao álbum Lá da alma, o quarteto planeja divulgar um novo single a partir de deste mês. “Vamos trabalhar Xote ostentação, uma sátira bem humorada sobre as letras de hoje em dia, mas ostentando o amor, que é a maior riqueza do ser humano”, conta o vocalista. Esta e diversas outras canções do disco aparecem no set list do atual show do quarteto. Mas Tato pondera que a turnê se baseia na história do grupo: “A identidade do espetáculo está relacionada a Lá na alma, mas o repertório nada mais é do que uma sinopse dos 18 anos de carreira da banda”, revela.

ALÉM DO “SÃO JOÃO”

Vale lembrar que a agenda do grupo não se limita a festas juninas e feiras agropecuárias. “Mesmo sendo uma banda de um segmento específico, conseguimos trabalhar em todo tipo de evento”, conta Tato. E uma das razões, na visão do artista, recai novamente sobre as letras do quarteto. “As mensagens das músicas não restringem nossa aceitação. Palavras motivadoras são um prato cheio pra eventos corporativos. Ao mesmo tempo, agradam famílias em festas de prefeituras. Outro fator, logicamente, é a dança, que nos favorece em casas noturnas e até mesmo em formaturas. Só neste início de ano, já fizemos quatro. Isso mostra que um novo público da banda está chegando. E com força”, teoriza.

No entanto, o fato de ser há quase 20 anos o principal expoente do forró pé-de-serra contribui para que a temporada de São João ainda seja a melhor época do ano para a Falamansa. “Já temos apresentações confirmadas neste ano em Campina Grande, João Pessoa, Caruaru e Natal”, celebra Tato, antes de deixar claro que qualquer palco tem a mesma importância para a banda. “O mais significativo pra nós, com todos esses compromissos, é a certeza de que o forró sempre estará presente no cenário musical brasileiro. É parte de nossa cultura”.

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