Nascido em Seatle em 27 de novembro de 1942, o músico e compositor Jimi Hendrix tornou-se um mito além de seu tempo. Dono da guitarra flamejante mais famosa do planeta, foi catapultado ao sucesso de forma tão rápida quanto sucumbiu ao vício em drogas – que levou à sua morte prematura aos 27 anos. Apesar de seu estrondoso sucesso, sua verdadeira biografia é pouco conhecida. “Jimi Hendrix: Uma Sala Cheia de Espelhos” (Editora Seoman), do jornalista Charles R. Cross (mesmo autor da biografia de Kurt Cobain e de obras sobre Led Zeppelin e Bruce Springsteen), preenche esta lacuna.
A obra, que chega ao Brasil no mês em que Hendrix completaria 80 anos, traz respostas e curiosidades sobre uma carreira recheada de polêmicas. Charles R. Cross pinta um profundo e fascinante retrato desse gênio da música que conseguiu sair da pobreza para o sucesso, colocar fogo no mundo do rock e inadvertidamente pôr fim em seu próprio talento. Sua biografia mostra de forma crua a imagem quase sobrenatural de um homem que estava destinado a ser um astro.
Uma referência à música “Room Full of Mirrors”, composta em 1968, o título do livro já é uma provocação ao que será desvendado pelo autor e mostra a múltipla personalidade do artista. A canção, que nunca foi lançada oficialmente durante a vida de Hendrix, conta a história de um homem aprisionado em um mundo de reflexos de si mesmo, tão poderoso que o persegue até nos sonhos. Ele se solta ao estilhaçar os espelhos e, ferido pelos cacos de vidro, busca um “anjo” que possa libertá-lo.
Em visita ao pai de Jimi, Al Hendrix, nos anos 2000, o biógrafo do artista viu uma peça de arte, criada pelo músico em 1969, que consistia em uma moldura com cinquenta pedaços de um espelho estilhaçado, engastados em argila, na exata posição que teriam ocupado quando o espelho foi partido. Al Hendrix apontou que “ essa era a Sala Cheia de Espelhos de Jimi”. “Tendo em mãos a manifestação física desse conceito, é impossível não pensar na profunda complexidade do homem que criou essa música”, conta Ross na apresentação da biografia.
Fruto de uma pesquisa profunda que envolveu, inclusive, a redescoberta do túmulo da mãe de Jimi Hendrix, Lucille Hendrix Mitchell, pelo autor, quando ao lado de um coveiro vasculhou as alas de lápides em ruínas em Greenwood Memorial Park (EUA), “Jimi Hendrix: Uma Sala Cheia de Espelhos” (veja abaixo trecho da obra) inclui informações de um ponto de vista até então inédito: a verdade sobre sua saída do serviço militar, um relato alucinante de Woodstock e os detalhes de seus muitos, muitos amores. “Essas e outras curiosidades sobre a vida privada de Hendrix, numa grande reportagem investigativa formatada em livro, que homenageia esse grande ícone da música do século XX’, explica o autor.