No dia 2 de setembro de 2018 o Brasil assistiu ao vivo pela televisão as imagens do incêndio da sede do Museu Nacional, situado na Quinta da Boa Vista/ Rio de Janeiro, que destruiu quase a totalidade do acervo histórico e científico construído ao longo de duzentos anos, com mais de 10 mil itens destruídos pelo fogo e cerca de vinte milhões de itens catalogados. Bombeiros de doze quartéis combateram as chamas.
Um desses bombeiros, o subtenente Davi Lopes, já desenvolvia há alguns anos uma atividade paralela ao seu serviço militar: ele é um luthier, ou melhor, um artesão de instrumentos musicais e sua especialidade é o violão. O curioso é que Davi aproveita madeiras de rescaldo dos incêndios que ele apaga para construir seus violões. Há muitos anos que ele produz instrumentos de alta classe assim, cada violão é feito da madeira que pertencia à uma cama, à uma cristaleira ou à uma mesa de cabeceira que foi parcialmente queimada e estava à caminho do lixo.
Ajudando a apagar o fogo do museu, Davi teve a mesma ideia de sempre, mas dessa vez parecia ser um pouco mais ambiciosa. Ele se juntou à um grupo de jornalistas, artistas, produtores que se auto intitularam “Fênix” e que durante dois anos trabalharam para conseguir as autorizações necessárias e cumprir todas burocracias com o objetivo de realizar o lindo e metafórico sonho de Davi. O projeto deu origem ao documentário “Fênix, o Voo de Davi”, produzido e exibido pela Globo News e atualmente pela Globoplay por streaming.
O cantor e compositor Paulinho Moska é um dos sete integrantes do grupo Fênix e sua canção “Tudo Novo de Novo” foi escolhida como tema principal do filme. Moska também participa do documentário ao lado dos músicos Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Hamilton de Holanda, Nilze Carvalho e Felipe Prazeres. Os seis instrumentos produzidos pertencem ao museu, mas Moska é “padrinho” de dois deles e já fez uma turnê por Portugal em abril e maio de 2022 com sete concertos feitos exclusivamente com os dois violões Fênix.
Intitulado “Paulinho Moska: Os Violões Fênix do Museu Nacional”, o show será mostrado aos cariocas neste fim de semana, com duas apresentações, sexta e sábado, no teatro Rival Refil, no centro da cidade. O show começa com a exibição dos primeiros 15 minutos do documentário num telão no fundo do palco seguido de um repertório composto por grandes sucessos da carreira do cantor/compositor, como “Tudo Novo de Novo”, “A Seta e o Alvo”, “Pensando em Você”, “A Idade do Céu”, “Lágrimas de Diamantes”, “Último Dia” e “Muito Pouco”, além de uma música inédita do mestre Pixinguinha que ganhou letra escrita recentemente por Moska: “A Dor Traz o Presente” (Pixinguinha/Moska).
“O show é uma celebração da terceira vida dessas madeiras, que um dia foram árvores, depois viraram objetos de uma casa incendiada e agora são instrumentos de música e poesia. São usados microfones de alta qualidade para a captação de um som de mais de duzentos anos. Uma grande metáfora da vida, que precisa ser transformada e renovada em seu sentido”, diz Paulinho Moska.