Divisor de águas do show business nacional nos anos 1980, o espetáculo “Rádio Pirata Ao Vivo”, do fenômeno RPM, ganha reedição na voz do então vocalista da banda, Paulo Ricardo. Há tempos os fãs, os nostálgicos e os mais jovens, pediam que Paulo Ricardo voltasse a apresentar o repertório do álbum gravado no Complexo do Anhembi, em São Paulo e lançado no segundo semestre de 1986. O disco, um dos recordistas de vendas físicas da história da indústria discográfica brasileira, comercializou mais de 3,7 milhões de cópias e transformou em hits todas as suas nove faixas. À época, o disco gerou uma tour grandiosa, com direção de Ney Matogrosso.
A turnê de Paulo Ricardo, batizada de “Rádio Pirata ao Vivo – 35 Anos”, que celebra o espetáculo emblemático, estreou com casa lotada no Rio (em setembro) e segue percorrendo várias cidades. Nos próximos dias 13 e 14 de julho voltará à Cidade Maravilhosa (Teatro Multiplan no Shopping Village Mall). Paulo fala da concepção e da estreia do show original: “Estreamos no dia seguinte ao meu aniversário de 24 anos, em São Paulo, com a presença e a bênção de nosso padrinho, o apresentador Chacrinha, e o impacto foi imediato. As pessoas enlouqueceram com o laser e a direção precisa e sofisticada de Ney, e na semana seguinte participamos de um festival no ginásio Gigantinho, em Porto Alegre”.
Ney Matogrosso, por sua vez, fez na ocasião, sua estreia como diretor: “Conheci o Paulo Ricardo bem antes, quando ele era jornalista e escrevia para uma revista de música. Durante uma entrevista, ele me contou que tinha uma banda e tudo mais. Um tempo depois, quando ‘Louras Geladas’ começava a tocar timidamente no rádio, o empresário Manoel Poladian me disse que estava buscando uma banda de rock e eu sugeri que ele ouvisse os meninos. Depois de contratá-los, Poladian me perguntou se eu queria dirigir o show e a minha condição pra aceitar foi que ele me desse carta branca e condições pra fazer tudo que eu pedisse. Assim foi feito e o show teve uma produção escandalosa! A minha inspiração veio toda do filme ‘Blade Runner’: tinha raio laser e luz neon em toda a beirada do palco, que parecia uma nave espacial. Foi um fenômeno para a época”.
Agora, toda nostalgia do espetáculo está de volta. A superprodução não é a mesma. Mas nem faz falta, já que no repertório estão presentes os clássicos “Radio Pirata”, “Revoluções por Minuto”, “Alvorada Voraz”, “A Cruz e a Espada”, “Naja”, “Olhar 43”, “Estação no Inferno, London London” e “Flores Astrais”, além de outros sucessos do RPM e da fase solo de Paulo Ricardo.