Entrevistas

Rastapé fecha com a Olho Vivo e planeja novo álbum

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Está aberta a temporada de contratações para as festas juninas de 2017. E mesmo com a economia do país mantendo-se estagnada, o mercado de shows acredita numa pequena recuperação em se tratando de eventos relativos ao período junino, tão fortes em todo país, sobretudo nos estados do nordeste – na verdade, o São João é a festa popular mais celebrada pelos brasileiros depois do Carnaval, com forte impacto na economia das cidades onde é realizada. Nos últimos dois anos, as megafestas sofreram muito por conta da estrutura caríssima e contratações de peso em contraponto à queda de faturamento. Pior ainda foi o que ocorreu em municípios menores, que simplesmente cancelaram ou reduziram o período de festejos, por falta de subsídios públicos.

Apesar disso, alguns artistas com o DNA forrozeiro tem motivos para comemorar. É o caso da banda Rastapé. Um dos principais representantes do chamado forró universitário, lançado no final da década de 90, o Rastapé há sete anos mantém-se afastado dos holofotes, embora continue trabalhando bastante. “Não gravamos nada novo neste período, mas mantivemos uma boa agenda de shows”, explica o vocalista Jorge Filho, que integra a banda ao lado do pai, Seu Jorge, e dos irmãos Tico e Maza. Segundo ele, o Rastapé fez 100 apresentações em 2016, incluindo uma especial, no Maior São João do Serrado, em Goiânia, para 40 mil pessoas. “Mas no final do ano, avaliamos que poderíamos voltar de vez ao mainstream e procuramos nosso primeiro empresário, José Renato Mello (Olho Vivo Produções), que topou o desafio. “Sempre acreditei no potencial da banda. Ela tem repertório e talento para estar num patamar mais alto”, diz o manager, bastante familiarizado com o mercado de forró por trabalhar ou já ter trabalhado com nomes como Falamansa e Bicho de Pé, entre outros.

Por conhecer como poucos o perfil da Rastapé, o empresário, para promover a retomada, resgatou uma faixa gravada em 1999 e não trabalhada nas rádios à época: o xote Olhos de mel. “Mandamos o single para as rádios, postamos um lyric vídeo no YouTube e o mercado se animou rapidamente”, festeja Zé Renato. Além disso, ele começou a trabalhar a marca junto a prefeituras e organizadores de grandes eventos juninos e universitários. “É verdade que nos últimos anos também vínhamos fazendo festas grandes em alguns estados (como Bahia e Distrito Federal), mas a intenção agora é ampliar o mercado e valorizar a marca Rastapé”, reitera o patriarca Seu Jorge.

Zé Renato e os forrozeiros criaram para 2017 a tour Rastapé 18 anos, com a qual pretendem excursionar pelo país. Como já ocorre nos shows maiores, o quarteto contará no palco com o apoio de cinco músicos (responsáveis por contrabaixo, sopros, percussão, bateria e acordeón). “Não queremos fazer um show só ‘pé de serra’. O repertório, obviamente, tem essas características. Trará os principais sucessos da banda como Colo de menina, Fale comigo e Beijo roubado, além de clássicos do forró, como Banho de cheiro (original de Elba Ramalho), Morena tropicana (Alceu Valença), Xote das meninas (Luiz Gonzaga) e Esperando na Janela (Gilberto Gil). Mas a produção precisa ser incrementada, pois se trata de um dos maiores shows de forró do país”, afirma Zé Renato.

PÚBLICO ESTUDANTIL

A primeira apresentação desta retomada aconteceu no dia 25 de janeiro, na Chácara do Jockey Club, em São Paulo, num show que integrou a programação de atrações do aniversário da cidade. Na ocasião, o Rastapé contou com a participação de Zeca Baleiro. “A gente sempre canta músicas dele nos shows, como Pedra de responsa, Essas emoções e Lenha. Aliás, o Zeca adorou nossa versão forrozeira para Lenha”, informa Tico. A participação de Baleiro foi tão boa que o grupo planeja realizar outros shows em parceria – e não apenas com ele. “Dependendo da praça onde formos nos apresentar, poderemos convidar artistas conhecidos para dividir o palco conosco”, explica Maza.

De acordo com os integrantes do Rastapé, nos últimos dois anos o mercado universitário voltou a contratar shows de forró. “Os jovens redescobriram o gênero, em sua forma mais tradicional, genuína. Nos apresentamos recentemente em festas das universidades Mackenzie (capital paulista), Unesp (Botucatu) e Federal de São João Del Rey (MG)”, explica Jorge Filho. “Esta é uma frente que queremos focar muito neste ano”, confirma Zé Renato.

Se depender da banda, também as apresentações no exterior deverão voltar à pauta neste ano. Só nos Estados Unidos, ela já fez 16 mini-tours, que incluíram cidades como Miami, Boston, Nova York, Washington e San Francisco. Várias outras ocorreram na Europa, em países como Portugal, Noruega e França. “Nos Estados Unidos, o público dos shows é formado basicamente por brasileiros. Mas na Europa, ele é bem variado. O europeu nativo gosta muito do forró por causa do ritmo e pelo fato de se dançar em casal. Por isso, vamos nos movimentar para levar o novo show também para fora do país”, explica Jorge Filho.

Outro projeto da banda nesta nova fase é lançar um álbum de inéditas no mercado até o mês de junho. Será o décimo da carreira, incluindo duas coletâneas. O trabalho está em fase de finalização e terá no repertório uma faixa em homenagem ao rei do baião (Saudades do Gonzagão), o forró romântico Uma casinha no mar e a dançante A última noite.

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