Décadas antes da internet chegar ao Brasil e do surgimento das redes sociais, o que chamamos hoje de “fake news” pode ter sido a razão da decadência da carreira de um dos artistas mais vibrantes e talentosos de nossa música. Sob suspeita do meio artístico e da imprensa, Wilson Simonal viu seu mundo virar a partir de supostas (ou injustas, para a grande maioria das pessoas que conviveram com ele) acusações de ligação com a ditadura militar. Seria uma espécie de “dedo-duro”. Nunca nada foi provado. Porém, a carreira e a vida do genial cantor brasileiro jamais mais foram as mesmas.
A história daria obviamente um grande filme. Daria, não. Deu! Estreia, hoje (quinta), nos cinemas nacionais, o longa “Simonal”, dirigido por Leonardo Domingues e estrelado por Fabrício Boliveira. Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o ator compactua com a ideia exposta no primeiro parágrafo da matéria: “Em seu livro de memória, Ronaldo Bôscoli afirma que Simonal foi vítima do maior caso de racismo da MPB. Ele podia ser arrogante, e isso incomodava as pessoas. Foi vítima do que hoje claramente se chama de fake news. Daí a importância do filme, que ultrapassa o resgate do grande artista. E chega para promover um debate necessário”.
Isis Valverde interpreta Tereza, mulher de Simonal. Ela e Boliveira (foto) já haviam trabalhado juntos em “Faroeste Caboclo”. Já Leandro Hassum interpreta o produtor Carlos Imperial e Lilian Menezes vive a cantora Elis Regina. Lançado dez anos após a produção do documentário “Simonal – Ninguém Sabe o Duro que Dei” e exibido pela primeira vez, em 2018, no Festival de Gramado, o longa é mais um registro importante e histórico da música brasileira, somando-se a produções caprichadas como “Cazuza – O Tempo Não Para”, “Tim Maia”, “Elis”, “Dois Filhos de Francisco”, “Somos Tão Jovens” (sobre Renato Russo) e “Gonzaga – De Pai pra Filho” (sobre Luiz Gonzaga e Gonzaguinha).