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Tony Belotto é rock e muito mais!

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Desde o final de fevereiro, Tony Belotto, Sergio Brito e Branco Mello (os integrantes remanescentes da banda Titãs), viajam o Brasil com um show intimista no formato acústico. Na primeira leva, a tour “Titãs Trio Acústico” passou por cidades como Paulínia, Jundiaí, Belém, Fortaleza, Campo Grande, Caxias do Sul, Novo Hamburgo e Porto Alegre. “Essa turnê surgiu da vontade de fazer um show mais despojado e intimista, que celebrasse os 22 anos do (aclamado) Acústico MTV, pelo que éramos cobrados carinhosamente pelos fãs. Para nós, é mais uma oportunidade de experimentar novas formas de veicular nossa música”, explica Tony Belotto. “O importante é que estamos sempre fazendo coisas diferentes, nos divertindo e nos motivando a permanecer ativos e relevantes”, continua o guitarrista.

Inicialmente, apenas os três Titãs ocupariam o palco durante toda a tour. Mas a partir de maio, os músicos Mário Fabre e Beto Lee, que integram as outras versões de shows da banda, se juntam ao trio. Belotto justifica dizendo que a ideia inicial era tocar apenas em alguns teatros, mas a repercussão tem sido tão positiva que o trio abriu novas datas, contemplando também outros espaços. “Mas continuamos em paralelo com nosso show elétrico e pretendemos também encenar, em algumas cidades, nossa ópera rock, “Doze Flores Amarelas’”, destaca o músico. O projeto citado por Belotto é fruto do álbum homônimo lançado no início de 2018, muito bem recebido pelo público e pela crítica. “A repercussão de ‘Doze Flores Amarelas’ foi ótima porque o trabalho reforça a criatividade e o poder da invenção num mercado acomodado e pouco criativo. Mas a ópera, por ser grandiosa, exige investimento para ser montada como foi concebida. Por isso, nem sempre é viável sua realização”, afirma.

Assim como nos shows elétricos, a tour acústica apresenta os sucessos obrigatórios da banda, como “Sonífera Ilha”,
“Epitáfio”, “Marvin”, “Go Back”, “Família”, “Aluga-se”, “Flores”, “Polícia’, “Homem Primata” e “Bichos Escrotos”, entre outros. Com tantos formatos disponíveis, não custa perguntar ao entrevistado sobre a possibilidade de reunião dos ex-Titãs (Nando Reis, Paulo Miklos, Arnaldo Antunes e Charles Gavin) para uma tour comemorativa. Tony não mostra tanto entusiasmo. “Fizemos isso há alguns anos (2012) e posso afirmar: é difícil conciliar as agendas num projeto dessa natureza. Os fãs gostam da ideia, nós também, mas realizar isso na prática daria muito trabalho”.

titãs acústico

Para uma banda com 35 anos de carreira, tão importante quanto preservar os fãs que a acompanham desde o início é renovar a audiência, o que o Titãs faz sem muito esforço. Afinal, a riqueza e o poder da obra, em si, já despertam a curiosidade da juventude. Mesmo assim, a banda mantém-se com alguma atividade nas redes sociais e vez por outra faz parcerias com artistas mais jovens. Como ocorreu no fim do ano passado, quando gravou com o DJ Alok uma versão eletrônica de “Epitáfio”. “O encontro com o Alok foi muito positivo, assim como outros que tivemos ao longo da carreira. Mas fazemos esses encontros por satisfação estética e aventura artística, não como uma ação de marketing ou algo assim”, destaca o artista.

Desde o início dos Titãs, Tony Belotto desenvolve atividades paralelas à de músico da banda. Já apresentou programa de TV e revelou-se um escritor de sucesso. São nove romances, alguns deles elogiados pela crítica. Indagado sobre se tem mais facilidade atualmente em escrever músicas ou romances, ele afirma: “Gosto de fazer as duas coisas. E não me parece que uma atividade prevaleça sobre a outra. Enquanto finalizava o livro “Lô” (lançado no fim de 2018), eu estava compondo febrilmente para a ópera “Doze Flores Amarelas”, que tem 26 canções inéditas. Mas posso afirmar que tenho muito mais prazer em tocar música do que escrever livros”.

Sobre o panorama do rock nacional, Tony Belotto festeja a safra atual. “Gosto muito do rock brasileiro, e ouço coisas muito interessantes, como o Baiana System. O problema é que a grande mídia não veicula o rock e muitas vezes fica difícil para as novas bandas conseguir mostrar o seu trabalho”, lamenta ele.

 

Como é praxe nesta seção, nosso entrevistado elenca a seguir dez discos representativos para sua carreira. Confira os de Tony Belotto:

ÁFRICA BRASIL – Jorge Ben Jor (1976): “Este disco é um exemplo perfeito de rock brasileiro. Foi a partir dele que o Ben Jor trocou o violão pela guitarra elétrica e introduziu o instrumento na sua já conhecida fusão de ritmos. Fazem parte deste álbum megahits como Xica da Silva e Taj Mahal”.

TRANSA – Caetano Veloso (1972): “Gravado em Londres, onde Caetano estava exilado à época, este disco, quase todo em inglês, é maravilhoso. A direção musical é do Jards Macalé. Adoro todo o repertório, que traz Nine Out of Ten, a melhor composição do Caetano em inglês (segundo ele próprio)”.

NOVOS BAIANOS FUTEBOL CLUBE – Novos Baianos (1973): “Outro grande exemplo do que é rock brasileiro – mesclado a gêneros como frevo, baião, samba e choro. Tem entre os destaques Sorrir e Cantar Como Bahia, Vagabundo Não é Fácil, Os Pingos da Chuva e a regravação de Samba da Minha Terra, do Caymmi”.

ROBERTO CARLOS – Roberto Carlos (1971): “Este álbum, que contém o clássico Detalhes, foi o responsável pela consagração do nosso maior artista como ídolo romântico. Roberto é o ‘cara’. O disco tem outras faixas românticas conhecidas, como Amada Amante e Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos”.

EXILE ON MAIN STREET – Rolling Stones (1981): “Esta é a melhor banda de rock do mundo. Eu gosto de tudo que os Stones fazem. Este álbum duplo é uma obra prima. Tem influências de blues, country music, gospel e soul music. Tudo merece destaque, de Rocks Off (primeira do lado A) a Soul Survivor (última do lado D)”.

LONDON CALLING – The Clash (1979): “Também britânica (como os Stones), é a segunda melhor banda de rock do mundo. E este álbum é emblemático, com elementos marcantes de ska, pop, funk, jazz, rockabilly e reggae. Está no Top 10 da lista dos 500 melhores álbuns de todos os tempos, segundo a revista Billboard”.

WHO’S NEXT –  The Who (1971): “Um disco que inspirou minha adolescência. Sucedeu o antológico Tommy (1969), mas primou por experimentalismos, como o uso de sintetizadores. Tem no repertório Baba O’Riley, Behind Blue Eyes e My Wife”.

ARE YOU EXPERIENCED? – Jimi Hendrix (1967): “Este é um dos melhores trabalhos do maior guitarrista de rock de todos os tempos. Destaques para Foxy Lady e Manic Depression. Neste álbum, percebe-se que Hendrix tinha criado um jeito diferente de tocar guitarra, com distorções”.

ALL THINGS MUST PASS – George Harrison (1970): “O melhor disco já gravado por um ex-Beatle. Está na lista dos 200 álbuns definitivos do Rock and Roll Hall of Fame. Tem participações de Eric Clapton, Ringo Star, Peter Framptom e Bob Dylan. A faixa de maior sucesso é My Sweet Lord”.

KIND OF BLUE – Miles Davis (1959): “Obra prima, o melhor álbum de jazz de todos os tempos. Também é o maior êxito comercial em se tratando de discos do gênero. Miles introduziu no jazz elementos que levariam a fusões revolucionárias com o hard rock, o acid jazz e o hip hop. Este álbum mudou para sempre a cara do jazz”.

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