O acervo de Adoniran Barbosa, ícone do samba paulista, retorna a São Paulo após uma década afastado da cidade e sem abrigo fixo. São mais de 1.000 itens que preservam e ajudam a contar histórias de personagens e cartões-postais da Grande São Paulo, entre as décadas de 1950 e 1980, bem como da música, do cinema, do rádio e da publicidade desta época, imortalizados na obra do cantor, compositor e ator.
A Galeria do Rock é onde a obra do artista será recatalogada, porém não poderá ser visitada pelo público. Antonio Souza, o Toninho, síndico do centro comercial, afirma que o espaço sempre abraçou as manifestações culturais renegadas de alguma forma pela iniciativa pública e que será uma honra enorme receber Adoniran. Questionado sobre a ligação do sambista com o estilo característico da Galeria, Toninho resume: “Ele foi o primeiro punk de São Paulo, ao retratar a linguagem do povo”.
Entre as preciosidades que o acervo reúne estão objetos de época e documentos diversos, além de fotografias que revelam a intimidade de Adoniran. Conta também detalhes da carreira artística, com instrumentos musicais, partituras, scripts de radionovelas, roteiros de programas de televisão e cartazes de filmes como “O Cangaceiro” (1953), de Lima Barreto, que teve Adoniran no elenco, interpretando o personagem Mané Mole. Além, obviamente, de discos raros de vinil com canções interpretadas por Adoniran e outros artistas.
O próximo passo do projeto serão o lançamento, em 2018, de um documentário biográfico, dirigido por Pedro Serrano e produzido pela Latina Estudio. Nos anos seguintes, o acervo poderá ganhar uma exposição provisória, a ser recebida por um Museu ou Centro Cultural de São Paulo, até que encontre um lar permanente para visitação. Existe também a possibilidade de o sambista virar tema de escola de samba em 2019.