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Conheça a história e o trabalho de Eduardo Pepato

A indústria da música no Brasil é reconhecida não só pela diversidade de gêneros e artistas talentosos, mas pelo número de profissionais consagrados na área da produção. No segmento sertanejo – ainda que não atuem apenas com este gênero – vários jovens se destacam, entre eles Dudu Borges, Blener Maycom, Fernando Zor e Ivan Miyazato. O caçula deles é o paranaense Eduardo Pepato, responsável por álbuns de artistas como Henrique & Juliano, Gusttavo Lima, Maiara & Maraisa, Marilia Mendonça e Bruno & Marrone, entre outros.

Crescido numa família de músicos, na pequena Marialva (PR), Pepato começou a tocar em bandas de baile ainda adolescente (teclados e violão). Aos 18 anos, começou a se envolver com produção. “Meu pai me aconselhou: ‘faça um curso de produtor. Assim, quando você envelhecer, não precisará ficar viajando, varando noites tocando em bailes. Foi quando comprei um computador de última geração, instalei programas de áudio, montei um home estúdio e comecei nessa área”, explica ele.

Não esperou o tempo passar para se fixar na nova carreira. Aos 19 anos, mudou-se para São Paulo, indo trabalhar como assistente de produção de Ivan Miyazato. “Era holdie, microfonava os instrumentos, ensaiava com quem ia gravar lá…”, lembra. Foi ali que passou a ter contato com o gênero mais popular do país.

Hoje, prestes a completar 30 anos (dia 7 de julho), Eduardo Pepato desfruta do prestígio de estar por trás de alguns dos projetos mais vitoriosos do sertanejo atual e é disputado por artistas conhecidos ou em ascensão. Não se atreve a fazer mais do que 12 produções no ano, simplesmente porque trabalha sozinho, contando apenas com um assistente. “Me envolvo em todo processo. Participo da seleção de repertório, crio os arranjos, gravo, toco alguns instrumentos na gravação e depois faço toda a pós-produção. Então, como gosto de estar presente em todas as fases de um projeto, tenho limitação de tempo”, justifica.

Confira a seguir depoimentos do profissional sobre seu estilo de trabalho e sobre artistas com os quais já trabalhou.

Diferenciais e Audições

“Um dos meus diferenciais é justamente o envolvimento total, que em alguns casos beira a imersão. Há compositores que passam longos períodos hospedados no meu estúdio (Na House, localizado numa chácara próxima a São Roque, interior de São Paulo). A Marilia Mendonça mesmo, antes de estourar como cantora, ficava semanas lá, criando com outros compositores. Valorizo muito um repertório equilibrado em termos sonoros e rico em temas. Não sou daqueles profissionais que, quando sentem que o disco tem uma, duas faixas com cara de hit, acelera a produção, gravando sem muito critério. Se a proposta do álbum forem 10 músicas, trabalho para que todas elas tenham pegada para tocar no rádio e encantar o público. Gosto de realizar audições com a participação de compositores e dos artistas a serem gravados. Isso era comum nos anos 1990, quando o sertanejo explodiu, mas depois se perdeu um pouco, talvez por causa da internet e dos aplicativos de celular.

Eu tento fazer essas audições porque acredito no resultado. Monto as audições de acordo com a disponibilidade do artista. Nestas horas, é possível criar, fazer mudanças na letra ou melodia e entender as propostas do projeto. Para mim, é ótimo também porque eu vou pensando nos arranjos. Além disso, os autores interagem, trocam contatos. Um dia um compositor que eu não conhecia apareceu numa dessas audições em que montávamos o repertório de um álbum do Gusttavo Lima. Era o Virgilio Franco. Nada que ele apresentou foi aproveitado na produção do Gusttavo, mas um tempo depois, quando fomos fazer o disco do Bruno & Marrone, oVirgilio foi chamado e levou outra música, que acabou entrando no setlist”.

Henrique & Juliano

“Passei a chamar atenção do mercado ao produzir em 2013 o DVD Ao vivo em Palmas, de Henrique & Juliano. Eles estavam começando e me convidaram para o projeto, que deu muito certo. No ano seguinte, a gente fez outro DVD de sucesso, gravado em Brasília. Uma curiosidade: eu briguei muito para que a faixa Cuida bem dela (Marília Mendonça / Maraisa / Juliano Tchula / Daniel Rangel) entrasse no disco. Algo me dizia que ela iria explodiria – o que, de fato, acabou ocorrendo. Por conta desses acertos, tenho participado de tudo que a dupla gravou. O DVD ao vivo no Marco Zero, em Recife (2015), foi o mais difícil de ser realizado. Choveu muito, a produção geral foi comprometida e a gente só conseguiu passar o som algumas horas antes da gravação. Foi muito tenso, mas o resultado final ficou impecável. Até o final deste ano, a dupla deve fazer outro CD/DVD e eu espero estar junto com Henrique & Juliano mais uma vez”.

Maiara & Maraisa

“A história com a Maiara & Maraísa também foi bem interessante. Antes de elas irem para a WorkShow, o Jorge (da dupla com Mateus) estava dando um apoio às duas, que faziam pequenas apresentações. O Jorge me chamou para um churrasco na casa dele e M&M estavam lá cantando para os presentes. O Jorge disse que eram suas amigas, que acreditava no potencial delas e que estava dando uma força etc e tal. Me chamou e propôs que eu produzisse um disco para dupla. Mas ressaltou: ‘se você não gostar da ideia, fique à vontade para dizer não’. Comecei a prestar atenção na apresentação e elas estavam cantando No dia do seu casamento. Fui imaginando os arranjos e julguei que poderia dar certo. Fizemos um EP, que tinha No dia do seu casamento e É rolo, com Jorge & Mateus, entre outros. Foi o pontapé para elas estourarem em nível nacional.

Foi interessante ainda a gravação do DVD que fizemos no meu estúdio. Achei que o repertório não estava compatível com o show que eu havia assistido delas, então chamei as duas e vários compositores para a criação de músicas novas a toque de caixa. Foram pra lá a Marilia Mendonça, o Juliano Tchula, uns compositores do nordeste… Então, criamos muita coisa ali, em uma semana. Mas descobri que faltava uma canção romântica. Rapidamente a Maraisa, Vinicius Poeta, Junior Pepato e Benicio Neto compuseram Medo bobo. Na hora de gravar, a Maiara disse: Maraisa, faça você a primeira voz porque eu decorei tanta letra de música nos últimos dias, que estou até com dor de cabeça… Todo mundo pensa que aquilo tudo foi planejado, que a música tinha mais a ver com o timbre ou o estilo da Maraisa, mas não foi nada disso…”

Marília Mendonça

“A Marilia Mendonça é uma super amiga. A amizade se intensificou nos períodos em que ela, na fase compositora, ficava com a gente, morando no estúdio. Nessa época, ela começou a pedir ao Wander de Oliveira (WorkShow) que a lançasse como cantora. O Wander achava que ainda não era o momento, por conta de outros projetos da WorkShow. Já o Henrique & Juliano, assim como eu e o Fernando Trevisan (Catatau), diretor de vídeo que está sempre conosco nos projetos e que conhecia a Marília tão bem quanto eu, achávamos que ela estava pronta pra fazer sucesso como cantora. Enfim, o Wander topou fazer e a gente gravou no meu estúdio um DVD despretensioso, que acabou estourando faixas como Infiel, Como faz com ela e Sentimento louco, entre outros, e colocou a Marília no primeiro time do sertanejo. Às vezes, em entrevistas, me perguntam se me sinto partícipe deste momento vivido pelas cantoras, pelo fato de ter ajudado a emplacar a Marilia e a Maiara & Maraisa. Digo que elas estouraram por mérito próprio, sou coadjuvante nesse processo”.

Gravar com “Feras”

“Quando fui convidado para trabalhar no projeto de 40 anos de carreira Chitãozinho & Xororó confesso que fiquei em êxtase. Nem nos meus melhores sonhos imaginei que um dia trabalharia com artistas como CH&X. Eu estava então com 23 anos e a dupla com uma carreira com quase o dobro da minha idade. Mas deu tudo muito certo. Quando um artista consagrado procura um produtor jovem, ele o faz porque acha que esse profissional agregará ao trabalho dele. Ele já vem com o discurso de que precisa de sonoridades atuais, arranjos modernos. Foi maravilhoso trabalhar com Chitão & Xororó, assim como com Bruno & Marrone e Edson & Hudson, igualmente com carreiras consagradas”.

Estúdio ou ao vivo? 

“Gosto de gravar nos dois ambientes. Em estúdio, dá para experimentar, fazer com mais calma. Mas como eu sou músico, e gosto de participar das gravações, os projetos ao vivo são mais prazerosos. Tem a energia do público, a magia do palco… Enfim, é mais confortável gravar em estúdio, mas é mais gostoso fazer ao vivo”.

O que faz no momento

“No momento estou envolvido com as gravações dos novos CDs/DVDs das duplas Fred & Gustavo e George Henrique & Rodrigo. Com esses artistas, estamos trabalhando com audições, reuniões com compositores, por isso acredito muito no êxito desses álbuns, principalmente em execução em rádios. Recentemente concluí o disco de Wellington & Nilo. Eles tocam bem no Triângulo Mineiro e agora pretendem ampliar o mercado. Os dois tem um timbre vocal peculiar e cantam sertanejo romântico. Aposto no disco todo, mas particularmente gostei muito do resultado final da faixa Meu sertão. A propósito, embora não sejam produzidos por mim, acho que Zé Neto & Cristiano e Felipe Araújo devem crescer muito ao longo do ano. Também acredito no potencial de Breno & Caio Cesar”.

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