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Em entrevista, Umberto Tavares fala sobre participação no lançamento de megahits

umberto tavares

O carioca Umberto Tavares é unanimidade no mercado musical quando o assunto é o posicionamento do funk como gênero pop – o que fez dele o segundo mais consumido do país, atrás apenas do sertanejo. Com composições e produções que viraram hits no rádio, TV e redes sociais – como Bang, Paradinha, Você partiu meu coração e Hoje –, Tavares admite: “Sim, nós trabalhamos muito pra ajudar isso acontecer – dar uma sonoridade pop, investir nas harmonias, timbres, em mixagens bem feitas, enfim, na qualidade do som como um todo. Isso foi e é um pilar muito significativo do nosso trabalho. Obviamente que não fomos só nós, mas este compromisso há muito tempo está presente no nosso dia a dia e no que propomos aos artistas que acreditam no que fazemos”, afirma o profissional, que fala na primeira pessoa do plural por dividir todas as produções com o sócio de 17 anos Carlos Lago, o Mãozinha. Além dos dois, o U.M. Music, criada por eles, tem Jefferson Junior como outro sócio, além de Tonhão e Marcos Sabóia, “peças fundamentais” no dia-a-dia da empresa, que reúne estúdio, editora, gravadora e produtora musical.
Na entrevista a seguir, Tavares fala de vários temas, entre os quais suas produções mais representativas e os artistas novatos do funk que, na sua opinião, farão sucesso em 2018.

Show Business + SUCESSO! – Como começou a sociedade com Mãozinha?
UMBERTO TAVARES – Eu e Mãozinha somos mais que sócios. Somos parceiros, amigos e compadres. Trabalhamos juntos desde 2000. São 18 anos de uma convivência respeitosa e harmônica apesar das oscilações normais no mercado da música. Passamos por momentos difíceis e maravilhosos, buscando sempre o equilíbrio como pilar de tudo. Hoje temos o Jefferson Junior também como nosso sócio, mas o U.M. Music team tem também o Tonhão e Marcos Sabóia como peças fundamentais.

A U.M. Music também é um selo? Vocês lançam discos por ele em parceria com grandes gravadoras?
A U.M. Music é um selo, temos a Editora U.M. e somos produtores independentes também – ou seja, podemos ser contratados por gravadoras e empresários pra prestar serviços de produção musical de determinado artista, desde que a gente acredite no projeto. O Naldo (Benny) é um “case” lançado por nós (o CD Na veia, em 2008).

A U.M. Music agencia a carreira dos artistas que ela lança? Mais: tem departamentos próprios de vendas de shows, monetização digital etc. ou mantem parcerias para essas áreas?
A U.M.Music é responsável pela parte musical dos artistas. Não fazemos venda de shows. Temos empresários da nossa confiança, especialistas nisso pra desenvolver essa parte. Alexandre Baptestini (A3B Produções) e João Marcos (We Group) são dois desses profissionais em quem confiamos pra uma parceria de tamanha responsabilidade. Toda a parte digital da U.M. é feita pela CQ Rights em parceria com a The Orchard. Um exemplo bacana da área digital foi com a Alma Thomas, cantora norte-americana que vive no Rio. Fizemos, para ela gravar, uma versão em inglês de Você partiu meu coração, chamada Broke my heart in two. É um fonograma nosso, disponibilizado por essa parceria CQ / The Orchard. A versão está fazendo muito sucesso e até virou tema da novela Pega Pega, da Globo. É uma obra 100% Editora U.M.

Já teve convite para produzir artistas de fora do país?
Isso está acontecendo muito agora. Um lançamento de qualquer artista, hoje, não tem fronteiras. Um exemplo claro disso é o Maluma, que veio ao Brasil fazer show e conheceu Você partiu meu coração, que fizemos pro Nego do Borel (Feat. Anitta e Safadão). Ele se encantou pela música, que é seu atual single mundial com o título Corazón e tendo a participação do Nego. A produção é nossa e autoria também, mas com uma versão em espanhol escrita pelo Maluma. A música estreou em novembro no Top 25 da Billboard americana, o que seria algo impensável tempos atrás para produtores e compositores brasileiros.

Vocês devem receber diariamente muitos convites para produzir artistas conhecidos e iniciantes. Como fazem essa triagem?
São realmente muitos convites e recusamos mais do que aceitamos produtos pra produzir. Se acharmos que não tem a ver com nosso trabalho ou que não poderemos contribuir verdadeiramente com a musicalidade do produto, não fazemos por dinheiro nenhum. Temos arranjadores parceiros, que trabalham conosco em vários produtos e agregram muito com sua visão e conhecimento.

Vocês trabalham com outros gêneros, além do funk?
Sim. Já produzimos Belo, Kelly Key, Michael Band, UM44K, Class A, Adriano Ribeiro, Fiuk, Imaginasamba, Mar Aberto… Enfim, vários produtos que nada tem a ver com o funk. E vários outros que vieram do funk e ainda mantém essa relação. Cada caso é um caso, e nós sabemos separar muito bem essas relações. O funk é basicamente eletrônico. Um samba, por exemplo, é estruturalmente acústico, orgânico, e essa é sua principal característica. O segredo é estarmos preparados musicalmente e em termos de infra-estrutura pra todas as situações.

Como funciona o processo de criação das músicas que você compõe? Senta com os parceiros e desenvolve as ideias pré-selecionadas? Cria primeiro a letra e depois a música?
O processo hoje é bastante técnico. Já foi inspiração um dia, mas pra atender a demanda, rola muita transpiração também. Dificilmente nós desenvolvemos ideias pré-selecionadas. Acontece, mas é raro. Normalmente são temas que identificamos que podem funcionar para o artista X, Y ou Z. Pra isso há um estudo minucioso da carreira, histórico e uma análise sobre pra onde esse artista quer ir.

Quando começou a trabalhar Anitta, imaginava que ela se transformaria nesta estrela em nível internacional ?
Começamos a trabalhar com a Anitta em 2012. Ela estava saindo da Furacão 2000 e já era muito claro o talento dela e a possibilidade absurda de crescimento que tinha. Óbvio que tornar-se uma estrela internacional depende de vários fatores além da capacidade musical da artista. Lá atrás isso era muito distante, mas a evolução dela se deu em todas as áreas, além da musical. Anitta é incrível, guerreira, batalhadora e incansável. Não dá pra duvidar de nada que ela se proponha a fazer.

Quem você destacaria entre os nomes do funk que estão emergindo em outras praças, fora do Rio?
Kevinho, Livinho, Bockaum, Milk, Jenny, Kekel, Mirella, Fiotti e JK. Todos são de fora do Rio.

Você começou a carreira como compositor de pagode e chegou a trabalhar com Belo. Como anda sua relação com este gênero?
Produzimos duas faixas do disco novo do Belo, que sai em breve. E tenho outras oito composições no álbum. Amo pagode, faço com imenso prazer.

Fale sobre a recém-inaugurada a nova sede do estúdio U.M.
Mudamos em dezembro. Foi um ano de obras, de muitos ajustes técnicos. É um projeto que deu muito trabalho, porém o estúdio é muito mais amplo que o anterior. É mais confortável, com muito mais equipamentos e, o principal de tudo, compatível com a dinâmica de coisas que temos a realizar em paralelo. Temos três técnicas, seis ‘aquários’, salas de mixagem e de programação, sala de vídeo – para filmagem dos artistas que necessitem desse plus. Enfim, uma estrutura pra atender todas as etapas do nosso processo produtivo. Marcos Sabóia e Fera do Mar estarão conosco nessa nova estrutura.

Quantas composições suas (solo ou em parceria) já foram gravadas? Pode citar as mais conhecidas?
Tenho mais de 600 músicas gravadas e graças a Deus vários sucessos. Dentre eles: Bang, Paradinha e Sim ou não (Anitta), Hoje, Bom e Não quero mais (Ludmilla), Você partiu meu coração, Não me deixe sozinho e Esqueci como namora (Nego do Borel), Reinventar, Perfume e Pra ver o sol brilhar (Belo), Me olha nos olhos (Sorriso Maroto), Mesmo sem estar (Luan Santana feat. Sandy), Alô (Os Travessos), Opções (Os Mulekes), Na veia (Naldo), Quero toda noite (Fiuk & Jorge BenJor), Sua cara (Major Lazer, Anitta e Pabllo Vittar), Adoleta, Barbie Girl (Kelly Key) etc… Esse sucesso é dividido com meus parceiros nas obras (os mais frequentes são Alexandre Lucas, Leo Shanty, Gustavo Lins, Mãozinha, Tonhão e Jefferson Junior) e com as vozes que fizeram essas canções chegarem ao grande público.

Pode citar cinco situações de sua carreira profissional que particularmente considera mais emblemáticas?
Compor Me olha nos olhos e ser gravado no primeiro DVD do Sorriso Maroto, com a responsabilidade de ser o single promocional; compor Opções, música que em 2003 só perdeu para Já sei namorar, dos Tribalistas, entre as mais tocadas do ano – e com um grupo iniciante chamado Os Mulekes. Produzir Show das Poderosas e Bang (composição também), músicas que deram voz a um pop que não estava em evidência no país; compor e produzir Você partiu meu coração, música que alavancou definitivamente a carreira do Nego do Borel e compor e produzir Hoje, canção de afirmação da Ludmilla, na fase pós MC Beyoncé.

Quem serão os nomes de destaque do funk em 2018?
Acredito muito que a Mirella e a Gabily vão evoluir muito em comparação com 2017. Mas qualquer previsão envolvendo o funk é muito prematura. Surgem talentos a cada dia e por todos os lados.

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