Hungria Hip Hop é mania entre o público jovem, que lota os espaços por onde se apresenta – e olhe que são pelo menos 15 shows todos os meses. Aos 26 anos e nascido em Brasília, Hungria faz história cantando um tipo diferente de rap, que leva o público juvenil a criar identificação com seu trabalho. “Não uso linguajar chulo nem faço apologia à violência. Também não sou muito de falar de política ou fazer críticas sociais. Falo de otimismo, de superação, do cotidiano das pessoas da periferia que tentam melhorar a cada dia”, resume ele. Justamente por conta da faixa etária de quem acompanha seu trabalho, Hungria rapidamente tornou-se um fenômeno no ambiente digital. São quase 2,5 milhões de seguidores no Instagram e 3,5 milhões no Facebook. Entretanto, é no Youtube que ele “descompensa”, com números de popstars internacionais. Seus vídeos somam mais de 1 bilhão de views. Juntos, somente quatro de seus maiores sucessos – “Lembranças”, “Dubai”, “Coração de aço” e “Quebra cabeça” – contabilizam mais de 400 milhões de visualizações.
Tanto sucesso na web acabou levando os empresários do artista, Marcio Rolim e Eduardo Bastos, a costurar em 2017 a transição de Hungria para o mainstream. Eles aproveitaram o ótimo resultado das parcerias feitas pelo rapper com Lucas Lucco (em “Quebra cabeça”) e Gusttavo Lima (“Eu vou te buscar”) para entrar no mercado de grandes eventos rurais e até na programação das emissoras de rádios. “Antes, eu tinha dificuldade, mesmo com os amigos radialistas, para incluir alguma música na programação, mas depois das parcerias com os sertanejos as portas se abriram”, conta Rolim. No caso de Gusttavo Lima, o clipe lançado em agosto com a participação de Hungria está na casa de 100 milhões de acessos e a faixa ficou várias semanas em primeiro lugar em execuções no Brasil.
Contribuiu para essa aproximação com o mercado maior do show business a inclusão da música “Lembranças” na trilha da temporada atual de Malhação. “Estar numa trilha da Globo credibiliza o nome do artista. A música tem a ver com a temática desta temporada (Viva a diferença), em que pessoas simples, batalhadoras, enfrentam os problemas do dia a dia em busca de um lugar ao sol”, comenta o artista.
Ao contrário do que possa parecer, as influências musicais de Hungria não incluem nomes do pop ou da música urbana brasileira – exceto o líder de O Rappa, Marcelo Falcão. “O Falcão é uma exceção. Tem um estilo de cantar que me agrada muito”. Se musicalmente, Hungria se inspira no vocalista de O Rappa – além de nomes internacionais como Weeknd e Tyga –, como “história de vida” seus ídolos na música são Gusttavo Lima e Marilia Mendonça. “São guerreiros, não desistiram quando os problemas começaram a aparecer. São pessoas que, ainda muito novas, passaram a ser arrimo de família, mas não abriram mão dos sonhos mesmo sabendo que precisavam sobreviver. Esse tipo de história é encorajante”, afirma.
Ao longo da carreira de 13 anos, Hungria tem apenas um álbum físico, lançado em 2012 quando integrava o grupo Son d’Play, em Brasilia. Na fase solo, ele tem disponibilizado apenas singles, de forma digital, a maior parte acompanhados de clipes bem produzidos. Autor de todas as suas músicas, Hungria diz preferir “burilar” as ideias devagar, esculpir os versos, ao invés de criar de improviso, como alguns rappers. Trabalhando sempre ao lado do produtor Neguin Pacificadores, ele lançou mais de 60 singles. O último deles, “Não troco”, no final de novembro. A faixa faz citações a um tema recorrente no cancioneiro de Hungria: a curtição por carros rebaixados, com caixas de som potentes, vistos em festas suburbanas.
SHOWS EM TODO BRASIL
“Não troco” já entrou no setlist do show com o qual o rapper viaja o Brasil. Com cachê valorizado devido à demanda, Hungria até 2017 se apresentava basicamente em médios e grandes espaços para shows. A partir de 2018, haverá foco maior em eventos abertos, para grandes multidões. “Em novembro, ele foi destaque na Expolestes de Barra do Garças/MT. Neste ano, se apresentará no carnaval de São José dos Campos/SP e Piçarras/SC. Temos contratos em andamento com organizadores de pelo menos dez feiras agropecuárias em cidades de diferentes estados”, festeja Marcio Rolim, que também estuda a possibilidade de Hungria debutar no show business internacional. “Estamos analisando duas propostas, uma para apresentações nos EUA e outra na Europa. Mas não queremos ir para o exterior só pra fazer marketing, pra dizer que estivemos lá. Tem que valer a pena, em todos os sentidos”, avalia.
Em paralelo à carreira artística, Hungria vem faturando com publicidade. Fechou contrato com as marcas Sacerdote e Pulsation Eyewear. Além disso, tem sua loja própria, em que comercializa bonés, camisetas e moletons, entre outros itens.