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José Eboli: Rota alterada

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Já era esperado para 2015 uma mudança no resultado de vendas das gravadoras – majors e selos –, com a balança pendendo mais para os negócios digitais. De acordo com o relatório da Associação Brasileira dos Produtores Discográficos (ABPD), em 2014 o segmento físico ainda registrou pequena variação nas vendas com relação ao digital, de 52% para 48%. A tendência era que as receitas digitais superassem os 50% em 2015. Isso certamente ocorreu, porém oficialmente os números só serão anunciados pela ABPD em abril. Na Universal Music, no entanto, levantamento feito no final do ano apontou uma oscilação muito maior nos números da companhia. Até novembro, 67% dos negócios referiam-se ao mercado virtual contra 33% de receitas físicas. “Como esse formato (digital) é ainda muito baseado no repertório internacional, é natural que isso ocorra com a nossa gravadora, que detém os maiores artistas do planeta. Há uma clara tendência de mudança, como se noticia a todo momento na mídia, para o crescimento do streaming (audio e vídeo)”, explica o presidente da companhia, José Eboli. Na entrevista a seguir, Eboli cita os artistas de maior vendagem em 2015 e mostra-se entusiasmado tanto com as perspectivas que se desenham no Brasil para a cantora e instrumenista Bruna Viola quanto com o lançamento internacional de Paula Fernandes, que deve ocorrer ao longo deste ano.

SUCESSO! – Faça um breve balanço do ano de 2015 para a Universal Music Brasil.
José Eboli – Foi um ano de transformação, assim como para as demais gravadoras nesta indústria que teima em manter-se viva desde o início do mp3… Felizmente, apesar da crise econômica que o país vive atualmente, estamos mantendo nossos objetivos financeiros graças ao novo formato, o digital. Mal comparando, seria mais ou menos o que ocorreu com a chegada do CD (substituindo o vinil) e o DVD (substituindo o VHS). Além disso, hoje olhamos para todas as possibilidades de receitas advindas da música, como branding, shows, execução pública, sincronização e tantas outras que eu possa estar esquecendo no momento.

A questão da incorporação da EMI no Brasil (equipe, cast e catálogo) está totalmente concluída? Todos os lançamentos tem saído com o selo Universal ou o selo EMI ainda é usado?
Sim, totalmente incorporada e integrada. Estamos todos ocupando o mesmo espaço nos dois escritórios que temos, no Rio de Janeiro e em São Paulo. O selo EMI ainda é usado e, a exemplo do que ocorre no exterior, artistas locais são lançados pelo selo original, como Diogo Nogueira e Marisa Monte. Isso, sem mencionar o catálogo, é claro.

Temos observado muitos títulos internacionais entre os mais vendidos no Brasil, algo que há algum tempo não se via. No caso da Universal, o ranking da Nielsen trouxe em novembro, entre os mais vendidos (CDs e DVDs), nomes como Demi Lovato, Justin Bieber, Selena Gomez e Lana del Rey. Entre os brasileiros, apareceu apenas o nome de Paula Fernandes. Isso é um fato momentâneo ou os lançamentos internacionais da companhia estão com mais apelo que os nacionais?
Eu diria que é um fato momentâneo causado por uma coincidência de uma safra excelente de novos títulos internacionais e o timing de lançamento de nossos artistas locais e seus novos produtos. Isso já está se ajustando e em breve essa sensação irá desaparecendo à medida que estes coloquem no mercado suas novidades.

Além das vendas físicas, como foi a comercialização digital na Universal em 2015? Que segmento gerou mais receitas: streaming, download, views?
Atualmente estamos com um percentual de 67% de nossas receitas oriundas de todos os segmentos digitais – algo um pouco acima do mercado. Como esse formato é ainda muito baseado no repertório internacional, é natural que isso ocorra com a nossa gravadora, que detém os maiores artistas do planeta. Há uma clara tendência de mudança, como se noticia a todo momento na mídia, para o crescimento do streaming (áudio e vídeo).
A propósito, cite os artistas nacionais e os internacionais de maior faturamento na Universal Music Brasil em 2015.
Isso deve mudar com a consolidação do último trimestre, mas até outubro tínhamos os seguintes destaques: Paula Fernandes/Encontros pelo caminho; Trilha sonora Fifty shades of grey, Maroon 5/V, Madonna/Rebel heart, Taylor Swift/1989, Ivete Sangalo e Criolo/Viva Tim Maia e Sam Smith/In the lonely hour.

Fale sobre o braço de management da empresa (GTS). Quem está à frente? Quem são os principais nomes do cast? Qual a expectativa deste departamento para 2016?
É uma nova experiência para a companhia que estamos levando com bastante cuidado. Quem está à frente é a Chris Keul, que trabalhou diretamente com Claudia Leitte durante os últimos oito anos, sendo que nos associamos à Live Talentos para a comercialização dos shows. Temos dois nomes com total management e booking, que são Bruna Viola e Sam Alves. Além desses estamos também trabalhando em parceria (co-management) com Rodrigo Marin e Move Over. A expectativa é de um crescimento orgânico para 2016, ancorado nos resultados de promoção e marketing de seus produtos fonográficos.

Bruna Viola é apontada pela crítica como a maior aposta do sertanejo para os próximos anos. Concorda com isso?
Totalmente de acordo. A Bruna, apesar de muito jovem (acaba de completar 22 anos), já se apresenta nos palcos desde os 11 anos. Ela é uma instrumentista de nível excepcional, tem em Tião Carreiro sua maior fonte de inspiração e conhece a música sertaneja de raiz como poucos. Bruna tem sido extremamente bem recebida pelos veículos de comunicação e tem tudo para se tornar um grande nome já em 2016. Talento de sobra ela possui.

É sabido que Paula Fernandes focará o mercado internacional em 2016. O que a Universal está programando para o exterior em termos de promoção da imagem e do trabalho artístico de Paula? Que países serão trabalhados inicialmente?
A projeção da Paula no exterior tem sido orgânica e feita com muito cuidado. No fim do ano ela esteve em Las Vegas, onde se apresentou duas vezes. A primeira, homenageando Roberto Carlos, em parceria com o duo Camila, do México. A segunda, já no telecast (transmissão de TV para todo o mercado latino, pelo canal Univisión) fazendo um dueto com Alejandro Sanz (“A Que No Me Dejas”). Aliás, o mesmo que ela gravou no novo DVD do cantor (em Madri) e que será colocado no mercado em janeiro. Como sempre, Paula encantou a todos os presentes e pavimentou ainda mais seu caminho em direção a outros mercados. Vale dizer que num espaço de três ou quatro anos ela foi a única artista brasileira a apresentar-se no telecast do Grammy (a primeira vez foi com o cantor Romeo Santos). Jesus Lopez, o chairman da região Latino Americana, está à frente do projeto internacional e no momento oportuno identificará a melhor estratégia para esse trabalho.

Entre os diversos nomes do cast nacional da companhia, certamente deve haver diferentes modelos de contratos? Pode dar mais detalhes e exemplos?
Realmente hoje o mercado trabalha com vários e diferentes modelos. Nós temos cerca de 45 artistas com vínculo contratual com a companhia. A maioria deles com contratos diferentes entre si. Há muitas variáveis (que são confidenciais) ditando as regras entre as partes. Hoje, a necessidade de ser flexível é fundamental.

Como vocês trabalham as redes sociais da companhia?
Temos uma equipe de jovens cuidando dessa área, subordinada à Direção de Marketing e que trabalha lado a lado com os label managers dos dois repertórios. É um trabalho cuidadoso, minucioso e que se baseia totalmente em dados estatísticos para um melhor aproveitamento. Há muita análise, aplicação de best practices (dos demais países onde a Universal Music opera) e que visa a promoção do artista na internet. Fundamental hoje em dia!

Em que situação encontra-se o selo Arsenal Music?
O selo está sendo relançado digitalmente. O Badauí (CPM22) é o nosso curador para as bandas que estejam interessadas em se lançar no mercado através do selo e a plataforma irá proporcionar a distribuição digital e a promoção na rede. Muitos lançamentos estão sendo considerados neste momento.

Foto: Thiago Mourato

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