Notícias

ONERpm: A Cereja do Bolo

onerpm1

Quanto o mercado de música digital mudou no Brasil nos últimos três anos? Parece um curto espaço de tempo, mas desde 2012 o cenário se transformou completamente. Nesse período, o streaming se consolidou como o segmento responsável por alavancar o faturamento das empresas que atuam na área. Se os primeiros anos de convívio com a música digital foram de incerteza, o futuro se apresenta com ótimas perspectivas para aqueles que sobreviveram a todas essas mudanças. Essa visão é compartilhada por Arthur Fitzgibbon, responsável pela ONErpm no Brasil. Fundada em 2010 nos Estados Unidos, a empresa de distribuição de música e marketing digital fez do nosso país sua principal base, desde que começou a operar por aqui, em 2012. Atualmente, ela representa mais de 28 mil artistas e selos em todo o mundo, incluindo Michel Teló, Racionais MC’s, Valesca Popozuda, Claudia Leitte, Patati Patatá , Lulu Santos e Lenine, entre outros.

Em três anos, alguns dos principais serviços de streaming se instalaram no país, tendo aumento constante no número de assinantes desde então. Por sua vez, o iTunes, loja virtual da Apple que opera desde a década passada, cresceu menos, mas continuou representando importante parcela nas receitas das discográficas. “O digital é o pilar central de toda nossa indústria, porque é dali que as pessoas vão aprender a consumir música. Por exemplo, para ir a um show, você precisa conhecer a música daquele artista. Como você vai fazer isso? No digital. Dificilmente alguém liga o rádio e fica esperando até tocar a música do artista do seu interesse”, analisa o executivo.

Os números da ONErpm são animadores e ilustram bem o ótimo momento vivido pelo mercado de música digital. “Na ONErpm, o crescimento médio mensal em 2015 foi de 20%. Num país em recessão como o nossa, quem consegue crescer a essa taxa?”, indaga Arthur, reafirmando a importância do streaming nesses números. “Entre o primeiro trimestre de 2014 e igual período de 2015, tivemos um crescimento de 500% em faturamento com streaming. Isso em um mercado muito jovem”.

A expectativa é de que haja pelo menos mais quatro anos de crescimento expressivo no segmento. “O Brasil é o segundo mercado mais importante para música digital, perdendo apenas para os Estados Unidos. Dentro da nossa estimativa, esse mercado deve se consolidar, com crescimento forte, pelos próximos dois anos. Em 2017, provavelmente começaremos a sair da recessão e, com o mercado já consolidado, ainda prevemos crescimento continuo até 2019. Estamos falando apenas de Brasil”, avalia Arthur Fitzgibbon.

Por ir além da simples distribuição digital, a ONErpm tende a ser uma das protagonistas na consolidação do mercado de música digital, em especial o streaming, no Brasil. Em pouco tempo de atuação, a empresa já tem alguns cases que mostram o quanto é importante trabalhar de forma personalizada com cada artista, garantindo não só sua presença em plataformas digitais, como cuidando para que isso se torne um acontecimento, a ponto de chamar atenção de público e mercado.

O maior exemplo desse trabalho é a inclusão do grupo Racionais MC’s no mercado digital. Só a partir de 2012 que Mano Brown e companhia aceitaram colocar a obra do grupo em lojas e serviços online. Por ter um cuidado muito grande com a imagem do quarteto, tudo teve que ser feito de forma cuidadosa. “Pra se ter uma ideia, nem canal no YouTube eles tinham, então começamos por aí. Com isso, os integrantes passaram a entender como funciona o digital. Num segundo momento, pedimos para o grupo criar uma coletânea de dez músicas e a colocamos só no iTunes – isso, em dezembro de 2012. O álbum foi o número 1 de vendas naquele mês”, lembra Arthur.

Com o sucesso da empreitada, tinha chegado a hora de testar os rappers no streaming. “Depois de uns três ou quatro meses, essa coletânea foi para o Deezer e deu certo. No final de 2014, o Google Play estava entrando no Brasil e precisava de um artista popular para ser trabalhado. Sugerimos o Racionais e a ideia foi aceita – tanto pelo pessoal do Deezer quanto pelo grupo. Essa foi a primeira vez que a discografia completa do Racionais foi disponibilizada para streaming e download”, relembra o executivo.

Entre os discos disponibilizados no Google Play, estava o atual lançamento do grupo, Cores e Valores. É aí que entra o “algo a mais” do trabalho da ONErpm, que vai além de colocar um artista no digital. “Esse disco estava em produção há treze anos, mas não estava finalizado. Nós entramos diretamente nesse processo, auxiliamos o pessoal do Racionais a mixar em Nova York, a masterizar. Então, nos envolvemos como uma gravadora dentro do Cores e Valores”, relembra o executivo. Só depois de um ano com streaming exclusivo pelo Google Play, o catálogo do Racionais chegou ao Spotify, com uma grande ação de marketing que gerou um barulho imenso entre fãs e profissionais do mercado.

INOVAÇÕES PARA 2016

Na estratégia da ONErpm, o streaming não anula o rádio, mas complementa. Entre os planos da empresa para 2016 está a criação de formatos específicos para rádios dentro das principais plataformas, como Spotify, Deezer e Google Play. A ideia de Arthur é que essas emissoras ofereçam conteúdo diferenciado, gerando uma nova experiência ao usuário, sendo remuneradas por isso. “Vamos supor que uma rádio tenha em sua programação o Top 10 (diário, semanal etc.), apresentado aos ouvintes por um locutor. Quando esse radialista fala sobre uma música, isso influencia na maneira como você vai ouvi-la. Então, se a rádio mandar as locuções, que são faixas de áudio, entre as músicas, todo mundo vai sair ganhando. O usuário vai ouvir como se fosse um programa de rádio, com uma espécie de curadoria sobre aquele material, e a rádio receberá pela reprodução do seu conteúdo”, explica o executivo, revelando que espera colocar mais de mil rádios nesse formato.

Outra aposta da ONErpm para esse ano está em um novo modelo de monetização de conteúdo no YouTube. Atualmente, o site da Alphabet gera lucro aos produtores de conteúdo através de anúncios publicados e concluídos. Mas quem escolhe esses anúncios? O YouTube. Porém, a plataforma de vídeos criou um novo modelo, no qual anúncios poderão ser direcionados para conteúdos específicos. “Agora, podemos vender anúncios e colocar nos vídeos dos nossos artistas. Então, posso trazer essa verba que os anunciantes já direcionariam ao YouTube e fechar dentro do conteúdo que estivermos trabalhando. O primeiro reflexo disso será um aumento no faturamento de todos os nosso artistas/clientes”, diz Arthur, afirmando que a ONErpm é uma das poucas empresas no Brasil a ter esse tipo de contrato.

Cada vez mais a distribuição digital vai se tornando apenas um braço da ONErpm. Nesse ano, a empresa também passará a fazer o recolhimento autoral das obras disponibilizadas no YouTube, não apenas dos fonogramas. “Então, qualquer editora e artista poderá recolher seus direitos através da ONErpm. Dando certo, ao longo de 2016 a ideia é fazer o mesmo em todas as plataformas nas quais atuamos”, diz Arthur.

Foto: Thiago Mourato

Clique para comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Topo