Entrevistas

Paulo Ricardo: Novos e velhos álbuns

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Com mais de 30 anos de estrada, Paulo Ricardo é um exemplo de artista que soube se reinventar com o tempo. Entrou no mercado como jornalista da área musical, mas logo se tornou líder de uma das bandas mais importantes do Brasil nos anos 80, RPM. Na sequência, emplacou hits românticos em carreira solo e, mais recentemente, abriu um caminho interessante na televisão. Durante todo esse tempo, o rock sempre esteve em sua biografia, em maior ou menor quantidade. Mas nunca faltou, seja na música ou em qualquer outra atividade exercida por ele.

E é justamente o rock que dita o tom do novo disco de Paulo Ricardo. O título não poderia ser mais autoexplicativo: “Novo Álbum”. Para registrar o trabalho, que marca sua volta à Universal Music após 15 anos, o artista buscou inspiração no método utilizado pelas lendas do rock and roll. “Como em tudo na vida, com o tempo a gente vai ficando mais seletivo e neste trabalho busquei métodos e resultados diferentes de tudo o que eu já fiz. Gravamos como os Beatles e os Stones faziam nos anos 60: todos juntos no estúdio, praticamente ao vivo, o que trouxe mais vida, mais suingue e uma sonoridade mais orgânica”, adianta Paulo. Ele contou com os produtores Marcelo Sussekind, João Paulo Mendonça e Guilherme Canaes nessa empreitada.

Segundo Paulo, o conceito de novo não está apenas no título, mas em tudo que diz respeito ao álbum. “A começar pela foto do meu filho (Luis Eduardo) na capa. Estou me sentindo no começo da carreira. Mas, com a experiência de 30 anos, fui buscar uma sonoridade anos 70, no blues, no folk e no velho e bom rock and roll, com um toque de psicodelia. O lado eletrônico e contemporâneo vem na faixa Juntos, super dançante, produzida pelo DJ FTampa”, explica. Se a capa do disco homenageia o filho, a primeira música de trabalho, já em rotação nas rádios, foi composta para a filha de Paulo Ricardo, a pequena Isabela. “Apesar de ter apresentado anteriormente a faixa ‘Raios-X’ no Superstar, optamos por começar com ‘Isabela’. No Brasil e no mundo o rádio não está muito pro rock, e ‘Raios-X’ é uma das mais pesadas do CD”. A nova turnê, intitulada “Novo Show”, estreia no Vivo Rio, em 22 de janeiro, e depois segue pelo país.

Em 2015, o público teve a oportunidade de ver Paulo Ricardo mais vezes na televisão. O artista foi um dos jurados da segunda temporada do “Superstar” (Globo) e acabou ganhando um quadro no “Vídeo Show” (Globo), no qual relembra as trilhas que marcaram as grandes produções da emissora carioca. Com tanto conhecimento de causa, nada mais justo que pedir a Paulo Ricardo a relação dos dez álbuns que mais influenciaram sua carreira. Ele topou o desafio e criou uma lista com obras lançadas quando tinha entre 9 e 14 anos de idade. Nesse período, de 1971 a 1975, o artista formou as bases para o que viria ser o seu som nos anos seguintes. E, como vimos nas linhas acima, muito dessa fase está presente em seu novo disco. Confira:

“Roberto Carlos Em Ritmo de Aventura” – Roberto Carlos (1967)

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Aqui, Paulo Ricardo relembra um dos maiores clássicos de Roberto Carlos, que apresentava a trilha sonora do filme de mesmo nome, repleta de hits como “Eu Sou Terrível”, “Por Isso Eu Corro Demais” e “Eu Só Vou Gostar De Quem Gosta De Mim”. “Tanto o disco quanto o filme foram responsáveis por apontar o caminho profissional que eu queria seguir. Além disso, foi uma honra ter cantado ‘Namoradinha De Um Amigo Meu’ (lançada na mesma época) no especial do Rei em 2015”.

“Help!” – The Beatles (1965)

The-Beatles---Help!Assim como o disco de Roberto Carlos, “Help!” também incluía as músicas-tema do filme homônimo, lançado dois anos antes. “Esse clássico foi o primeiro disco que comprei na minha vida e representou minha filiação à beatlemania”.

“Led Zeppelin IV” – Led Zeppelin (1971)

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Considerada uma das maiores bandas de todos os tempos, o Led Zeppelin vendeu milhões de discos e influenciou toda uma geração de artistas. Paulo escolheu um dos discos mais celebrados dos britânicos. “Eles inventaram o heavy metal e esse disco ainda traz a obra prima ‘Stairway To Heaven’”.

“Machine Head” – Deep Purple (1972)

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Ao lado do Led Zeppelin, o Deep Purple se tornou uma das principais bandas de heavy metal dos anos 70, lançando uma sequência de álbuns clássicos. Paulo Ricardo escolheu o trabalho que apresenta sucessos do porte de “Highway Star”, “Space Truckin’” e “Smoke On The Water”. “Eles eram os únicos realmente páreos para o Led”.

“Sticky Fingers” – The Rolling Stones (1971)

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Lançado no comecinho dos anos 70, esse álbum apresentou duas novidades na época: foi o primeiro com o guitarrista Mick Taylor e marcou a estreia do tradicional logotipo da língua. “Com 10 faixas (cinco em cada lado), entre elas ‘Bitch’, ‘Brown Sugar’ e ‘Wild Horses’, é um clássico do rock”.

“Transa” – Caetano Veloso (1972)

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O registro histórico aconteceu em Londres, no final de 1971, quando Caetano ainda estava exilado, por conta da ditadura militar. Nomes como Jards Macalé, Aureo de Souza, Tutty Moreno e Moacir Albuquerque foram músicos que ajudaram a formatar a sonoridade única do álbum, lançado em 1972. “O exílio fez bem a Caetano”, afirma.

“Clube Da Esquina” – Milton Nascimento e Lô Borges (1972)

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Liderado por Milton e Lô, o Clube da Esquina foi na verdade um grupo formado por Beto Guedes, Toninho Horta, Fernando Brant e Wagner Tiso, entre outros. Juntos, eles uniram a bossa nova a elementos de jazz, Beatles e música folclórica, tudo no mesmo caldeirão. Daí surgiram clássicos como “Um Girassol Da Cor Do Seu Cabelo”, “O Trem Azul” e “Cais”. “Este disco, com faixas incríveis, mostra o auge do Bituca como músico e compositor”.

“Fruto Proibido” – Rita Lee & Tutti Frutti (1975)

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Segundo álbum lançado pela parceria entre Rita Lee e a banda paulistana Tutti Frutti, o disco é comumente listado entre os melhores da história do rock brasileiro. “Tem canções como ‘Ovelha Negra’, ‘Agora Só Falta Você’ e ‘Esse tal de Roque Enrow’. É um verdadeiro clássico do gênero”.

“Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim” – Frank Sinatra e Tom Jobim (1967)

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Esse foi o resultado do encontro entre uma das maiores vozes do mundo, ícone do jazz, e o maestro que ajudou a levar a bossa nova ao mundo. Nele estão as antológicas “The Girl From Ipanema” (Garota de Ipanema) e “How insensitive” (Insensatez) “São, simplesmente, dois gênios reunidos no mesmo disco”.

“Let’s Get It On” – Marvin Gaye (1973)

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Após o estrondoso sucesso do antológico “What’s Going On” (1971), Marvin vivia um momento atribulado em seu casamento com Anna Gordy Gaye, que estava chegando ao fim. Esse fato, aliado a uma tentativa de se livrar de traumas antigos, foi o combustível para outro disco histórico. Paulo Ricardo ressalta o forte teor sexual de algumas canções, como a própria faixa-título. “É um álbum que só pode ser resumido por ‘sexo puro”, diz.

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