Clássico da música popular brasileira lançado em 1976 por seu autor, Guilherme Arantes, “Meu Mundo e Nada Mais” acaba de ganhar uma nova versão. O single une a cantora carioca Alaíde Costa, diva revelada no movimento da Bossa Nova, e o cantor paulistano. A gravação intimista aconteceu em 6 de dezembro passado, sob produção de Marcus Preto, e chega agora aos aplicativos de áudio.
“Eu sempre adorei essa música e tinha vontade de fazer minha gravação há muito tempo”, conta Alaíde, que chegou a ensaiar “Meu Mundo e Nada Mais” para uma canja em show do próprio Guilherme Arantes, no Blue Note de São Paulo. “Mas no dia do show, acordei rouca e acabei só assistindo o Guilherme cantar. Naquele momento, a vontade de gravar a minha versão só aumentou. Essa letra tem tudo a ver comigo.”
Fã de Guilherme Arantes desde a adolescência, o produtor Marcus Preto articulou a parceria. Aproveitando uma passagem Guilherme por São Paulo (ele hoje mora em Ávila, na Espanha), levou o compositor e a cantora ao estúdio e em apenas três takes, estava gravado o dueto. “Guilherme é um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos, um gênio, e se conectou completamente ao universo de Alaíde”, diz Marcus Preto. “Ela é uma intérprete das que gostam de músicas tristes. Portanto, essa canção caiu perfeitamente na voz e no universo musical dela. O mais maluco é a gente pensar que se trata de uma composição escrita no final dos anos 1960 por um adolescente e que agora ganha o peso da voz de uma artista de 88 anos. A canção é tão consistente que tem igual força nas duas pontas dessa linha do tempo. Só as obras-primas conseguem tanto.”
Guilherme afirma que o encontro com Alaíde foi um momento muito aguardado por ele, pois, ao longo de muitos anos, acalentou o sonho de se aproximar dessa ala da MPB. E de Alaíde em especial, dada a trajetória da cantora em momentos que pontuaram a juventude do compositor, desde “O Fino da Bossa”, programa da TV Record nos anos 1960, até a participação dela no álbum do “Clube da Esquina”.
Ele conta que compôs “Meu Mundo e Nada Mais” no ano de 1969, sob o impacto do festival Woodstock, marco musical, cultural e comportamental daquela geração. “Essa canção é um manifesto da minha revolução pessoal”, diz. “Em vez de estar nos movimentos políticos estudantis, eu ia em busca desse ‘meu mundo e nada mais’, que celebro agora ao lado de Alaíde, uma intérprete que imprime uma emotividade absurda, a escolha fulminante para uma música que começa com os versos ‘quando eu fui ferido, vi tudo mudar’”, continua o artista, que tocou piano na gravação, empreendendo levada “mais bluseira, mais Mississipi, na raiz do gospel americano”.
Aliás, em paralelo ao single com Guilherme Arantes, Alaíde segue em estúdio gravando repertório inédito para um novo álbum, produzido por Emicida, Pupillo e Preto, que também tem lançamento previsto para 2024.
Ouça “Meu Mundo e Nada Mais”, com Alaíde Costa e Guilherme Arantes: