É preciso explorar diferenciais quando se busca destaque em qualquer que seja a área de atuação. Claro que esta máxima se aplica à música. É o que está fazendo Victor Hugo & Americano, mais uma dupla talentosa entre as centenas – renomadas ou emergentes – que diariamente ocupam a programação das emissoras de rádio. Americano, na verdade Eduardo, nasceu em Minas Gerais e foi criado no Pará. É fã de country music e outros gêneros gringos (daí o apelido), toca gaita e tem um timbre, de médio pra grave, totalmente diferente do apresentado pelos primeiras-vozes do sertanejo. O casamento de sua voz com a do goiano Victor Hugo é tão bom que fica difícil não prestar atenção no som que eles fazem.
Com três anos de carreira, a dupla, formada em São Paulo mas baseada em Goiânia, já alcançou reconhecimento em praças como Goiás e Minas Gerais. Agora, acredita estar pronta para conquistar outros mercados. Tudo por conta da recém-lançada “Mete o Pé”, tão engraçada quanto pegajosa. “Ela conta uma historinha bacana, da garota linda que não é valorizada pelo parceiro. Então, o refrão sugere que a moça meta o pé na bunda dele e vá tentar ser feliz com outro”, explica Americano, sobre a faixa que compôs com Danilo D’Ávila.
Produzida por Flávio Guedes, a música começou a ser divulgada em meados de janeiro e logo ganhou videoclipe, com direção de Flaney Gonzallez. “A repercussão nas redes sociais foi muito boa. Em dez dias, tivemos mais de 100 mil visualizações, um recorde em comparação a outros lançamentos nossos”, festeja Victor Hugo, revelando que alguns artistas famosos tentaram, em vão, regravar a canção assim que ela foi lançada, o que poderia ofuscar o sucesso que ela vem fazendo com a dupla. “Felizmente conseguimos administrar a situação – até porque sou um dos autores”, confirma Americano.
Após bombar na internet, a música começa a frequentar a parada das rádios. “É ótimo emplacar um hit em janeiro e fevereiro, aumenta a possibilidade de venda de shows no restante do ano”, festeja Victor Hugo, que em 2015 viu duas músicas da dupla alcançar boa repercussão no mercado – a romântica “Pra Lembrar de Mim” e o batidão “Beijo Envenenado”.
MANAGERS COMPETENTES
Os jovens (de 25 e 26 anos, respectivamente) dividem o bom momento da carreira com seus empresários, Orlando Fleury (que está com os dois desde o início) e Rodrigo Biça, este último o descobridor de Lucas Lucco. “Conheci o Rodrigo numa festa na casa do Sorocaba. Mostrei algumas músicas da dupla pra ele, que gostou e passou a nos acompanhar na internet. Curtia, comentava. Mais pra frente, eu e o Orlando encontramos com ele por acaso em Goiânia. Rodrigo elogiou nosso trabalho, deu algumas dicas e prometeu pensar na hipótese de ser sócio no produto. Alguns meses depois nos ligou e oficializou a parceria”, explica Victor Hugo. Americano continua: “A primeira sugestão do Rodrigo foi que trocássemos São Paulo por Goiânia. Pra nós, a mudança foi ótima. Goiânia respira sertanejo. Lá é possível encontrar a todo momento profissionais que atuam nesse segmento. Passamos a tocar em casas famosas da cidade como Wood’s, Santafé Hall e Villa Mix”.
Por conta da parceria com Rodrigo Biça, a dupla tem agregado valor ao seu trabalho. No CD lançado em 2015, Lucas Lucco faz uma participação em “Bebo Dobrado”, misto de sertanejo com sofrência. Loubet, contratado da FS Produções (empresa sócia de Biça em Lucas Lucco), gravou com os dois a inédita “Dejavu”, modão que pode ser a próxima a ser trabalhada. Esta faixa foi produzida por Fernando Zor, que também assina a produção de outras duas mantidas ainda na gaveta: a sofrida “Puxe a Cadeira” e a animada “Camaroteando”. “Essas músicas farão parte de um próximo projeto nosso, a ser lançado até o final do ano”, explica Americano.
Influenciados por nomes como Zezé Di Camargo & Luciano, Chitão & Xororó e Matogrosso & Mathias – além de Brooks & Dunn, Jason Aldi e Bruno Mars –, Victor Hugo & Americano procuram nos shows incluir elementos pop, indo além do sertanejo com influências country. “Mete o Pé”, de certa forma, é uma síntese do que eles fazem: começa com um slide de violão, segue pela interpretação rural de Americano, pra explodir num refrão chiclete, com sanfona, bateria e outros instrumentos. A faixa tem a essência dos rapazes, mas com a pegada comercial, pra tocar em baladas, carros de som e rádios.
