Entrevistas

O gigante está maior

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Entre abril de 2014 e maio de 2015, os grupos Só Pra Contrariar e Raça Negra, dois dos maiores representantes da geração mais bem sucedida do pagode, se reuniram para um projeto grandioso em todos os aspectos. Durante um ano, eles rodaram o Brasil com o show Gigantes do Samba. Foram 33 apresentações, que alcançaram um público de mais de 1 milhão de pessoas. A iniciativa gerou a produção e lançamento de CD e DVD, coordenados pela Sony Music e Som Livre.

Contudo, um ano se mostrou um período muito curto para um projeto desse porte. Ao final da turnê, os artistas seguiram suas agendas individuais, mas a procura pelo show conjunto ainda continuava grande. O sucesso da empreitada levou os empresários Allan Caramaschi e Aldo Braghetto a retomarem a parceria, criando o Gigantes do Samba II.

Algumas mudanças aconteceram para essa nova edição do projeto, o que o tornou ainda mais atraente, tanto para público quanto para os contratantes. A primeira grande novidade é a entrada do cantor Belo que, durante anos foi integrante do grupo Soweto, outro grande representante do pagode noventista, que depois seguiu numa bem sucedida carreira solo. “Achei que seria muito melhor a volta do Gigantes, só que de uma maneira diferente, em dose tripla. E um terceiro Gigante só poderia ser o Belo, por toda sua história, que também é ligada diretamente aos anos 90, como a do Raça Negra e do SPC”, diz Allan Caramaschi.

Outra mudança significativa visa facilitar a logística. Ao invés de duas bandas (ou três, se considerarmos a de Belo), o Gigantes do Samba terá apenas uma, formada especialmente para a turnê, com treze integrantes. Eles acompanharão Alexandre Pires, Luiz Carlos e Belo em todas as apresentações. “Com isso, fica mais viável para os contratantes. É muito menos gente viajando. E é uma banda só, com três artistas no palco”, explica Aldo. De resto, a proposta é basicamente a mesma: o público poderá conferir os maiores sucessos dos três artistas, com novas roupagens. Também há espaço para três canções inéditas, cada uma com um estilo bem distinto. Uma delas é “Coisa Diferente” que, com ritmo contagiante e pegada meio latina, tem cara de sucesso radiofônico. Assinada por Alexandre Pires, a letra faz referências aos três ‘Gigantes’ do projeto. As outras inéditas são “Gratidão” e “Não Era a Hora”. A produção musical também está a cargo do ex-vocalista do SPC.

A estreia do Gigantes do Samba II aconteceu no dia 5 de março, em Posadas (Argentina), país no qual os artistas tem uma base fiel de fãs. “Tanto o Raça Negra, como o Alexandre tem um mercado muito forte na América Latina. O Raça já fez vários shows na Argentina, em estádios com lotação total. Já o Alexandre alcançou sucesso tanto pelas suas canções com o Só Pra Contrariar, quanto em carreira solo, quando teve destaque em toda o continente”, diz Allan. “E soma-se a isso tudo o Belo. Além da Argentina, eles tem uma quantidade enorme de fãs em países como Paraguai e Chile. Tanto que a ideia é realizar mais shows pela América do Sul ainda neste ano. Também houve solicitações de outras regiões como Europa e Estados Unidos”, completa Aldo.

Após levar seu som aos hermanos, o projeto fez a estreia nacional em Recife (PE), no dia 11 de março. A partir daí segue uma turnê com mais de 80 shows até, pelo menos, março de 2017. “Para isso, travamos as três agendas. Durante esse período não haverá show nem divulgação solo de Alexandre Pires, Raça Negra e Belo. Todos estarão dedicados exclusivamente ao Gigantes”, explica Aldo. A comercialização das apresentações será feita exclusivamente pela Infinit, empresa que surgiu da união entre a Coração Produções, de Allan Caramaschi, e a Ghetto Produtora, de Aldo Braghetto. “Essas empresas não existem mais. Agora, estamos todos juntos na Infinit. E já começamos com esse grande projeto”, comemoram.

Segundo os empresários, um dos pontos que contribuiu para o sucesso do Gigantes do Samba é o seu pioneirismo. Nos moldes em que foi concebido, o show ganhou ares de superprodução, com custo x benefício bom para todas as partes. “Fomos pioneiros nesse formato, que une grandes artistas, dividindo o mesmo palco e interagindo entre si”, diz Allan. “Há outros artistas que se reuniram recentemente para shows em conjunto após o êxito do projeto Gigantes. Em uma época como essa, é importante oferecer mais para contratantes e ao público. São três artistas de peso na mesma noite, com apenas uma produção e um cachê. Já o povo sai de casa para uma festa, um evento completo, não apenas um show. São mais de três horas de diversão”, completa Aldo.

A APOSTA DOS GIGANTES

Além de Alexandre Pires e do Raça Negra, a Infinit conta com uma voz da nova geração em seu casting. A cantora Ana Clara já vem trilhando um bom caminho no samba e, agora, ganha um upgrade e tanto na carreira. Ela será responsável por abrir todos os shows da turnê Gigantes do Samba II. Além disso, interpretará “Volta Pra Ela”, sucesso do Raça Negra, ao lado de Alexandre Pires, Luiz Carlos e Belo. “Ao contrário do que acontece em outros gêneros, no samba quase não se vê renovação. Até surgem produtos, mas é difícil para a maioria deles se estabelecer no mercado”, analisa Allan Caramaschi. “O Alexandre já conhecia há tempos o trabalho da Ana Clara. Ele curtiu muito, até porque estamos falando de uma grande intérprete. O Belo passou a conhecê-la no ano passado, quando a convidou para fazer alguns shows com ele. Aí, o Allan apresentou o trabalho da Ana ao Luiz que também gostou muito”, justifica Aldo.

Em fevereiro, Ana Clara lançou o primeiro single como contratada da Infinit, “Sonho de Amor”. A faixa faz parte de seu novo álbum. As gravações acontecem no estúdio Gravodisc, no centro de São Paulo. O local foi o mesmo escolhido para produzir as canções inéditas e as novas versões para os sucessos dos Gigantes. Além de já ter conquistado seus novos colegas de escritório, Ana Clara se encaixa perfeitamente no perfil buscado pela Infinit. Ao seu favor, está o fato de não ser uma novata na música. Apesar de ainda ter muito espaço para crescer, ela já está na estrada há algum tempo. “Temos uma grande experiência no ramo e queremos trabalhar com artistas que queiram fazer uma carreira de verdade, não um projeto passageiro. A Ana Clara tem tudo para se consolidar como uma das maiores vozes da nova geração do samba”, analisa Allan.

Entre os planos para o futuro, está a retomada da carreira internacional de Alexandre Pires. O projeto, que poderia ter sido colocado em prática já nesse ano, foi adiado pelo próprio artista, que preferiu cair na estrada com o Gigantes do Samba II. “A intenção é recomeçar esse processo a partir dos Estados Unidos. Inclusive, abriremos um escritório da Infinit em Los Angeles. Nossa ideia é que ele já esteja funcionando plenamente em 2017”, revela Aldo. Os sócios também destacam que a empresa não será especializada apenas em artistas de samba e pagode. “A ideia é justamente o contrário. Estamos negociando com alguns nomes de segmentos distintos”, diz Allan.

MÚSICA E BOLA

Como o próprio nome da empresa indica, os negócios da Infinit não vão se restringir à música. Na verdade, vale destacar aqui o nome completo dessa empreitada: Infinit Music & Ball. “Estamos fechando uma parceira para gerenciamento de carreiras de jogadores de futebol. Vamos representar esses atletas, alguns de renome internacional, através da sede no Brasil, filial nos Estados Unidos e, também, em outros países”, adianta Aldo. “Será feito um gerenciamento desde a base até a representação comercial. Há muitos jogadores como o Neymar escondidos por aí, que não tem oportunidade de serem vistos e apresentados. A Infinit será a empresa que vai dar todo o suporte, cuidar da imagem desses atletas, apresentá-los às pessoas certas e cuidar dessa parte comercial”, completa Allan.

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