Nascida na maior metrópole do país e com mais de uma dezena de discos de forró gravados, a cantora Andreza optou por trilhar nos últimos anos o caminho inverso do gênero pelo qual sempre foi apaixonada. Enquanto a música sertaneja deixou o campo, a partir dos anos 90, para conquistar o público das grandes cidades, a artista paulistana começa a se destacar em palcos e emissoras de rádio do interior de São Paulo, Minas, Paraná e outros estados.
A decisão de trocar o forró pelo mundo sertanejo não veio por oportunismo. Andreza nasceu na capital paulista, mas ainda criança já convivia com o campo e a música caipira, curtindo as férias com os avós, que moravam no interior de Minas. Apaixonou-se pelas modas de viola e logo se viu cantarolando sucessos de Milionário & Zé Rico e Chitãozinho & Xororó. “Gravar meu primeiro CD de música sertaneja, em 2015, foi a realização de um sonho. Ter me tornado uma artista de forró, muito antes, é que foi obra do acaso”, resume a cantora.
No início de carreira, surgiu a oportunidade de gravar um CD com canções de vários ritmos. A única faixa na qual cantava forró foi justamente a que despertou a atenção de uma gravadora. “Eles me contrataram para outro disco, só com canções do gênero. E a carreira emplacou, até que passei a ser chamada de ‘Princesinha do Forró'”, lembra. A cantora poderia ter se acomodado com o sucesso, mas o destino, somado ao desejo de “migrar” para o mercado sertanejo, acabaram trazendo um novo desafio.
A história começou a mudar quando Claudio da Cruz, diretor da Ita Produções e Eventos, foi a um show da artista, em Guarulhos. Ele gostou do que viu e fez um convite à cantora. Porém, com uma condição. “Eu só a contrataria se fosse pra investirmos numa carreira sertaneja”, admite o empresário. Andreza topou na hora. “Eu brinco, dizendo que ele me ‘resgatou’. Adorei a condição imposta (risos). Mas não minimizo o que aprendi enquanto cantei forró. Gravei 11 discos e realizei muitos shows, o que me deu bagagem. Já são 20 anos de carreira”, reflete.
Pouco mais de dois anos após essa guinada, Andreza já tem motivos para celebrar. Apresentada ao meio sertanejo com o álbum Pra viver você, lançado em 2015, a artista emplacou dois hits no ano passado: a romântica Amando por nós dois e a divertida Quem manda é eu. O primeiro single tem tocado em São Paulo, no Rio, nos estados do Sul e no norte de Minas. E o segundo conquistou regiões onde o público prefere canções mais animadas. “Foi muito bem na Bahia. Aliás, lançamos a canção no circuito Barra-Ondina, no Carnaval do ano passado, quando tive o prazer de dividir um trio elétrico com Margareth Menezes”.
As duas faixas estarão no segundo disco sertanejo da artista, a ser lançado de forma independente ainda no início deste ano. Andreza foi a responsável pela escolha do repertório. “O Claudio me ajudou bastante, ouvindo comigo dezenas de canções. Prestamos atenção em cada detalhe, incluindo a mensagem que cada música passava. Não queria gravar nada que denegrisse a imagem da mulher ou que tivesse frases de duplo sentido”, explica.
No final das contas, aparecerão neste trabalho composições de autores sertanejos importantes, casos de Fátima Leão e da cantora Paula Mattos. Além de nove faixas inéditas, o projeto trará a regravação de Pedacinhos, sucesso das Irmãs Galvão.
Perguntada sobre outras cantoras que a influenciam, Andreza cita, sem pestanejar, Marisa Monte, Ivete Sangalo, Maria Rita e Roberta Miranda. Entre as vozes masculinas, destaca Tiago Iorc, de quem virou fã recentemente, e Daniel. O maior sonho da cantora, inclusive, é dividir o palco com o sertanejo. “Já falei isso em outras entrevistas. De repente, uma hora ele lê ou ouve esse meu desejo e, quem sabe, o mesmo vira realidade”, brinca.
Por falar em palcos, Andreza viveu ótimos momentos em 2016 em cima deles. Teve a oportunidade, por exemplo, de cantar pela primeira vez em rodeios e outras grandes festas, dividindo as atenções do público com duplas do quilate de Jorge & Mateus e Simone & Simaria. Em 2017, a ideia é rodar o Brasil. “Temos um espetáculo montado para grandes festas, com oito músicos e bailarinos. Se procuramos manter uma agenda enxuta em 2016, deixando mais tempo para gravação do CD e divulgação em rádio, agora é hora de cair na estrada”, planeja Claudio. Andreza emenda: “E além de mais shows, queremos que este novo CD também abra caminho para um DVD. Se possível, ainda neste ano”.