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Gestor de carreiras: Rommel Marques fala sobre seu trabalho

Rommel Marques 1

Não é de hoje que Rommel Marques brilha na indústria da música. Carioca, ingressou no mercado aos 15 anos (como DJ), trabalhou como radialista em emissoras do Rio e, entre 1986 e 2012, tornou-se executivo do mercado fonográfico, trabalhando como contratado ou desenvolvendo projetos para as majors EMI, Warner, BMG e Sony Music, além da Indie Records. Nos últimos 13 anos, Rommel vem se destacando no show business como gestor de carreiras e realizador de projetos para artistas diversos. Tudo começou com Zezé Di Camargo & Luciano, de quem foi manager entre 2004 e 2007. Depois vieram trabalhos para Lulu Santos, Daniel Boaventura, Tiago Iorc, Marjorie Estiano, a banda mexicana Maná, além do SBT (onde idealizou e fez a direção musical do reality Festival Sertanejo). Desde meados de 2014, Rommel é um dos responsáveis pela condução da carreira de Anitta. Ele foi contratado assim que a artista abriu seu próprio escritório, Rodamoinho.

Rommel Marques não é o tipo de empresário à moda antiga, que foca sobretudo na venda de shows. No caso de Anitta, ele atua em várias áreas, ajudando a conceber projetos, de forma a ampliar a visibilidade e as possibilidades de faturamento da artista. “Tudo que penso como profissional é voltado para o planejamento, para o marketing, para a promoção e valorização do artista. A estrada se torna uma consequência dos resultados desta gestão”, resume. Na entrevista a seguir, Rommel fala de seu trabalho, elogia o talento de Anitta na área empresarial e revela que seu contrato com a Rodamoinho permite que ele atue, de forma paralela, como consultor artístico.

SUCESSO! – Ao contrário dos managers artísticos do passado, você se considera um gestor de carreiras. Seu conhecimento na indústria da música parece ter sido adquirido muito mais de forma empírica do que técnica. Você atribui a isso o êxito de sua carreira como gestor?
Rommel Marques – Acredito que minha vida musical como DJ, a passagem pelo rádio e ter trabalhado em quatro gravadoras me proporcionaram uma experiência variada com diversos segmentos musicais, inúmeros artistas e empresários – e em cada experiência e relação profissional, adquiri conhecimentos. Acho que o mais importante é este mix. Não ter um conceito definido me liberta, ajuda no dia a dia. Na verdade tudo que penso como profissional é voltado para o planejamento, marketing, promoção e valorização do artista. A estrada se torna uma consequência dos resultados desta gestão.

Que cases em sua carreira de gestor você acredita serem mais representativos?
Tenho orgulho de tudo que fiz em todos os setores em que trabalhei (DJ, rádio, gravadoras e gestão) mas o principal foi a construção do relacionamento com superiores. As equipes que montei e os bons relacionamentos na área de promoção, marketing, além de artistas, empresários e contratantes – este é meu maior patrimônio. Em relação aos períodos de gestão, há momentos que considero fundamentais pois tive a oportunidade de trabalhar com artistas maravilhosos. Com Zezé Di Camargo & Luciano, me envolvi bastante no projeto de 2 Filhos de Francisco e no box Dois corações e uma história, que registrou uma venda fantástica, impulsionando a Sony a lançar outras caixas, de outros artistas. Me orgulho de ter trabalhado com Maria Rita no lançamento de Samba meu e nos primeiros CDs de Tiago Iorc e Daniel Boaventura, artistas de grande sucesso. Além disso, estar integrando, desde 2014, o escritório de Anitta tem proporcionado inúmeros momentos de felicidade para mim – caso da participação dela na abertura das Olimpíadas e na tour de Andrea Bocelli, além de uma infinidade de hits e conquistas junto ao público e ao meio.

O artista deve sempre dar a palavra final num projeto ou entre as funções do gestor está a de situá-lo dentro do contexto, mostrando que ele pode ser “voto vencido”?
O artista tem uma sensibilidade que deve ser respeitada, ele percebe detalhes que não percebemos. E, sim, devemos aceitar a palavra dele como final. O que não pode é ele achar que algo pode não funcionar e deixar de falar aos demais envolvidos. Não pode deixar de buscar as melhores oportunidades e negociações em todos os segmentos e, principalmente, precisa ser uma pessoa direta. O sucesso sempre traz novos “amigos” e um monte de “puxa-sacos” que dizem que tudo que o artista faz é maravilhoso, até quando não é. O gestor ou empresário tem o dever de ser honesto e crítico, expondo sua opinião quando entender que determinada situação não está bacana. Se o artista concordar, ótimo. Se ele provar que você está errado, melhor ainda. Mas se ele achar que tem que continuar fazendo mesmo sendo errado, proteja-o com todas as suas armas .

Você se envolveu bastante no filme sobre o Zezé Di Camargo & Luciano, chegando a ser um dos produtores associados. Por que acreditou tanto naquele projeto que depois se mostrou um fenômeno de audiência?
Desde o primeiro momento a energia foi maravilhosa, o envolvimento emocional foi enorme. Acompanhar o Zezé entregando sua história com alma e coração e o Luciano respirando a criação e produção do filme foi algo inigualável. A equipe da Conspiração foi de uma competência, de um carinho e amor pelo filme que conquistou a todos no escritório. Mas acho que o principal foi vislumbrar a oportunidade de mostrar uma história tão bonita de união familiar e objetivo de vida. Acho que este foi o grande diferencial e tenho certeza que por estes dois motivos – e não precisa de mais nenhum –, 2 Filhos de Francisco é um filme que deve sempre ser visto por pais e filhos juntos.

O disco Samba meu é extremamente representativo para a carreira de Maria Rita, por alçá-la ao topo das grandes intérpretes, além de ter ganho vários prêmios. Como este disco foi concebido e qual sua participação no projeto Samba meu?
Maria Rita é uma intérprete e artista fantástica, já havia conquistado inúmeros prêmios e este CD indicava um caminho que o público poderia estranhar. Mas ela foi magistral na escolha do repertório, trazendo músicas maravilhosas de Arlindo Cruz e a produção primorosa de Leandro Sapucahy. Quando abrimos a tour, na Fundição Progresso (Rio), acho que o percentual de público novo, que estava ali para conhecer aquela cantora maravilhosa e seu novo trabalho, estava na casa de 20 a 25 % – o restante eram fãs conquistados por ela ao longo da carreira. Após seis meses, o percentual de renovação de público deve ter alcançado 70%. E até hoje, esse poder de ampliação da base de admiradores é um diferencial na carreira da Maria Rita.

Que dificuldades você encontrou ao assumir a carreira da Anitta em 2014?
Quando um artista sai de um escritório sempre gera dúvidas em relação a dois pontos principais: se vai cumprir o que estava agendado e se a carreira vai continuar. Não vou falar que não tivemos dificuldades, porém quando conversei com o mercado, seja na parte de shows, seja com os profissionais de promoção e marketing, todos acreditaram que iríamos cumprir o que estava estabelecido e que a carreira teria continuidade. O talento e a determinação de Anitta foram fundamentais para esta credibilidade e acho que, com minha experiência e relacionamento, consegui dar o apoio necessário .

Após quase três anos trabalhando com Anitta, acredita que ela realmente tem condições de se tornar a principal artista pop brasileira no exterior? Gravar e se comunicar em inglês é imprescindível para tanto?
Tenho certeza que ela pode se tornar uma grande artista internacional e o inglês é fundamental, pois é a língua universal da música. Anitta tem talento, determinação, é inteligente e sabe escolher seus parceiros. Só não acho que deva existir um ‘patrulhamento’ a respeito de quando isso acontecerá, onde ela vai fazer sucesso e qual vai ser o tamanho desta exposição internacional. Tem artistas que acontecem rapidamente, outros ficam na tentativa e grandes astros nacionais e internacionais levaram um tempo para fazer sucesso fora de seus países – basta pesquisar.

Você paralisou as atividades do Clube dos Amigos da Música ao assumir a Rodamoinho Produções ou o escritório vem realizando consultorias ou projetos em paralelo?
Eu trabalho na Rodamoinho junto com o Renan Machado, irmão da Anitta. O Clube dos Amigos da Música é a minha empresa e qualquer trabalho que realizo é o Clube que me representa comercialmente. Estou envolvido com os projetos de Anitta o tempo todo, mas ainda realizo consultorias. Nem sempre aparecem para o grande mercado, mas os parceiros sabem.

De que maneira você vem procurando se atualizar com as novas ferramentas do mercado, em especial o digital?
Eu ouço, observo e aprendo com uma pessoa que tem pleno domínio, a própria Anitta. Além dela, procuro conversar com conhecidos que trabalham diretamente neste segmento e ouvir bastante.

Tocar no rádio ainda é primordial para quem quer fazer shows e evoluir comercialmente?
O mercado exige que você tenha uma exposição eficiente em vários segmentos. Tocar no rádio é importante, mas também é necessário estar bem no digital, ir aos programas certos e de modo correto na TV e estar presente nas mídias impressas, no formato físico e no digital. Mas o mercado elimina cada vez mais rápido quem não é eficiente. O Orkut acabou, inúmeras revistas deixaram de ser editadas, emissoras alugam horários para sobreviver e produzem programas em parceria… Não tenho dúvida de que as rádios musicais que não tem competência serão eliminadas ou buscarão outro formato de negócio. As boas rádios são fundamentais, são importantíssimas e vão ter vida longa.

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