Não está confirmado, mas o segundo volume do álbum dos Tribalistas, lançado recentemente pela Universal Music, deve gerar a tão aguardada turnê do trio. A previsão é que isso ocorra no início do ano que vem. A ‘aventura musical’ (como diz o crítico Nelson Motta) protagonizada por Marisa Monte, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes começou em 2002, com o lançamento do disco antológico que rendeu hits como Já sei namorar e Velha infância e vendeu mais de três milhões de cópias no Brasil e exterior. No entanto, à época os artistas apenas fizeram um pocket-show do projeto em Paris e uma rápida performance na cerimônia do Latin GRAMMY em Miami (ambos em 2003). Ou seja, a aventura ficou restrita ao CD e ao DVD – as plataformas digitais tinham pouca importância naquela época.
Agora, num momento em que há muitas tours pelo país juntando dois ou mais nomes, a expectativa é que o público possa finalmente ver o trio tocando os sucessos do primeiro e do segundo volumes do projeto. “Não temos muitos planos, não…(de sair em turnê). Temos muitos sonhos. Muitos sonhos, poucos prazos e poucos planos! Vamos ver…”, desconversa Marisa Monte sobre o assunto. “A gente se (re) encontrou em novembro do ano passado no palco. Eu fui fazer show em Salvador e o Arnaldo e o Brown apareceram pra dar uma canja. E foi lindo! Quando rolou, foi surpresa total, ninguém sabia! E quando os dois chegaram, parecia um gol do Brasil, final de Copa do Mundo… ‘”, continua a cantora.
O novo álbum, aliás, saiu primeiro nas plataformas digitais e agora é promovido em CD e DVD. São ao todo 10 músicas, todas inéditas e autorais, três delas em parceria com outros compositores. Marisa fala da concepção do projeto: “nada foi planejado. Moramos em cidades diferentes, só que de vez em quando conseguimos nos encontrar, às vezes em dupla, às vezes os três. E quando acontece o encontro, todos levam as suas ‘coisas’ já começadas e as músicas e letras vão surgindo. Mas não estávamos pensando exatamente em fazer um disco. Estávamos em férias criativas, que pra gente é algo sempre revigorante, refrescante, gostoso. Além de curtir uma praia, e estar com os amigos, fazemos músicas. E conseguimos nos encontrar os três, por dois períodos, no ano passado. Foram duas fugas pra Bahia, de quatro, cinco dias, e aí, nessas situações, as músicas surgem com facilidade: duas, três, todo dia!”, explica.
O primeiro single do álbum, Diáspora, fala sobre o drama dos refugiados. “Os assuntos foram vindo e a gente se juntou pra compor. A criação foi espontânea, muito natural”, explica Arnaldo. “Tem uma canção que fala do trabalho (Trabalivre), outra que aborda a escassez da água nos dias atuais (Baião do mundo), outra sobre as ocupações das escolas (Lutar e vencer)…. E é engraçado como a música dos Tribalistas tem uma personalidade própria. Eu não faria nada parecido no meu trabalho solo, nem Marisa, nem Carlinhos. Tem uma cara, uma linguagem ali que a gente mesmo se surpreende quando ouve o que gravou”, afirma.
Se por um lado há músicas com temas atuais, há outras descompromissadas. É o caso de Os peixinhos (parceria dos três com a portuguesa Carminho, que participa da gravação). “O repertório é abrangente. Foca nos assuntos coletivos, nas coisas que a gente está vivendo no dia a dia, e aparecem como um reflexo natural ali nas músicas. São as canções que falam desses temas mais políticos, mais cotidianos, do momento. Tem o lado mais existencial, presente em Ânima, e mais profundo, mais individual e reflexivo, caso de Fora da memória. E ainda um terceiro lado, o campo amoroso, que aparece em Aliança e Feliz e saudável. Um campo que é uma questão na vida de todo mundo, que é coletivo também mas fica no meio do caminho entre o coletivo e o individual. Eu acho que tem um pouco esses três polos”, explica Marisa.
Segundo os artistas, as reuniões a três geraram na verdade 20 novas canções. As dez que ficaram de fora serão aproveitadas pelos artistas nos seus projetos solo.
