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Pesquisa inédita revela números de nosso mercado

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As pesquisadoras Anita Carvalho (foto) e Juliana Bittencourt estão divulgando uma pesquisa inédita sobre o mercado de empresariamento artístico, realizada em parceria com o Laboratório de Economia Criativa da ESPM. Os números impressionam: de acordo com os dados levantados, são realizados 55 mil shows por ano no país, o que movimenta dois
bilhões de reais ao ano.

A iniciativa das pesquisadoras surgiu quando foram contratadas para fazer um plano de negócios para uma produtora: “a gente não conseguia encontrar nenhuma informação que fundamentasse nossa análise. Não existiam dados de mercado sobre a atividade de empresariamento”, conta Juliana. “Percebemos naquele momento que só há produção de dados sobre o mercado fonográfico e que a atividade de empresariamento não era considerada como parte do negócio da música”, completa Anita.

As duas concluíram também que nem ao menos o papel do empresário artístico estava definido, pois não encontraram nenhum artigo ou publicação específica sobre o tema. Decidiram então recorrer ao site do Guia SHOW BUSINESS, publicação de referência para o meio artístico, e enviaram por e-mail um questionário que foi respondido por 107 profissionais, entre empresários e artistas. A fim de compreenderem mais profundamente esse mercado, Anita e Juliana entrevistaram 22 pessoas, incluindo artistas como Baby do Brasil, Beth Carvalho, Diogo Nogueira e Mariene de Castro, empresários como José Fortes, Marcello Lobatto, Simon Fuller e Afonso Carvalho, e ainda outro profissionais badalados do mercado, casos de Marco Mazzola e Sergio Carvalho.

Após toda essa pesquisa, dados importantes foram levantados. Os principais deles foram relacionados abaixo:

– Quase metade dos empresários auxilia os artistas em questões pessoais, além das funções tradicionais de produção e agenciamento (realizados por mais de 90%). E dois terços dos empresários fazem a gestão das mídias sociais de seus artistas.

– Cada escritório ou empresário atende, em média, 2,67 artistas. A maior parte (40%) atende quatro artistas.

– 23% trabalham com cachês superiores a 50 mil, 43% trabalham com cachês entre 15 mil e 50 mil, 15% entre 5 e 15 mil, 5% até 5 mil e 14% preferiram não responder.

– A média de shows por artista por ano é de 47 shows. É curioso observar que, quanto maior o cachê, maior o número de shows. Isso indica que o preço não necessariamente é um fator relevante para o contratante, que leva mais em consideração a popularidade do artista e a possibilidade de retorno financeiro do que o valor do cachê.

– 40% dos empresários considera importante fazer parte de uma associação de classe, apesar de 83% não serem associados a nenhuma, dado que revela a ausência de uma entidade forte de representação da classe, pelo menos por enquanto.

– 89% das receitas vêm de shows ao vivo, seguidos de 8% para a publicidade, 1% para direitos autorais e 1% para outros. Isso demonstra o quanto a publicidade e os direitos autorais ainda são mercados inexplorados, com grande potencial de ampliação de receitas.

Há ainda uma questão muito importante: a relação de trabalho entre artistas e empresários. 66% dos empresários definem esta relação como uma sociedade, porém só 35% dos artistas concordam com isso. Diogo Macedo, advogado especializado em show business, afirma que a relação entre empresário e artista é muito variável, dependendo de uma série de fatores, e os dois modelos coexistem no mercado. Já Luis Carlos Melim, contador e advogado atuante no setor da música, pondera que, embora
do ponto de vista jurídico-legal possa haver uma sociedade contratual, essa sociedade se dá no âmbito do negócio, e não do “fazer artístico”, ou seja, o empresário não participa da criação artística em si. Até mesmo características culturais dos brasileiros influenciam neste “relacionamento”, segundo o produtor musical Marco Mazzola: “Como no Brasil as relações não são estritamente profissionais e as pessoas não são frias, a relação de trabalho acaba sendo dependente de afinidade”, explica.

A pesquisa conclui que o empresário artístico tem um papel fundamental no desenvolvimento de carreiras artísticas e que há espaço no mercado para novos profissionais. A maioria dos profissionais desse mercado não possui formação acadêmica na área e baseia a tomada de decisão em aspectos empíricos e intuitivos.

A pesquisadora Anita Carvalho aprofundará o estudo como parte de sua dissertação de mestrado em Economia Criativa pela ESPM. Nessa nova etapa, serão incluídas análises sobre os gêneros musicais e um mapeamento mais profundo do tamanho do mercado.

Quem quiser participar da pesquisa ou obter o relatório completo desse estudo pode entrar em contato com a pesquisadora no e-mail [email protected] ou simplesmente clicar neste link!

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