Nos dias 8 e 9 de julho, a veterana estrela do samba Leci Brandão (de 80 anos) sobe ao palco da Casa Natura Musical, na capital paulista, para celebrar 50 anos de carreira. A artista será acompanhada de Pretinho da Serrinha e Criolo no dia 8 de julho, e dia 9 por Xande de Pilares, além de prometer outras participações para comemorar a data.
Os shows farão uma retrospectiva da carreira de Leci Brandão da Silva, nascida em 1944 no Rio de Janeiro e se tornando uma figura emblemática da cultura brasileira ao longo dos 50 anos de história como cantora, compositora, comentarista de carnaval e política (ela é deputada estadual por São Paulo desde 2010). No repertório, cantará grandes sucessos da cantora, como “Zé do Caroço”, “Fogueira de Uma Paixão”, “Isso é Fundo de Quintal” e “Só Quero Te Namorar”. Leci ainda relembrará grandes clássicos do samba, gravados por outros artistas.
De origem humilde, Leci destaca a dedicação dos pais à sua educação, e valoriza esse feito como um caminho para a ascensão social. Alfabetizada pela mãe, desenvolveu um profundo apreço pelos estudos e pelo universo do samba apor meio da Mangueira, a qual carinhosamente chamava de “universidade do samba”. Em 1972 fez história ao se tornar a primeira mulher a integrar a Ala de Compositores da famosa escola de samba carioca.
Apesar do talento inegável, Leci enfrentou o racismo desde cedo, experimentando discriminação em concursos e na busca por emprego. Sua carreira artística começou a decolar após participações em festivais e programas de televisão, culminando no lançamento do primeiro LP em 1975. Mas a trajetória musical foi marcada por desafios como a rescisão de seu contrato com a gravadora Polygram em 1981, devido ao repertório ter sido considerado “excessivamente político e contestador”.
Além da significativa contribuição para a música, Leci Brandão também se destacou como ativista e figura política. Em 2004 assumiu o cargo de Conselheira da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Em 2010 foi eleita deputada estadual em São Paulo, sendo a segunda mulher negra a ocupar essa posição no estado, e foi reeleita em mandatos subsequentes. Em seu gabinete, nomeado “Quilombo da diversidade”, Leci dedica-se a promover a participação de pessoas negras na política e a defender causas importantes como educação, direitos humanos e religiões de matrizes africanas, unindo arte e ativismo em sua inspiradora jornada.
