A Sony Music acaba de disponibilizar nas plataformas digitais o novo álbum de Ney Matogrosso, “Nu Com a Minha Música”. Como informa o press release, mais do que um retrato desses tempos sombrios, o trabalho representa um mecanismo de libertação. Ou, como define o cantor, uma via para sair da escuridão. É um projeto especial na trajetória de Ney Matogrosso em muitos aspectos — emocionais, artísticos, afetivos.
O projeto nasceu no ano passado, durante a paralisação do mercado de shows, por conta da pandemia. Ney pensou em produzir um álbum em estúdio e foi em busca das listas onde anota, desde sempre, as canções que pretende um dia trazer para seu universo. “Trata-se de um repertório que ele conheceu na voz de outros intérpretes e que o atingiram de imediato, tenham elas vindo da Era do Rádio ou de um compositor da novíssima geração”, explica o informe.
Quando concluiu que tinha as 12 faixas do álbum definidas, Ney Matogrosso iniciou os trabalhos de gravação, feito remotamente, com os profissionais envolvidos trabalhando de suas bases. Sob essa prerrogativa, Ney foi atrás dos quatro produtores com quem vem trabalhando mais nos últimos tempos. Dividiu o repertório em quatro e entregou um trio de canções para cada um: Sacha Amback, Marcello Gonçalves, Ricardo Silveira e Leandro Braga. Também deu carta branca para que usassem as formações que achassem mais adequadas.
“Nu Com a Minha Música” é especial também por essas razões, já que o modo de produzir arte modifica necessariamente sua estética. As cores se abriram. “Se há no álbum momentos densos de voz e piano, há também o Carnaval e a sacanagem em arranjos grandiosos. Toda essa diversidade criou um roteiro que mistura ficção e memória, como aconteceu também nas melhores obras geradas nesse período pandêmico. Como vimos, o clima tenso da pandemia fez com que nós, os recolhidos, nos voltássemos intensamente para dentro das nossas cabeças. E a música foi quem muito nos acolheu nesses tempos de introspecção. Todo esse sentimento está espelhado no repertório final do álbum de Ney”, informa a gravadora.
No repertório, faixas como “Quase um Segundo” (Herbert Vianna), gravada em 1988 pela banda Paralamas do Sucesso; “Espumas ao Vento” (Accioly Neto), gravada por Fagner, e “Noturno”, composição de Vitor Ramil lançada pelo autor no álbum “Longes” (2004). A pedido de Ney, Ramil escreveu uma nova estrofe: “Eu vivo cada segundo/ De cada hora despida/ Tudo é nudez e passagem/ Tudo é visagem e amor/ Eu ouço cada palavra/ De cada frase não dita/ A minha boca era tua/ A tua boca era minha”. O cantor queria que a letra trouxesse à tona o encontro sexual-amoroso que na versão original estava apenas insinuado. Ao todo, o álbum traz oito gravações inéditas de Ney Matogrosso e quatro lançadas em um EP em 1ºde agosto (dia que Ney completou 80 anos), completando assim as 12 faixas de “Nu Com a Minha Música”.
Assista ao vídeo de “Quase Um Segundo”, presente no álbum de Ney Matogrosso: