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Diretor do Latin GRAMMY fala de filiações e outros temas

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O equatoriano Luis Dousdebes está há 22 anos na Academia Latina da Gravação (Laras), responsável pelo Latin GRAMMY, mais importante prêmio da indústria da música latino-americana, que neste ano está em sua edição de número 23. Durante duas décadas, ele respondeu pela área financeira da associação e desde 2020 é o Diretor Executivo de Prêmios, Afiliações e Preservação da Academia. Recentemente, Dousdebes concedeu entrevista em Miami, sede da Laras, falando sobre o processo de filiação ao Latin GRAMMY e suas premiações.

“Há dois pilares importantes no Latin GRAMMY. O primeiro é o aspecto da afiliação. É importante que o conjunto de membros seja forte e equilibrado, e também que represente todos os gêneros participantes. Temos mais de cinco mil membros em 43 países. Há membros votantes, bem como membros associados. Com exceção da votação, os membros de ambos os tipos tem os mesmos direitos”, diz Luis Dousdebés. Segundo ele, para a edição deste ano, membros e gravadoras inscreveram na competição mais de 20 mil produtos, um aumento de mais de 20% em relação ao ano anterior. Estas gravações são revisadas por comitês formado por voluntários e especialistas nos campos musical e criativo, de países da América Latina, Portugal, Espanha e Estados Unidos. “Os membros desses comitês garantem que cada produto inscrito atenda aos requisitos e seja designado à sua própria categoria antes de passar à próxima etapa do processo de premiação: a seleção dos indicados. A tão esperada lista de indicações é anunciada ao público no final de setembro”, explica.

Mas, afinal, o que é preciso para que o membro possa votar nas categorias? O executivo explica: “É necessário estar ativamente envolvido na gravação de músicas, como produtor, engenheiro, engenheiro de som ou masterização, ser intérprete, compositor ou músico. Os membros associados são pessoas que trabalham no âmbito musical, mas não estão envolvidas na gravação ou criação de música. A Academia Latina garante que os membros sejam representativos dos países ibero-americanos. Após receber as solicitações, o Departamento de Afiliação as analisa e um comitê as aprova. Para assegurar esse equilíbrio, fazemos uma análise mensal, examinamos a demografia dos membros e geramos dados sobre: país, idade, sexo e gênero musical, seja ele urbano, brasileiro, rock ou alternativo”.

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Dousdebes afirma que também há análises e discussões permanentes sobre o funcionamento do processo de premiação. “A música não é estática, ela evolui dia a dia, por isso devemos fazer o mesmo e estar atentos ao que está acontecendo no mercado e sua evolução. Nossas categorias devem representar isso. Trabalhamos muito para analisar dados estatísticos a respeito disso, em vez de reagir a mudanças constantes, por isso nosso processo leva algum tempo. Esse ano temos 53 categorias representando todos os gêneros de música latino-americana, hispano-americana, brasileira e portuguesa. Os músicos frequentemente solicitam mais categorias e gêneros, mas a Academia Latina, ao invés de resistir, garante que tenhamos informações precisas antes de criar novas categorias”, destaca.

Assim que as inscrições são encerradas, a Laras convoca os profissionais que participarão dos comitês de revisão. Após esta fase, os membros votantes são convocados para o primeiro turno de votação. “Cada membro pode selecionar dez indicados em cada uma das quatro categorias gerais — Álbum do Ano, Canção do Ano, Gravação do Ano e Melhor Artista Revelação — e cinco indicados nas 15 categorias adicionais. O aplicativo de votação mantém o controle dos votos e impede a votação em mais de uma categoria. Os votos são enviados diretamente à firma de auditoria Deloitte, que os tabula sem serem vistos ou revisados pela Academia Latina. A Deloitte nos fornece a lista dos semifinalistas: os 20 produtos que receberam mais votos em cada categoria geral e os 15 produtos com o maior número de votos em cada categoria específica. O Comitê de Revisão de Indicações, composto por membros votantes, então garante que o processo tenha sido realizado corretamente”, explica o executivo, lembrando que os projetos inscritos tenham pelo menos 51% do conteúdo em espanhol, português ou línguas indígenas, independentemente de onde foram lançados.

Aos interessados em se tornar membros da Laras, Luis Dousdebes lembra que todas as informações sobre afiliação e prêmios estão disponíveis em três idiomas no site da Laras, incluindo o formulário de solicitação de afiliação. “Após receber as informações, nosso departamento as revisa e entra em contato com o solicitante para pedir qualquer informação adicional necessária. Depois disso, a afiliação é aprovada ou não. Tentamos sempre dar um tratamento personalizado a todos”, afirma.

 

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