Quando se fala em música de raiz, é impossível não se lembrar de Divino & Donizete. Os irmãos, apelidados de “Os violeiros do Brasil”, já somam 40 anos de carreira, mais de vinte discos lançados e apresentações nos quatro cantos do Brasil. Mais do que isso, eles também se destacaram individualmente ao longo dos anos – Divino como violeiro e Donizete como compositor. Realmente, é uma trajetória pra ninguém botar defeito.
Assim como a trajetória, o repertório de Divino & Donizete dispensa comentários. A dupla, que começou o trabalho musical em 1973 com o modão Eu sou piracicabano, é responsável por clássicos sertanejos como Eu grito o nome de quem amo, Prazer de fazendeiro, Chegou a hora da onça beber água e Promessa monsenhor. Vários deles ultrapassaram gerações e são sucesso até hoje. “Temos mais de vinte discos, então nosso repertório é bem extenso. Ter essa longevidade é algo muito bom, porque ela nos dá experiência. Ou seja, nosso trabalho ficou ainda mais enriquecendo com o passar dos anos”, comenta Donizete. Segundo ele, depois da gravação de Eu sou piracicabano, as coisas aconteceram muito rapidamente para o duo. “Em 1974 participamos de um LP chamado Linha sertaneja classe A e, dois anos mais tarde, já estávamos lançando nosso primeiro trabalho”.
Depois disso, os lançamentos e os sucessos se tornaram cada vez mais frequentes. Em pouco tempo, os irmãos conquistaram uma base sólida de fãs – que continua até hoje. Esse é um fato extremamente importante, levando-se em consideração que nos últimos anos D&D estiveram distantes da grande mídia. “Mas nem por isso deixamos de nos apresentar, de viajar pelo país. Hoje em dia o público não consome música de raiz como antigamente, mas a dupla ainda tem ótimo mercado. Inclusive o público universitário frequenta muito nossos shows”, revela Donizete.
Parte desse engajamento com os mais jovens aconteceu porque a dupla não teve medo de ousar em alguns dos seus projetos. Apesar de nunca terem deixado de lado suas origens, Divino & Donizete lançaram discos bem ecléticos, como Perfil sertanejo (2008), Os violeiros do Brasil (2010), Violada bruta (2012) e Raízes do amor (2014). “Usamos as mudanças do sertanejo a nosso favor. Somos de uma época em que as coisas eram difíceis, os radialistas demoravam meses para receber um disco. Hoje tudo é mais fácil e rápido. Evoluímos com o tempo e, com as redes sociais e o streaming, é muito mais fácil a galera mais jovem conhecer o nosso trabalho”, explica Donizete.
NOVO ÁLBUM
Depois de um hiato de mais de um ano, a dupla lançou em julho Coração cafajeste, disco que reúne doze faixas, entre inéditas e regravações. Mais uma vez, apesar de trazer o bom e velho modão tão característico de Divino & Donizete, o trabalho não deixou de reunir sonoridades diferentes, mais próximas do sertanejo universitário. “Queríamos fazer algo bem feliz, pra cima, para animar o pessoal que vai aos shows. Estamos muito satisfeitos com o resultado, porque o disco conseguiu, até agora, agradar todos os públicos”, comemora Donizete, revelando que os projetos deste ano não pararam por aí. “Também vamos gravar um DVD no final do ano”, diz.
Programado para ser lançado apenas no primeiro semestre de 2017, o registro em áudio e vídeo Boteco, cachaça e viola será gravado entre novembro e dezembro em Barretos, no famoso Parque do Peão. “Estamos trabalhando duro para realizar uma superprodução. O cenário vai reproduzir um boteco. Mas será bem estilizado, colorido e atual. Vamos estar sentados em banquinhos, cantando grandes sucessos e algumas modas novas”, finaliza Donizete, lembrando que o objetivo da dupla com o projeto é focar sobretudo no público jovem.