Fundada em 1998, a Circuito Musical, empresa que reúne escritório artístico, editora e selo musical, está prestes a completar 21 anos de destacada atuação no mercado. O fundador Genildo Fonseca tem 50 anos de trajetória no mercado artístico. Entre outros, foi manager de Antonio Marcos (popstar nos anos 70), trabalhou com nomes como Baden Powell e Hermeto Paschoal, fez produções teatrais e foi gerente das gravadoras Continental e 3M. Montou sua empresa em 1998, pela necessidade do cantor Toquinho ter um novo empresário artístico, já que estava deixando a Fred Rossi Eventos (onde, aliás, Genildo trabalhava). Na entrevista a seguir, o profissional fala das duas décadas da Circuito, do cast da empresa e do momento atual da MPB, gênero com o qual ele mais trabalha.
SHOW BUSINESS + SUCESSO! – Fale sobre a criação da Circuito e a importância de Toquinho na história da empresa nesses 20 anos.
Genildo Fonseca – Ao produzir a Gincana da Nota Fiscal, na cidade de Bauru (em 1992), me reencontrei com Fred Rossi, que me convidou para trabalhar com ele, então empresário de Toquinho e MPB4. Uma excelente parceria que deu certo. Em 1997, o Fred pretendia abraçar outros projetos e desfez o acordo com Toquinho, que me convidou a assumir a gestão de sua carreira. Abri a Circuito Musical para atendê-lo. Na prática trabalho com Toquinho há 27 anos e na Circuito há pouco mais de 20, que foram comemorados com ele como anfitrião e oito artistas emergentes no Bourbon Street (São Paulo) no último dia 4 de junho. Um privilégio trabalhar com um artista versátil, disciplinado, generoso, sempre em busca do melhor resultado estético e profissional
Cite alguns momentos que considera mais representativos (produções, tours, contratações etc.) na história da Circuito.
Depois de ser o primeiro artista a fazer um trabalho em CD-Rom, Toquinho foi também o pioneiro no lançamento do DVD, em parceria com a Kaú Laser, em 1997. Citaria também o projeto “Sinal Aberto”, com Toquinho e Paulinho da Viola, CD gravado ao vivo em 1999, que gerou uma tour de sucesso. Também me orgulho de ter realizado o show “Vivendo Vinicius”, com Toquinho, Baden Powell, Carlos Lyra, Miúcha e Miéle (no final da década passada); o show em Roma, para mais de 100 mil pessoas em que Toquinho atuou com Gilberto Gil, Gal Costa, Jorge Benjor, Fiorella Manoia e a Escola de Samba da Mangueira, e o também marcante show que Toquinho fez em Lajatico (Toscana) com Andrea Bocelli. Também destaco o DVD “Toquinho no Mundo da Criança” (2004), que conquistou três prêmios no Festival Anima Mundi; o DVD “Alquimia Musical” (2012), com Kabelo, tendo como convidados Toquinho, Badi Assad, Caju e Castanha e, mais recentemente, os vitoriosos projetos “Toquinho – 50 Anos de Música” e “De Adoniran a Vinicius” (com Toquinho e Demônios da Garoa), ambos de 2018.
Você é o tipo de empresário que costuma estar a todo momento do lado do artista (em shows, reuniões, gravações) e ainda assim comanda as vendas do escritório. Como conciliar tantas atividades?
Sempre acompanhei o Toquinho em todas as viagens desde o início da nossa parceria. Nos últimos dois anos, criamos um novo modelo que está funcionando muito bem: meu irmão Diógenes Fonseca o acompanha pelo Brasil e eu faço o exterior. Sempre que posso compareço aos shows de São Paulo. Com esta decisão, tenho mais tempo pra me dedicar a novos projetos, à audição de novas músicas para a editora, ao atendimento aos novos artistas e clientes.
Você é um profissional que trabalha muito com MPB e gêneros menos populares. Como avalia o mercado atual para este tipo de artista em termos de execução de rádio, streaming e espaços para shows?
Entre as mudanças tecnológicas contínuas, o momento político de incertezas do nosso país, nossa batalha para a renovação artística é constante, o que implica nos reinventarmos sempre, buscando soluções adequadas para conquistar espaço e manter o compromisso com a qualidade. A venda do show é a última etapa do processo. Execução em rádio é praticamente impossível. O espaço para a chamada música popular brasileira é muito limitado e, muitas vezes, depende de acordos comerciais. A saída para os novos artistas é balançar nas redes sociais, o que também requer assessoria. Hoje a base de consulta pra tudo está na Internet. O streaming é a janela de oportunidade atual. O artista, além de talento, precisa de disciplina, planejamento, investimento correto na carreira e deve ter algo original para mostrar. A Circuito está juntando os emergentes pra criar uma força de trabalho baseada nas afinidades.
Fale sobre o selo e a editora musical da Circuito.
No caso do selo, recomendamos aos artistas que estão conosco o caminho mais lógico: lançamento nas plataformas digitais e produção de vídeos para divulgação. Já a editora recebe material de todos os autores. Fazemos uma audição e editamos as obras que nos parecem mais consistentes, com boa melodia e letras bem feitas, que tenham bom conteúdo e possibilidade de serem gravadas – e possam representar uma novidade ou virar sucesso. Informamos aos novos autores que a edição não é obrigatória, que busquem se associar a alguma sociedade de gestão coletiva de direitos autorais. Nossa editora é administrada pela Universal Publishing.
Quem faz parte da equipe que o ajuda na condução da Circuito?
A equipe é bem enxuta. À frente da produção está o Rodrigo Alvarez, chef de cozinha, publicitário, que ajudou a criar a empresa; Mirela Maia, responsável pelo departamento administrativo; João Carlos Pecci, escritor e artista plástico que atende as redes sociais com Mauro Soares, da Global Map; Diógenes Fonseca, produtor, road manager; Laura Bahia, especialista em Marketing. Cada artista tem seus técnicos e músicos. Quando necessário, contratamos os temporários.
Fale sobre a carreira atual e as novidades para o segundo semestre de seus artistas exclusivos.
Nosso elenco é formado por Toquinho, Dedé Paraízo, integrante dos Demônios da Garoa; João Ventura, que faz o contraponto entre o erudito e o popular; Kabelo, performático, irreverente, que se apresenta com a Alex Slap Band; Diego Figueiredo, talentoso violonista que está em nova turnê nos Estados Unidos, e Terno Velho, power trio com o melhor do rock nacional dos anos 80.
Além dos exclusivos, quais os nomes com os quais a Circuito mais vem trabalhando nos últimos tempos?
Além do agenciamento artístico e gestão de carreira, a empresa conta com alguns parceiros para realização de projetos especiais, como “50 Anos de Música’, com Toquinho, Ivan Lins e MPB4; “Toquinho e João Bosco”; “De Adoniran a Vinicius”, com Toquinho e Demônios da Garoa; “A Arte do Encontro”, com Toquinho e Maria Creuza; shows internacionais com a cellista francesa Ophélie Gaillard e com cantora Silvia Perez Cruz e o músico Javier Colina, da Espanha.
Depois de 50 anos de atividades – e 20 de Circuito Musical –, o que você planeja para o futuro?
Penso em deixar com os jovens a condução dos negócios e ser uma espécie de consultor, podendo colaborar com minha mulher num novo projeto, em Caucaia do Alto, que é a Chácara Viverde. Continuo acreditando na música, linguagem sem fronteira, como fonte de emoção, prazer e de procura de um mundo melhor.