Se vivo, o famoso compositor e sambista Luiz Carlos da Vila estaria completando 70 anos. Autor de clássicos imortais como “O Show Tem Que Continuar”, “Oitava Cor” e “Além da Razão”, o artista, falecido em 2008, será homenageado pelo grupo Galocantô com o show Luiz Carlos da Vila 70, no Theatro Net Rio, dia 11 de dezembro. O espetáculo será um mergulho na vida e obra do bamba. Além do repertório totalmente dedicado ao mestre, o show contará com exposição fotográfica de seu acervo, apresentação do escritor e historiador Luiz Antonio Simas, autor da biografia “Princípio do Infinito – Um Perfil de Luiz Carlos da Vila”, além das participações de Moyseis Marques e Moacyr Luz, contemporâneo e parceiro do artista.
O show marcará também apresentação de duas músicas inéditas de Luiz Carlos da Vila, guardadas a sete chaves e gentilmente cedidas ao grupo pela família do sambista. Inspirado pelo convite em participar da homenagem, Moacyr Luz também compôs música em homenagem ao amigo, que será apresentada pela primeira vez ao público. O espetáculo será gravado em áudio e vídeo e será lançado nas plataformas digitais no primeiro semestre de 2020.
“No início dos anos 2000, a roda do Galocantô dava seus primeiros passos na Lapa. Desde o início, tivemos o privilégio da presença do Luiz no nosso dia a dia. Até que, em 2005, enquanto nos preparávamos para gravar o primeiro disco, ganhamos de presente 4 músicas dele. Uma delas foi “Eminência Negra”, que virou uma espécie de hino particular nos nossos primeiros anos, e teve a participação do Diogo Nogueira, registrando sua primeira gravação da carreira. Desde então sempre estivemos conectados. Até que, no fim da vida, ele nos presenteou com a música “O Galocantô”, uma de suas últimas composições. Hoje, cantar e homenagear Luiz Carlos da Vila é uma das razões de existir do Galocantô”, afirma Marcelo Correia, violonista do grupo.
Esta será o segundo trabalho do Galocantô celebrando Luiz Carlos. Em 2016, o grupo lançou o aclamado DVD “Galocantô canta Luiz Carlos da Vila”, que terá parte de seu repertório resgatado no novo espetáculo, além de versões que ficaram de fora na ocasião. Um dos convidados para a show, Moacyr Luz fala sobre a emoção de homenagear o amigo. “Durante muito tempo tive uma relação diária com o Luiz. A gente se identificava não só pela música, mas pela maneira de viver, pelos hábitos e espiritualidade. Quando recebi o convite para a homenagem, estas lembranças vieram à tona e, junto delas, a inspiração para compor em homenagem a ele. Fiz primeiro a letra, sozinho em um quarto de hotel, as palavras vinham de uma tristeza por não tê-lo mais comigo. Depois fiz a música, pensando no caminho melódico que ele percorria. E foi assim, tentando tirar de mim este vazio pela ausência dele, que nasceu a música”, revela , emocionado, Moacyr Luz.
O cantor e compositor Moyseis Marques, que já gravou “Profissão” e “Oitava Cor”, de Luiz Carlos, em seu primeiro e segundo álbum, respectivamente, conta a influência do sambista em sua obra e amadurecimento. ” Por também ser da Vila da Penha, aprendi com Luiz que era possível ser artista vindo de onde viemos. Desde antes de eu gravar meu primeiro disco, ele me puxou pelo braço e apresentou a boa parte do mundo do samba, criando laços fundamentais na minha carreira. Luiz uniu lirismo à boa malandragem como nenhum outro”.