Há alguns anos MC Guimê é o principal nome masculino do funk nacional. Com quase 10 milhões de seguidores no Facebook, ele é um dos brasileiros mais influentes na plataforma digital. No YouTube, não é diferente. Na rede de vídeos, o funkeiro soma mais de 320 milhões de visualizações. Seu atual single, Viva la vida, que conta com a participação dos amigos do Tropkillaz, lançado no fim de julho, fechou o mês de agosto com quase dois milhões de views.
Mas não é somente no funk que Guimê ostenta visualizações. Ele é figurinha carimbada em festas agropecuárias graças à sua participação na música Suíte 14, da dupla Henrique & Diego. O artista também conquistou uma grande parcela de fãs de pop music com seu penúltimo single, o dançante Não rouba minha brisa. Confira a seguir nosso bate-papo com Guimê.
SUCESSO! – Recentemente você lançou o single Não rouba minha brisa. Pode-se dizer que você virou a página e hoje não faz mais parte de um movimento calcado na ostentação?
Guimê – Na verdade o nome ostentação foi a mídia que criou por causa da necessidade de rotular a minha música. Mas eu não me preocupo com essas denominações. Minhas letras falam de superação, mostram que não só os ricos podem alcançar uma condição bacana e tudo mais. O pobre da periferia também pode, tem que acreditar e correr atrás. Partindo desse ponto de vista, a página nunca vai ser virada, vou sempre ostentar superação!
Não rouba minha brisa tem uma pegada totalmente pop. Acha que com essa música você está conseguindo conquistar um novo público – distante do funk?
Esse não foi o foco. Independente do estilo da música, eu procuro passar uma verdade, alguma coisa em que acredite ou esteja vivendo no momento. Tenho trabalhado bastante com o produtor Pedro Dash, que tem essa pegada mais pop, então a música partiu naturalmente para esse lado. Se conseguirmos alcançar novos públicos, vai ser excelente!
País do futebol, que foi tema de novela e cujo clipe contou com a participação do Neymar, foi o grande marco de sua carreira?
Sim, claro. A novela ajudou muito e o Neymar também tem um peso muito grande nisso tudo. Mas acredito que a galera se identifica com a música, tem o sonho do moleque da quebrada de ser jogador de futebol… A música trouxe isso pra perto deles, mostrando que é possível. Neymar, Emicida e eu somos exemplos de que é possível mudar de vida pra melhor. É só acreditar.
Você é um artista que até hoje lançou apenas singles. Por que optou por esse caminho?
Hoje em dia a internet é muito mais forte que em outras épocas. Hoje a pessoa que quer ouvir uma música, procura no YouTube. É mais democrático, não precisa de dinheiro pra chegar num determinado patamar artístico. Estou prestes a lançar meu primeiro CD físico Sou filho da lua, e farei isso somente para consolidar a carreira, sobretudo para promover meu trabalho junto aos contratantes. Porque o grande retorno e alcance vem mesmo da internet.
Muito se fala sobre a captação de patrocínio via Lei Rouanet. No ano passado você foi autorizado a correr atrás de patrocínio. Qual a importância desse incentivo na carreira de um artista já consolidado no cenário musical?
Na verdade, meu antigo escritório entrou com um projeto para levantar patrocínio, mas não demos continuidade no processo. Nada foi arrecadado por nós. Acho válida a ideia da lei, porém ela precisa ser muito mais criteriosa. Geralmente quem conhece os meandros da lei consegue aprovação mais rápida. Quem realmente precisa nem sempre é atendido. Muitos dos pedidos já aprovados foram para pessoas que tinham condições de fazer seus projetos com recursos próprios. Acho que a lei deveria apoiar todo o entorno do projeto, como espaços culturais, editoras independentes etc. Em resumo: apoiar profissionais que gerarão retorno para os artistas e tornarão a cultura mais próxima de quem realmente precisa.
Você conseguiu conquistar o público sertanejo com Suíte 14. Depois da explosão desse hit, passou a fazer shows em festas e feiras agropecuárias?
Sim, fazemos bastante feiras, inclusive temos o formato de banda pra justamente atender esse tipo de evento.
Aliás, quais são seus atuais formatos de shows?
Temos dois formatos – um deles é tipo DJ, destinado a espaços menores onde não é viável colocar a banda, e exige menos estrutura. Já com banda é um show mais longo, com tudo que tem direito, destinado a lugares maiores, como feiras e grandes casas de shows.