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Produtor Ivan Miyazato fala de seu trabalho

ivan miyazato

Produtor de sucesso, o sul mato-grossense Ivan Miyazato voltou em grande estilo ao mercado em 2018, após um tempo afastado do estúdio e das gravações, por conta de outros compromissos, entre eles uma incursão na área de management artístico. No ano passado, ao receber o convite de Wander Oliveira,  da WorkShow, para trabalhar com Zé Neto & Cristiano, Ivan não titubeou. Aceitou na hora. O álbum que ele assumiu, puxado pela faixa “Largado às Traças”, estourou em todo país e colocou a dupla na primeira fila do sertanejo nacional. “Este trabalho foi um divisor de águas na minha carreira. A partir dele, as produções voltaram e hoje estou com vários trabalhos em andamento”, afirma ele.

O profissional, que começou a carreira tocando num trio ao lado dos irmãos Teófilo e Michel Teló e depois passou a trabalhar como músico de estúdio, está entre os criadores do chamado movimento sertanejo universitário. Há exatos 10 anos, ele produziu o álbum de estreia de Luan Santana, “Tô de Cara”, que continha o mega sucesso “Meteoro”. Além de Luan, Ivan Miyazato já assinou trabalhos lançados por Gusttavo Lima, Maria Cecília e Rodolfo, Grupo Tradição, Fernando e Sorocaba e Munhoz e Mariano, dentre muitos outros. Entre 2005 e 2013, seu estúdio funcionou em Alphaville, na Grande São Paulo. Nessa volta, ele se fixou em Goiânia, na Varanda Produções, onde dá expediente ao lado do sócio Cláudio Abuchaim. O espaço hoje opera a todo vapor, inclusive sendo usado por profissionais parceiros. Só Miyazato produz no local a média de um álbum por mês.

Na entrevista a seguir, publicada na atual edição da revista Show Business + SUCESSO!, o produtor fala deste seu retorno, de detalhes envolvendo a gravação do EP e do DVD “Esquece o Mundo Lá Fora” (de Zé Neto & Cristiano) e diz que não trabalha só por dinheiro. “Não me empolgo quando sinto que o artista não sabe o que vai fazer adiante, quando não tem um planejamento de carreira”, afirma. Confira:

Show Business + SUCESSO! – Você está no time dos profissionais que ajudaram a criar o sertanejo universitário, que há mais de uma década lidera a execução em rádio e em shows no país. Imaginava que a modernização sonora do sertanejo teria tanta longevidade e traria tanto êxito a este segmento de mercado?
Ivan Miyazato – Na verdade, não só houve a modernização sonora, mas todo o mercado sertanejo evoluiu, se profissionalizou ainda mais. É possível observar isso em escritórios artísticos, promotores de eventos, espaços para shows e até entre os artistas – que se juntaram em gravações a representantes de outros estilos. Sempre acreditei na longevidade do gênero, mas esta profissionalização foi fundamental para que o sertanejo moderno ganhasse tanta força e importância.

Pode citar como exemplo  alguma produção de que participou no começo do movimento universitário, em que você sugeriu determinada mudança de batida ou de arranjo?
Um exemplo é o DVD “Luan Santana ao Vivo”, gravado em Campo Grande, em agosto de 2009. Fizemos um álbum com uma pegada mais moderna, mais pop em relação ao que era usado na época, e surtiu um grande efeito. Dali pra frente o Luan só evoluiu seu som.

Você imaginava que o Luan Santana iria tão longe quando produziu seu primeiro álbum (que tinha o hit “Meteoro”)? A propósito, por que a parceria com ele não continuou?
Na verdade, não imaginava que ele se tornaria tão rapidamente um fenômeno, mas a gente sentiu na época o crescimento meteórico do Luan.  Gravei três álbuns com o Luan. Nossa parceria não continuou porque o Luan é um artista que busca o novo sempre pra sua carreira, pra isso teve que mudar de produtor, o que na minha visão foi muito bom pra ele. Cada produtor tem sua própria característica.

Qual seu nível de relacionamento com outros profissionais da nova safra do sertanejo, como Dudu Borges, Blener Maycon e Eduardo Pepato?
Tenho ótimo relacionamento com o Pinócchio, a quem atribuo muito do que aprendi na minha carreira como músico e produtor musical. Foi a pessoa que abriu as portas do mercado para mim – sou muito grato a ele. Também me relaciono bem com o Dudu Borges, pois passamos muitas dificuldades juntos quando estávamos no início de nossas carreiras. Com outros produtores, não tenho muito relacionamento, mas respeito todos.

ivan e ze neto

Fale sobre a experiência de ter produzido recentemente o álbum que colocou Zé Neto & Cristiano no primeiro time do sertanejo.
O álbum de Zé Neto & Cristiano foi um divisor de águas na minha carreira. Por motivos pessoais, parei de produzir por um tempo, fiquei quase cinco anos ausente, e quando o Wander Oliveira (dono do escritório WorkShow) ficou sabendo que eu estava voltando, me convidou pra produzir o novo projeto do ZN&C, com o intuito de dar um novo passo na carreira dos meninos. Não os conhecia pessoalmente. A concepção do projeto levou um bom tempo. Selecionamos o repertório, fizemos vários testes com músicas, algo em torno de 50, e no meio do processo fizemos um pocket-show acústico para testar seis músicas na internet e sentir se estávamos no caminho certo. Uma das músicas era “Largado às Traças”, cuja repercussão positiva superou todas as expectativas, tornando o pocket um projeto oficial. Logo depois gravamos o projeto ao vivo em áudio e vídeo “Esquece o Mundo Lá Fora”, com 21 faixas, que foi um sucesso total. A parceria com a dupla deu tão certo que deveremos continuar trabalhando juntos em novos álbuns.

Qual o critério para você aceitar trabalhar com um artista, conhecido ou iniciante? Mais: fale sobre algumas produções em que está envolvido atualmente?
Não faço distinção entre nome pequeno ou grande. Mas pra executar uma produção, avalio se o artista tem um suporte pra dar continuidade em outras áreas como divulgação, gravadora, escritório artístico. A questão não é só financeira. Se eu perceber que o projeto tem mais chance de ser engavetado do que ir para o mercado, não aceito trabalhar. Após minha volta, tenho feito em média uma produção por mês. No momento, estão em fase de finalização ou sendo lançados álbuns ou singles de George Henrique & Rodrigo, Israel e Rodolfo, Felipe Ferraz, Matheus e Kauan, Junior Angelim e Netto & Henrique.

Houve um tempo em que você agenciou a carreira do cantor Rodrigo Marim? Ainda trabalha com management artístico?
Essa foi a fase da minha vida em que pensei em mudar os rumos profissionais e tentei ser empresário artístico, deixando de lado a produção musical. Foi uma ótima experiência, mas não obtive sucesso na área, motivo pelo qual voltei ao estúdio e às produções.

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