Escrita pelo jornalista e escritor italiano Pietro Scaramuzzo, acaba de chegar às livrarias a biografia oficial do cantor e compositor baiano Tom Zé. Intitulado “Tom Zé, o Último Tropicalista”, o livro (capa acima) chega ao mercado através do Sesc Edições.
Um artista, desde sempre, à frente de seu tempo — como mostra a história da música brasileira –, Tom Zé por vezes dependeu primeiramente de um olhar estrangeiro para a compreensão e apreciação de sua obra no Brasil. Radicado em São Paulo desde os anos 1960, quando acompanhou Caetano Veloso e fez parte do espetáculo “Arena Canta Bahia”, de Augusto Boal, Tom estava presente na gênese do movimento tropicalista e teve um início de carreira bem-sucedido com o LP “Grande Liquidação”.
Durante os anos 1970, Tom caía no ostracismo conforme seus álbuns se tornavam cada vez mais ambiciosos. Foi em meados dos anos 1980 que se deu a primeira intervenção estrangeira em sua trajetória: David Byrne, ex-líder dos Talking Heads, descobriu por acaso o álbum “Estudando o Samba” em uma de suas vindas ao Brasil e, durante os anos 1990 e 2000, se tornou uma peça fundamental na construção da carreira internacional do artista brasileiro.
Byrne, aliás, escreve no prefácio do livro: “Só ouvi o disco (citado acima) ao voltar a Nova York algumas semanas depois. Coloquei a agulha da vitrola na primeira faixa e minha cabeça explodiu. O que era aquilo? Aquela música parecia ter mais em comum com a cena avant-garde de Nova York do que com qualquer disco de MPB ou samba que eu ouvira antes. Naquele disco ouvi instrumentos musicais brasileiros próprios de estilos regionais e populares – cavaquinhos, acordeões e repiniques – usados como se todos os elementos desses gêneros populares fossem descontruídos, tivessem explodido, e as partes fossem rearranjadas por algum minimalista radical”.
Tom Zé, o último tropicalista é fruto de mais um olhar estrangeiro sobre sua obra. O crítico italiano, e entusiasta da MPB, Pietro Scaramuzzo foi o primeiro a escrever uma biografia oficial do cantor. Nada mais tropicalista então do que uma versão brasileira – com texto exclusivo de Tom Zé, depoimentos de Rita Lee, Arnaldo Antunes e Emicida na quarta capa e novos projeto gráfico, capa e cadernos de fotos – da biografia italiana do artista baiano. Rita afirma: “Tom Zé é, e continua sendo, o mais tropicalista de todos nós. Ouvir sua música é entrar num mundo paralelo que me faz sentir em casa. Tom é o suprassumo do gauche puro, belo e exótico”.
Pietro percorre as trajetórias de vida e obra de Tom Zé, desde seu nascimento em Irará, em 1936, analisando todos os seus álbuns até o lançamento de “Sem Você Não A”, de 2017. Além de cronologia, discografia e vasta quantidade de fotos do cantor, o livro conta ainda com um texto do próprio Tom.