Em 2015, Amado Batista chegou aos 40 anos de uma sólida carreira. Nessas quatro décadas, 30 discos foram gravados, que se converteram em mais de 35 milhões de cópias vendidas e um cardápio generoso de hits. A celebração dessa história acontece com o lançamento do “DVD Amado Batista – 40 anos”. Gravado em Brasília (DF), o trabalho conta com 20 canções, sendo 17 sucessos e três inéditas. Dando uma mostra da força de seu repertório, Amado decidiu apresentar, entre as regravações, canções não tão obvias. “Coloquei músicas que as pessoas costumam pedir durante os shows, mas que em geral não integram o setlist”, explica. Entre as faixas, estão “Borboletas” (1977), “Vitamina e Cura” (1986) e “Tá Com Raiva De Mim” (2000). Ele justifica a ausência de hits como “Princesa e O Fruto Do Nosso Amor” (Amor perfeito), alegando que já foram gravados em DVDs anteriores.
Uma das três inéditas é “A Pé Na Estrada”, de Amado e Vicente Dias, já gravada por nomes como Valderi & Mizael, Paixão & Paxá e Milionário & José Rico, entre outros, mas que nunca havia sido registrada por ele. Completam o grupo “Peão de Obra” e “Eu Sou Igualzinho A Você” – esta última, escolhida como primeiro single. “Ela foi composta por um amigo do Espírito Santo, o Elias Wagner, cadeirante desde criança. A letra conta a história de uma menina que se interessa por ele, mas acha estranho o fato do seu pretendente viver em uma cadeira de rodas. Então, ele explica que, na verdade, é igual a ela, tem o mesmo sentimento no coração”.
O próprio Elias Wagner participa da música, ao lado de Amado, tornando-se o único convidado no palco. As outras participações aparecem nos extras do DVD. “Como a gravação aconteceu no fim de semana, alguns convidados não puderam participar, mas aparecem dando depoimentos”.
Como um projeto especial, o DVD “Amado Batista – 40 anos” apresenta números à altura. Durante a gravação, o artista foi acompanhado por uma orquestra com 21 músicos. Ciente de que um show desse porte não pode ser comportado em qualquer espaço, Amado abre a possibilidade para espetáculos em diferentes formatos. “Na verdade, eu faço show em qualquer lugar. Normalmente, levo uma banda com sete músicos. Mas se algum contratante quiser o show do DVD e o local puder recebê-lo, a gente também faz”, explica.
DIVERSIDADE É O SEGREDO
Uma das marcas da discografia de Amado Batista é a variedade de ritmos. Enquanto a maior parte de suas músicas fala sobre amor, campo e a vida dos brasileiros de origem humilde, as influências vão além. Analisando sua produção de um mesmo período, é possível encontrar baladas, canções com batidas que lembram forró, outras influenciadas pelo sertanejo e até o rock feito no Brasil na época da Jovem Guarda. “Uma salada musical. A intenção sempre foi tentar manter minha origem, mas sem deixar de acrescentar elementos dos gêneros em evidência em cada época em que estou gravando”, avalia.
Amado faz questão de ressaltar que a opção por diversificar seu som sempre partiu dele mesmo. O cantor afirma que nunca tolerou pressão para gravar determinada música ou estilo. “Sempre fui livre”, reforça. E ele nem precisou ficar famoso para exigir essa liberdade. Amado lembra que, antes de iniciar carreira na música, era dono de uma loja de discos. Foi aí que surgiu o convite para realizar a primeira gravação. “Aquele trabalho acabou me aproximando das gravadoras, já que eu lidava com representantes de todas elas. Um dia, conheci o dono da discográfica Chororó e ele me convidou para gravar. Eu falei: ‘mas você vai me deixar gravar como eu quiser? Se for assim, aceito’”.
É importante destacar que estamos falando de um artista que, durante os primeiros anos de carreira, vivia à parte da programação das FMs. Só a partir da segunda metade dos anos 80 o “Dial FM” passou a dar espaço para os artistas que faziam sucesso com o estilo romântico popular. “Tinha um baita preconceito. Algumas pessoas falavam que, por ser popular, a música não era boa. Só que esse tipo de avaliação dependia muito de quem estava sendo avaliado. Por exemplo, o Chacrinha era super popular e ninguém tinha coragem de chamá-lo de brega, como acontecia com alguns cantores”, questiona. “Só que não tenho raiva de ninguém. Aos poucos, o mercado e a mídia passaram a perceber que esses rótulos eram insignificantes”.