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Elba Ramalho: Fôlego de gata!

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Com a proximidade dos festejos juninos, a agenda da paraibana Elba Ramalho logo fica ocupada. Afinal ela é estrela-mor em se tratando deste tipo de comemoração, tradicionalíssimo em cidades nordestinas, mas também muito presente em outras regiões do país. Mas Elba Ramalho há muito tempo transcendeu a linha que separa os artistas regionais dos mainstream. Com 37 anos de carreira como cantora profissional (além dos seis em que atuou em bandas e no teatro), quase 40 álbuns lançados (incluindo DVDs) e mais de 11 milhões de cópias vendidas, Elba ocupa posto de destaque entre as intérpretes do nosso país. Entre os vários prêmios recebidos ao longo da trajetória, destacam-se os dois gramofones dourados do Latin GRAMMY pelos álbuns “Qual o Assunto Que Mais Lhe Interessa” (lançado em 2008) e “Balaio de Amor” (2009), ambos na categoria Melhor Álbum de Raízes Brasileiras.

Incansável, Elba não para. Recentemente, colocou no mercado, via Coqueiro Verde, o registro em DVD do aclamado show “Cordas, Gonzaga e Afins”, que ela estreou no final de 2014. “O espetáculo é muito teatral e o roteiro tem a intenção de nascer no sertão e chegar até o mar”, diz ela. “E tem Gonzaga, uma fonte que nunca seca”. Na entrevista a seguir, a cantora fala um pouco deste projeto, dos formatos de shows com os quais está em turnê, do convite para participar da edição número 50 do Festival de Jazz de Montreux (Suiça) e da homenagem que receberá da escola de samba Tom Maior no carnaval paulistano de 2017.

SUCESSO! – Você tem viajado com o show Cordas, Gonzaga e afins, um espetáculo que reúne música, textos e estética regional. Fale sobre este show e sobre a importância que Gonzaga tem no seu trabalho.

ELBA RAMALHO – O espetáculo “Cordas, Gonzaga e Afins” foi selecionado pelo projeto Natura Musical entre mais de 4.000 inscritos. Muitos o definem como uma “ópera nordestina”, mas o conceito é “quanto mais regional, mais universal”. Portanto, junto de Luiz Gonzaga, eu trago Chico Buarque, Alceu Valença, Lenine, Chico César, Geraldo Azevedo, Dominguinhos e Gonzaguinha, entre outros. O espetáculo é muito teatral e o roteiro tem a intenção de nascer no sertão e chegar até o mar. Gonzaga é uma fonte que nunca seca. Já gravei dois CDs e um DVD reverenciando o grande mestre. Luiz Gonzaga não é só importante para o meu trabalho, ele é importante para o Brasil. Está no mesmo patamar de Heitor Villa Lobos, Tom Jobim e Dorival Caymmi, entre outros mestres.

Como foi a experiência de trabalhar com Marcelo Jeneci no projeto “Cordas, Gonzaga e Afins”. Concorda com os críticos que o consideram um dos grandes nomes da MPB atual?

O Marcelo é uma usina de criatividade e um músico virtuoso. No meu disco “Do Meu Olhar Pra Fora”, lançado no início de 2015, o Marcelo já havia participado como músico e como arranjador de uma das faixas. Foi bastante natural convidá-lo para participar também do projeto sobre Gonzaga. Acabamos gravando em dueto uma composição inédita cujo título é “Gravitacional”. Jeneci vem trilhando um caminho brilhante e já é destaque na MPB atual.

No momento, além deste espetáculo, você – que costuma oferecer ao público e contratantes várias opções de apresentações – tem viajado com outros formatos de shows?

Sim. Tenho diversos formatos em função da própria abrangência do meu trabalho. Nos shows de Carnaval e São João viajo com bailarinos e uma equipe bem numerosa. São três formações diferentes, que acabam variando em função das características do público e do local do show.

Como de praxe, se apresentará este ano nas principais cidades que promovem os festejos de São João? 

A agenda ainda está sendo finalizada, mas certamente estarei nas principais festas juninas de todo o país, começando por Caruaru, no dia 4 de junho. A cada ano, preparo um novo show para o São João. Inclusive, em julho vamos levar este espetáculo temático para a Europa – Itália e Portugal.

Você acaba de emplacar a música “Encarnação” na trilha da novela “Velho Chico” (Globo). Fale a respeito.

Eu já tive 34 músicas em trilhas de novelas. Sempre é motivo de felicidade e de reconhecimento. Tenho também uma canção, “Distante D’ocê”, como tema da novela das seis, “Êta Mundo Bão”. No caso de “Velho Chico”, adorei o convite, mas recebo com naturalidade, pois sei que minha voz é eficiente para embalar os enredos e ajudar a contar histórias. A faixa “Encarnação” é uma composição do Tim Rescala, foi ele que me ligou fazendo o convite. É uma música muito dramática em função da densidade da personagem à qual ela está associada, Dona Encarnação (interpretada por Selma Egrei).

Recentemente você se apresentou em Curitiba com a Orquestra Sinfônica Arte Viva, misturando o clássico com o regional e a MPB. Fale sobre esta experiência.

Faço muitas apresentações com orquestras. Depois de Curitiba, fiz três dias com lotação esgotada no Palácio das Artes (Belo Horizonte), com a Orquestra Sinfônica Pop de Minas Gerais. É um luxo! No projeto “Cordas, Gonzaga e Afins”, tentei passar a grandiosidade das cordas e dos sopros, com 18 músicos em cena. Agora, imagine cantar com 90 músicos. É uma responsabilidade muito grande, mas um grande prazer também. As músicas ganham força diante da grandiosidade de uma orquestra. Estou ficando mal-acostumada com estes espetáculos tão imponentes (rs).

Um de seus últimos singles é “Frevo, Paixão e Zueira”, lançado no carnaval deste ano. Qual sua relação com este gênero regional que por vezes (como no caso de “Banho de Cheiro”) alcança todo o país?

Já ouvi alguém dizer que “Banho de Cheiro”, na época do lançamento, foi o primeiro frevo a quebrar as barreiras das rádios FM e se tornar um grande sucesso em todo o Brasil. Já gravei mais de 30 frevos ao longo de minha carreira e me identifico plenamente com os ritmos tipicamente brasileiros. Frevo, forró, xote e maracatu fazem parte da minha vida.

O que achou do convite para participar da edição nº 50 do badalado Festival de Jazz de Montreux? Como deve ser a apresentação?

Já participei do Festival de Montreux em seis ocasiões, cheguei a fazer alguns registros que foram utilizados em discos ao vivo. Nesta edição, além da comemoração dos 50 anos, vai ser feita uma homenagem ao Claude Nobes, fundador do festival. Ele sempre me recebeu muito bem e vai ser uma honra participar deste evento ao lado de outros brasileiros – Ana Carolina, João Bosco, Hamilton de Holanda, Ivan Lins, Maria Rita, Martinho da Vila e Vanessa da Mata

A Tom Maior, escola de samba de São Paulo que neste ano homenageou Milton Nascimento, vai contar sua história no carnaval de 2017. Fale a respeito.

Recebi o convite com muito carinho. É um gesto muito bonito por parte da escola e me sinto muito honrada. O carnavalesco da Tom Maior (Cláudio Cebola) será o responsável pela criação do enredo intitulado “Elba Ramalho canta em oração o folclore do Nordeste”. Se ele precisar da minha colaboração, estarei à disposição. Gostei muito do planejamento inicial que ele me mostrou.

Por conta da homenagem da escola, pretende alterar sua agenda de shows no carnaval do ano que vem?

Sim, vou alterar só um pouquinho. A Tom Maior vai ser a primeira escola a se apresentar na sexta-feira e certamente no sábado já estarei cumprindo a minha agenda de shows no carnaval.

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