Os anos 80 foram a mais efervescente época do rock brasileiro. São Paulo foi uma das capitais onde encontrávamos muitas bandas nascendo e, logo em seguida, fazendo sucesso. Kid Vinil participou ativamente da trajetória deste ritmo desde então até nossos dias. No início daquela década ele, como vocalista, formou a banda Verminose, juntamente com Lu Stopa (baixo), Trinkão (bateria) e Ted Gaz (guitarra). Foram contratados pela Warner para gravar um disco e tiveram seu nome mudado para Magazine. A banda logo alcançou sucesso com os hits “Tic Tic Nervoso” e “Sou Boy”. E fez shows por todo o Brasil para plateias entusiasmadas pelo seu rock irreverente. Quando o Magazine chegou ao fim, Kid gravou um LP, “Kid Vinil e os heróis do Brasil”, lançado em 1986 pelo selo 3M e o disco “Kid Vinil”, pela RGE.
Tendo uma postura sempre alternativa e independente, Kid mescla seu talento ecleticamente como cantor, jornalista, compositor, promotor de shows e radialista. No período de 1989 a 1993 foi o apresentador do programa “Som Pop”, na TV Cultura. Nesta sua fase televisiva iniciou-se como VJ na MTV, apresentando vídeos de bandas underground. Em 2000 voltou com o Magazine e foi convidado pela Trama, dois anos mais tarde, a lançar um novo um disco da banda, chamado “Na Honestidade”.
Sobre uma nova volta do Magazine, ele conta: “estamos nos reunindo novamente. Fizemos um especial para o ‘Video Show’. Estamos nos encontrando em ensaios contínuos e ainda neste ano soltaremos um novo disco”. E neste período entre o último disco do Magazine e os dias atuais, ele fala de suas múltiplas experiências, como a banda que formou em 2005, a Kid Vinil Experience: “gravamos um CD, ‘Time Was’, em 2010, e o ‘DVD Vinil Ao Vivo’, recebido pelo mercado em 2013. Neles apresento todos os sucessos que alcancei em todas as formações das quais participei”, relata.
“Durante todos esses anos, além de atuar nas rádios Brasil 2000 e, atualmente, na 89 FM, venho me apresentando em shows. A maior parte deles são revivals dos anos 80. Nos reunimos em bandas variadas. Eu, o Kiko Zambianchi, o Ritchie, o Paulo Ricardo, o Nasi, o Maurício Gasperini etc. Depende do time que o contratante quiser para sua festa. Os shows são vendidos e produzidos pela Marcca Produções, minha agência”, explica.
Sobre a situação atual do rock, em que dezenas de bandas surgem e não alcançam a visibilidade de outros gêneros, ele apresenta sua visão: “hoje já não existe tanto espaço como havia antes para a o rock. Falta a crítica abraçar estes artistas novos. Ao mesmo tempo, falta uma engrenagem que funcione na produção e organização de mais eventos para bandas independentes e alternativas. As exceções são aquelas que surgem de festivais televisivos como o ‘Superstar’, da Globo. Foi o que aconteceu com Malta, Suricato e Jamz, que hoje são nacionalmente conhecidas. Quando tínhamos a MTV em canal aberto, havia uma comunicação intensa entre a garotada e o canal. A geração MTV ampliava a força de seus ídolos. Agora a cabo, ela não tem a mesma força e os novos artistas se ressentem desta falta de exposição”.
Kid e a Literatura
A versatilidade de Kid Vinil levou-o a escrever o “Almanaque do Rock”, lançado pela Ediouro, que mostra o ritmo desde os anos 50 até os tempos atuais. “Procurei retratar todas as fases do rock e suas nuances”, completa. Em 2015 o guitarrista Duca Belintani, que muitas vezes tocou com Kid e que colecionava tudo dele, resolveu escrever uma biografia sobre seu amigo, lançada pela Editora Ideal. “Um livro com histórias verídicas, passagens interessantes e sem polêmicas”, resume Kid.