Aos 78 anos, um dos principais nomes do sertanejo, Sérgio Reis está lançando sua biografia. Escrita pelo jornalista Murilo Carvalho (que durante 25 anos trabalhou com o artista no programa “Siga Bem Caminhoneiro”), “Sérgio Reis, Uma Vida, Um Talento” descreve as várias fases da vida do biografado, no campo pessoal, empresarial, político e, claro, artístico.
Narra desde a história de seus avós paternos, que migraram da pequena vila italiana onde viveu o autor do clássico infantil “Pinocchio”, até a homenagem recente que recebeu na aldeia Ki-Kre-Tum, uma reserva caiapó do Pará. Passa pelo envolvimento de Sérgio com a Jovem Guarda, a adolescência a bordo de uma vespa, a devoção a São Judas Tadeu, a viagem a barco pelo norte do Brasil, em 1968, a famosa participação ao lado de Almir Sater na novela O Rei do Gado, como a dupla Pirilampo e Saracura — e em outras tantas novelas juntos, em leal parceria —, a amizade sincera com Renato Teixeira e o acidente vascular cerebral que teve em pleno voo, em 2002.
Ao mesmo tempo, o livro compõe uma saborosa viagem pelo cenário cultural de diferentes épocas do Brasil. Relembra a época áurea de cinemas paulistas como Marabá, Ipiranga e Marrocos, nos quais se exigia até dos adolescentes que usassem terno e gravata. Passa pela Jovem Guarda, pela Tropicália, pelos programas de calouro, pela era dos festivais, pelo BRock dos anos 80. Explica por que a viola é muito mais do que o símbolo da música do interior. E ainda traz à tona episódios marcantes do cancioneiro popular, envolvendo nomes como Orlando Silva, Pixinguinha, Teddy Vieira e João Pacífico.
Sérgio Reis — que, na verdade, se chama Sérgio Bavini, mas que atende também pelo apelido de Serjão — buscou desde cedo um estilo diferente de cantar. Queria fazer sua arte sem os grandes arroubos dos nomes que faziam sucesso nas rádios, como Francisco Alves, mas também não desejava cantar com o estilo suave e quase jazzístico de Orlando Silva. A busca por uma marca própria norteou sua vida, levando-o a experimentar diversas vertentes artísticas. A biografia do artista mostra como foi o contato com a potência e a diversidade do país que levaram Serjão a encontrar seu caminho. “Desde cedo, o Brasil representou pra mim uma aventura que precisava ser descoberta”, afirma, em entrevista para o autor do livro.
Sérgio Reis: Uma vida, um talento traz, ainda, inúmeras fotos de época, além da discografia completa do cantor. Suas páginas revelam não apenas causos e fatos que despertam a curiosidade de amantes da música caipira, mas também compõem um retrato abrangente e sensível da exuberância que tem marcado a música popular no Brasil. Lançada pelo Grupo Editorial Zit, a obra tem 256 páginas e está à venda nas livrarias e na loja virtual Fokaki.