Já faz um bom tempo que Alok Petrillo é o principal nome da cena eletrônica brasileira. DJ e produtor, ele ganhou popularidade fora do ambiente da e-music ao fazer parceria com a AudioMix e passar a tocar nos festivais Villa Mix, organizados pela empresa. Chegou a ser criticado por colegas do meio e pelo público, por abrir “demais” o leque, mas tirou de letra. “Tem um momento em que não dá para ficar se preocupando com essas questões diante de tanta gente que gosta do nosso trabalho. Você aprende a filtrar as coisas com o tempo”, afirma o goiano de 25 anos, que cresceu em Brasília em meio a uma família que organizava eventos eletrônicos. Recém-chegado de mais uma tour internacional, que passou pelos Estados Unidos, Canadá, Suécia, Alemanha e Chipre, Alok vem desfrutando o prestígio alcançado no exterior por conta de seus sets animados e de suas produções de sucesso.
Uma das mais recentes, Never let me go, que conta com a participação de Zeeba e Bruno Martini, reflete esse espírito cigano do DJ. “A história por trás da música aconteceu durante uma tour na China. Estava há muito tempo longe de casa. Na verdade, a gente enche as casas do mundo todo enquanto as nossas ficam vazias… Aí me dei conta de que isso tudo faz sentido e que as pessoas presentes num set fazem cada segundo daquela experiência valer a pena. Essa energia faz com que eu me mantenha na estrada, como diz a letra da música”, explica ele, atual 25º colocado no ranking dos melhores DJs do mundo, segundo a prestigiada revista britânica DJ Mag.
Sobre o êxito da faixa, recordista em execução nos serviços de streaming e presente nas pistas em vários países, ele comenta: “é um pouco surreal, mas acredito que tudo que eu esteja vivenciando no meio eletrônico seja a consequência do sucesso desta e de outras faixas minhas que explodiram, como a parceria anterior com Zeeba e Bruno, Hear me now”, afirma. “As músicas que marcam buscam formatos diferentes, arriscam algo, acreditam em uma tendência antes que ela se fortaleça como tal. Assim, tem destaque por mais tempo. Você é lembrado por ter feito algo único em termos sonoros e de timbragem. E Hear me now tem essa característica”, completa ele, primeiro brasileiro a alcançar 100 milhões de audições no Spotify (com esta faixa).
SEM O PÉ NO CHÃO
Alok é daqueles artistas que definitivamente fazem o público tirar o pé do chão. Nos dias 1º e 2 de julho, ele sacudiu o estacionamento do Estádio Serra Dourada, em Goiânia, tocando para cerca de 50 mil pessoas em cada uma das datas, na principal edição do Villa Mix Festival. Recentemente, já tinha feito o mesmo no estádio Allianz Parque, na abertura do Campeonato Brasileiro de Futebol e em outros grandes espaços abertos, onde ele mais tem tocado no Brasil. E quem pensa que o DJ prioriza nos seus sets megahits da emusic internacional, se engana. Ele se garante (e como) com suas próprias produções. “Claro que sempre insiro grandes hits remixados, mas o repertório principal é montado em cima das minhas produções”, avisa, acrescentando que costuma alterar o setlist de acordo com o evento. “Me adapto à situação. Existem eventos em que o público prefere um som mais ‘comercial’. Opto então por músicas com sonoridades com as quais este público se identifique – sem perder a minha identidade. Quando a festa é genuinamente eletrônica, mudo a chave. Por exemplo, o set da XXXperience obviamente nunca será o mesmo do Villa Mix Festival”.
A propósito, Alok credita à parceria com a AudioMix uma boa cota do ótimo momento que está vivendo. “A AudioMix faz parte de uma grande revolução na minha carreira e tem papel essencial na popularização da música eletrônica no país. A inserção do gênero no festival da empresa é uma grande conquista, tornando este gênero muito maior do que ele sempre foi. O Marquinhos (Araújo, dono da empresa) é um visionário e excelente profissional. Foi dele a ideia de incluir a emusic nos negócios da AudioMix”, afirma. Em paralelo, o DJ concorda que o estilo que ele representa também está se popularizando no país por conta de outros fatores, como os serviços de streaming, as redes sociais e o número considerável de profissionais competentes e talentosos atuando na cena.
NO EXTERIOR
Assim que participou do Villa Mix Festival na capital goiana, Alok voou para mais uma tour internacional. Entre julho e o início de agosto, estará em nove diferentes países da Europa – França, Bélgica, Lituânia, Croácia, Espanha, Estônia, Finlândia, Holanda e Reino Unido –, integrando o line-up de eventos concorridos. O mais importante deles é a edição belga do Tomorrowland Festival, considerado o principal evento de música eletrônica do mundo. O festival aconteceu em julho em Boom, e Alok tocou nos dias 21, 22 e 29.
Ele fala de seu trabalho no exterior: “quero continuar com foco na internacionalização da minha marca. Quero ter reconhecimento internacional. Nós, brasileiros, temos uma carência de sermos valorizados lá fora. Eu me encho de orgulho ao ver esportistas brasileiros fazendo sucesso no exterior. Manter uma carreira no Brasil é difícil. Eu quero que sintam saudade de mim, não quero me saturar no mercado nacional. Por isso estou muito satisfeito com a carreira lá fora, mas sei que posso fazer ainda mais e isso me motiva muito”, afirma, emendando com orgulho: “dos lugares onde ando me apresentando com frequência, a China é um caso especial. A performance de Hear me now por lá foi impressionante, alavancou muito meu nome no país. Mas felizmente o trabalho está sendo bem aceito em todos os países”, reafirma. No começo de junho, Alok esteve em Verona, Itália, participando do Wind Music Awards, importante evento de premiação da indústria fonográfica. Alok, Zeeba e Bruno Martini receberam o Disco de Platina pelo megahit Hear me now, que alcançou quase 300 milhões fluxos entre downloads e streaming combinados pelas plataformas desde o lançamento, no final de 2016. E depois deste hit e de Never let me go, o DJ e produtor lançou em junho um novo single, que também caminha muito bem nas plataformas digitais. Love is a temple, com participação do israelense IRO, será a canção tema da campanha da Budweiser no Tomorrowland. Recentemente, o DJ foi convidado por Mick Jagger para remixar a nova música Gotta Get A Grip, e estreou o single Suave, parceria com Matheus & Kauan.
Em tempo: quando não está no estúdio ou nos palcos, Alok não se limita a ouvir apenas música eletrônica. Segundo ele, suas listas nos serviços de streaming incluem álbuns de artistas como os rappers Drake, French Montana e Kendrick Lamar e o cantor de r&b The Weeknd.