2017 foi um ano emblemático para o grupo Rastapé. Embora o quarteto de forró tenha lançado oficialmente seus primeiros trabalhos em 2000 (o disco de carreira “Fale Comigo” e uma participação na coletânea “O som do forró – Com baião de 4”, ambos pela Deckdisc), a banda começou a se destacar na noite paulistana um pouco antes, em 1999. O que significa dizer que atingiu a “maioridade” no ano passado. Justamente num momento em que o gênero pareceu ressurgir na mídia, colaborando para que o quarteto reaparecesse com força nos palcos e nas rádios.
Uma parceria firmada ainda no final de 2016 foi o pontapé inicial para esta guinada na trajetória do quarteto formado pelo sanfoneiro Seu Jorge e seus filhos Jorge Filho (vocalista), Tico (guitarra e violão) e Maza (zabumba). O grupo assinou contrato com a Olho Vivo Produções, do empresário José Renato, um dos responsáveis pelo boom do forró universitário no início dos anos 2000. Segundo Jorge Filho, a agenda de shows da banda nunca esteve vazia, mas já era hora do Rastapé voltar à mídia: “O trabalho da Olho Vivo foi muito importante neste sentido. O Rastapé nunca parou, graças ao nosso público fiel. Mas desde o ano passado temos aparecido com muito mais força no rádio e na TV. Também nos aproximamos mais da internet. Hoje temos uma visibilidade muito maior, sem dúvida”, explica.
Embora não tenha lançado material inédito em 2017, o Rastapé divulgou, nos últimos meses, alguns singles mais antigos, como por exemplo “Olhos de Mel” (do álbum “Até o Dia Clarear”, de 2002), faixa que entrou com força nas rádios do Nordeste e interior de São Paulo e Minas. “É uma música muito bonita, que valia a pena resgatar. Também relançamos canções com participações de grandes nomes de nossa música, como Zé Ramalho, Fafá de Belém e Gonzagão”, conta o vocalista. Com a divulgação destas faixas nas rádios, redes sociais e em apresentações do quarteto em importantes programas de TV, os pedidos de shows cresceram bastante. A banda tem feito, em média, dez apresentações por mês. Número que sobe consideravelmente nos meses de junho e julho, durante a época de São João, especialmente no Nordeste.
Para o empresáro Zé Renato, além de boas estratégias de divulgação, o próprio reaquecimento do mercado favoreceu o grupo. “Após mais de dez anos adormecido, o forró universitário renasceu. O público universitário voltou a consumir o gênero, não só em São Paulo, mas também em Minas e outros estados. Novos representantes do forró, como Mestrinho e Ceceu Valença, cresceram bastante. Nunca tivemos tantas bandas novas surgindo e até alguns artistas que haviam migrado para outras cenas, como Mariana Aydar, estão retornando ao gênero. Vários festivais apareceram. É de fato um momento muito inspirador para todos nós”, analisa.
Jorge Filho concorda com o empresário, mas ressalta que o forró sempre teve um lugar de destaque no coração do povo brasileiro. “Eu realmente me sinto privilegiado por tocar e cantar forró. Estando ou não em alta, é uma música que tem um público fiel e muito carinhoso. Essa relação muito forte do Rastapé com os fãs foi o que nos moveu em todos esses anos”, diz. Relação que cruzou fronteiras em 2017. No mês de outubro, o grupo se apresentou, pela primeira vez, na China. Foram três espetáculos em Macau, durante o Festival da Lusofonia, evento que contou com artistas de inúmeros países de língua portuguesa.
ÁLBUM NOVO
Depois de cinco anos sem gravar material inédito, o próximo passo da banda, logicamente, é lançar um novo trabalho. As gravações inclusive já tiveram início, com direito a um produtor surpreendente: Tato, vocalista da Falamansa. “Além dele já ter produzido muita gente boa, sempre admiramos o trabalho e a história da Falamansa. Nunca houve rivalidade entre nós, pelo contrário. Por isso, quando ele nos convidou pra usarmos o estúdio dele, durante uma conversa despretensiosa sobre nossa vontade de voltar a gravar, aceitamos na hora. Tínhamos certeza que estaríamos em boas mãos”, revela Jorge. À princípio, a ideia era registrar três ou quatro canções. Logo após as primeiras sessões, no entanto, banda e produtor perceberam que havia muito material de qualidade para caber somente num EP. “Logo nos sentimos em casa com o Tato e a parceria fluiu tão bem que decidimos gravar um trabalho completo, com várias composições novas”, completa o vocalista.
Quatro faixas inéditas, incluindo composições do vocalista do Rastapé e parcerias dele com a banda e o próprio Tato, já foram finalizadas. Algumas canções inéditas de outros autores também entrarão no repertório. O primeiro single, “Olha Aí”, foi lançado no início deste mês de abril, e você consegue conferir clicando AQUI. O disco terá participações especiais de Mestrinho e Fabio Brazza. E deve surpreender muita gente, segundo Jorge: “O trabalho é todo cercado de muito entusiasmo. Da banda, do Tato, do escritório… E trará um lance novo em relação aos discos anteriores. As letras estão bem atuais, as músicas com uma roupagem um pouquinho diferente, tudo mergulhado numa linguagem mais moderna do forró. Muito graças à sensibilidade do Tato. Não vemos a hora de mostrar essas canções aos fãs e cair na estrada com o repertório novo. Afinal, isso é o que a gente mais gosta de fazer”.